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Infectologia30 julho 2022

AIDS 2022: OMS atualiza guidelines da profilaxia pré-exposição

O primeiro dia da 24th International AIDS Conference (AIDS 2022), ontem (29), contou com apresentações de membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) e mostrou as principais atualizações dos guidelines a serem lançados esse ano.

O primeiro dia da 24th International AIDS Conference (AIDS 2022), nesta sexta-feira (29), contou com apresentações de membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) e mostrou as principais atualizações dos guidelines a serem lançados este ano.

Entre os temas revistos, as indicações de PrEP ganharam destaque. Veja agora as principais mudanças.

 

PrEP de longa duração agora é recomendada oficialmente

Cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA) foi incluído como uma opção adicional para prevenção em pessoas com risco substancial de infecção pelo HIV, como parte das estratégias combinadas de prevenção. O uso de CAB-LA aparece como recomendação condicional e como certeza de evidência moderada.

A nova recomendação foi baseada nos resultados de dois grandes ensaios clínicos randomizados conduzidos em homens que fazem sexo com homens e mulheres transgênero, e em mulheres cisgênero (HPTN 083 e HPTN 084, respectivamente). Em ambos, o CAB-LA mostrou-se altamente eficaz na prevenção de novas infecções pelo HIV, com redução no risco relativo de 79%, variando de 66% no HPTN 083 a 88% no HPTN 084.

O esquema de CAB-LA também apresentou maiores taxas de adesão quando comparado com o esquema oral tradicional de FTC/TDF. Adesão é essencial para a eficácia das modalidades de PrEP, sendo uma das principais causas de falha nos ensaios clínicos realizados até o momento.

Interessante notar, entretanto, que, no HPTN 083, a adesão tanto ao CAB-LA quanto ao FTC/TDF caiu ao longo do primeiro ano de seguimento após a retirada do cegamento do estudo. Esse fato demonstra que o reforço de adesão deve ser uma orientação permanente nos cuidados de pessoas em uso de PrEP.

Até o momento, a Food and Drug Administration (FDA) recomenda testes moleculares antes do início e a cada 2 meses em indivíduos que utilizam CAB-LA como PrEP. Em seu guideline, a OMS considera que a realização desse tipo de teste não é mandatória e os países devem seguir os algoritmos de diagnóstico de HIV já vigentes.

Apesar da incorporação do CAB-LA no guideline da OMS, ainda existem áreas de incerteza a serem exploradas, como ausência de dados da vida real e de populações específicas e poucos dados em relação à resistência, a eventos adversos em gestantes e lactantes e à interação com hormônios sexuais. Dados iniciais sugerem que não há interação importante entre CAB e hormonioterapia e a segurança em gestantes e lactantes está sendo avaliada no seguimento das participantes do HPTN 084.

Outro ponto importante é ralação custo-efetividade. Uma revisão realizada pela OMS – com 7 estudos publicados e 4 com resultados preliminares ainda não publicados – mostrou resultados conflitantes. Nos modelos utilizados, a relação custo-efetividade variou muito em diferentes cenários, com custo sendo um dos principais fatores.

 

PrEP oral: ampliação de indicações e simplificação do monitoramento

O uso de PrEP oral, com FTC/TDF, vem crescendo mundialmente, mas o número de pessoas utilizando essa estratégia ainda está bem distante dos alvos estabelecidos para 2025. Entre as atualizações do guideline está a retirada de infecção por HBV como contraindicação a FTC/TDF.

Serviços de PrEP podem fornecer uma oportunidade única para investigar múltiplos problemas de saúde, incluindo infecções por HBV e HCV. A OMS recomenda que usuários de PrEP devem ser testados para HBsAg pelo menos uma vez, no início da PrEP ou dentro de 3 meses. Para HCV, testagem diagnóstica é recomendada no início ou nos primeiros 3 meses de PrEP e anualmente após isso.

Importante destacar que infecções por HBV ou HCV não são contraindicações para PrEP oral e que FTC/TDF pode ser iniciado antes dos resultados de testes diagnósticos e que esses não são necessários para administração do medicamento.

Outra mudança é no monitoramento da função renal. Para indivíduos sem comorbidades, com até 49 anos e com TFG > 90, monitorar a função renal tornou-se opcional, uma vez que o risco de desenvolvimento de disfunção renal é considerado como muito baixo. Para os com comorbidades ou com 50 anos ou mais, recomenda-se avaliação inicial da função renal nos primeiros 3 meses após início da PrEP e a cada 6 a 12 meses se TFG < 90 mL/min.

Por fim, a OMS coloca os auto-testes para HIV como opção complementar para o monitoramento de pessoas em uso de PrEP, podendo resultar em menos visitas aos serviços e ser preferido pelos usuários pela conveniência e privacidade.

 

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IAS 2022: TAF é tão bom quanto TDF em pacientes com coinfecção HIV/HBV?
IAS 2022: novidades dos guidelines da OMS – meningite criptocócica
IAS 2022: doxiciclina como profilaxia pós-exposição de IST
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