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Infectologia13 junho 2023

Fostemsavir é uma opção para pacientes com infecção por HIV-1 multirresistente

Estudo em pacientes com infecção por HIV-1 multirresistente, que não possuíam outra opção terapêutica viável, analisou 48 semanas do uso de fostemsavir.

Apesar de a terapia antirretroviral ter alterado a história natural da infecção pelo vírus HIV, o desenvolvimento de mutações de resistência é um fator que pode limitar as opções terapêuticas de alguns indivíduos.

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Nesse sentido, tem-se buscado por novas classes de antirretrovirais que possam ser usados como terapia de resgate. O fostemsavir é um inibidor de fusão que se liga diretamente à glicoproteína 120 (gp120) localizada no envelope viral, impedindo a mudança conformacional necessária para sua interação com os receptores de superfície das células CD4. Essa molécula não apresenta resistência cruzada com outras classes de antirretrovirais e apresenta um perfil favorável de eventos adversos, sendo com isso uma opção promissora.

O estudo BRIGHTE apresenta os resultados da análise de 48 semanas do uso de fostemsavir em pacientes com infecção por HIV-1 multirresistente.

Fostemsavir é uma opção para pacientes com infecção por HIV-1 multirresistente

Materiais e métodos

O estudo incluiu indivíduos adultos com infecção pelo vírus HIV-1, com falha ao tratamento antirretroviral atual (definida como uma carga viral ≥ 440 cópias/ml) e que não possuíam outra opção terapêutica viável.

O ensaio clínico foi conduzido em 23 países e contou com duas coortes. A primeira coorte era composta pelos indivíduos que tinham uma ou duas opões de classes de antirretrovirais totalmente ativas. Esses indivíduos foram randomizados para receber fostemsavir ou placebo junto com o esquema antirretroviral que usavam dos dias 1 a 8. Após o dia 8, todos os participantes passaram a receber fostemsavir com terapia antirretroviral otimizada guiada por genotipagem. A segunda coorte foi composta por indivíduos sem opções terapêuticas e receberam fostemsavir junto com esquema antirretroviral otimizado desde o dia 1.

Todos os desfechos foram avaliados na primeira coorte (coorte randomizada). O desfecho primário foi a mudança na mediana nos níveis de carga viral dos dias 1 a 8. Os desfechos secundários foram a porcentagem de pacientes com redução de carga viral de mais de 0,5 log10 e 1,0 log10 cópias/mL no dia 8, resposta virológica nas semanas 24, 48 e 96, mediana de alteração na contagem de células T-CD4 na semana 96, desenvolvimento de resistência ao temsavir nos que apresentaram falha virológica, frequência de eventos adversos graves, eventos adversos que levaram à descontinuação, anormalidades lacboratoriais graus 3 e 4, eventos definidores de AIDS e óbito.

Resultados do uso de Fostemsavir

Foram incluídos 371 participantes, sendo 272 na coorte randomizada e 99 na coorte não randomizada. Na coorte randomizada, os grupos que receberam fostemsavir ou placebo foram semelhantes. Nessa coorte, 83% receberam pelo menos 5 esquemas antirretrovirais antes do início do estudo, 85% tinham diagnóstico de AIDS, 26% tinham uma contagem basal de células T-CD4 < 20 células/ml e 29% tinham uma carga viral de pelo menos 100.000 cópias/ml. Na coorte não randomizada, os participantes eram mais velhos e eram mais imunossuprimidos do que os da coorte randomizada, com 90% com diagnóstico de AIDS.

Em relação ao desfecho primário no dia 8, a mediana de redução de carga viral foi de 0,79 ± 0,05 log10 cópias/ml no grupo que recebeu fostemsavir e 0,17 ± 0,08 log10 cópias/ml no grupo que recebeu placebo, uma diferença que foi estatisticamente significativa.

Na coorte randomizada, a taxa de resposta virológica foi de 53% na semana 24 e de 54% na semana 48. As taxas de resposta foram semelhantes em praticamente todos os subgrupos pré-especificados, sendo numericamente mais altos nos com mais de 50 anos, mulheres, negros e nos com pelo menos um antirretroviral na terapia otimizada inicial. Os participantes que inicialmente tinham maiores níveis de carga viral ou menor contagem de células T-CD4 tiveram menores taxas de resposta virológica. A contagem de linfócitos T-CD4 aumentou de forma estável ao longo do tempo, alcançando uma mediana de aumento de 139 ± 135 células/ml. A mediana de aumento foi semelhante entre os que tinham uma contagem basal de < 20 células/ml e os que cuja contagem basal ≥ 200 células/ml.

Na coorte não randomizada, a taxa de resposta virológica foi de 37% na semana 24 e 38% na semana 48. A contagem de células T-CD4 continuou a aumentar com o tempo, com uma mediana de aumento de 63,5 células/ml do início do estudo até a semana 48.

Em relação aos eventos adversos, a frequência foi semelhante entre os dois grupos na coorte randomizada. Na semana 48, 92% dos voluntários relataram pelo menos um evento adverso. Mais indivíduos na coorte não randomizada do que na coorte randomizada relataram eventos graus 3 ou 4 e eventos adversos graves. A maioria destes foi relacionada a infecções ou complicações associadas a AIDS. Os eventos adversos relacionados a droga mais comuns foram náuseas e diarreia.

Saiba mais: Terapia antirretroviral combinada e a melhora de cognição em pessoas com HIV estão relacionadas?

Mensagens práticas

  • Fostemsavir teve uma eficácia significativamente melhor do que placebo depois de 8 dias como monoterapia funcional em adultos com opções terapêuticas limitadas.

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Referências bibliográficas

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