A terapia antirretroviral combinada (TARVc) aumentou drasticamente a expectativa de vida das pessoas com HIV, embora quase 50% desenvolvem distúrbios neurocognitivos associados ao vírus. Isso pode ser devido à replicação viral, ativação imune mantida por replicação viral residual, neurotoxicidade associada a TARVc, entre outras possíveis etiologias.
Publicado online em junho antes da publicação de 6 de setembro de 2022 na Neurology, o estudo de Miriam T. Weber e colaboradores procurou determinar o efeito da TARVc na cognição e nos biomarcadores de neuroimagem em pessoas com HIV antes e após o início da medicação em comparação com controles HIV-negativos e controles HIV que permanecem sem tratamento.
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Métodos
Os pesquisadores recrutaram participantes com 18 anos ou mais da Universidade de Rochester, McGovern Medical School e SUNY Upstate Medical University e os separaram em três grupos:
- Pessoas com HIV,
- Controles saudáveis pareados por idade e HIV negativos,
- Controles HIV com dois anos ou menos de infecção documentada pelo HIV-1, níveis plasmáticos de RNA do HIV ≤1.000 cópias/mL, contagem de células T CD4+ ≥400 células/mm3 na triagem, sem condições definidoras de AIDS e sem história de tratamento antirretroviral além de exposição limitada à TARV pelo menos um ano antes da triagem para o estudo.
Os participantes incluíram 47 pessoas com HIV, 58 controles saudáveis e 10 controles com HIV, que receberam avaliações clínicas, laboratoriais e neuropsicológicas, além de ressonâncias magnéticas cerebrais primeiro como linha de base e novamente um e dois anos no estudo. Os pesquisadores também avaliaram aqueles com HIV 12 semanas após o início da TARVc.
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Resultados
Inicialmente os indivíduos com HIV apresentavam volumes corticais mais baixos e pior cognição do que os controles saudáveis, enquanto os controles com HIV tinham menor dimensionalidade fractal (DF) nos quatro lobos e caudado, menor espessura cortical e pior cognição do que as pessoas com HIV e controles saudáveis.
Após o início da TARVc a cognição das pessoas com HIV melhorou e depois se estabilizou. Os controles com HIV, por sua vez, tiveram o menor desempenho cognitivo, espessura cortical e DF.
As associações mais fortes entre cognição e DF sugerem que essa métrica de imagem pode ser um marcador mais sensível de lesão neuronal do que a espessura cortical e as medidas volumétricas.
Considerações
Embora o estudo Strategic Timing of Antiretroviral Treatment não tenha encontrado nenhum benefício para o início imediato versus tardio da TARV na cognição em pacientes com HIV com contagens de células T CD4+ ≥ 500 células/mm, esses achados sugerem que a infecção por HIV não tratada afeta negativamente a cognição, mesmo quando CD4+ são preservadas em uma faixa normal.
O início da TARV está associado à melhora da estrutura cerebral e da cognição. No entanto, diferenças significativas persistem ao longo do tempo quando comparadas com controles HIV negativos.
Mensagem prática
Tendências semelhantes em controles HIV positivos provavelmente indicam que os resultados são devidos à infecção pelo HIV e não ao tratamento. Embora pacientes com níveis basais de RNA do HIV indetectáveis às vezes impeçam o uso da TARV, os autores discutem que segundo os dados apresentados, os efeitos cognitivos de longo prazo podem ser uma razão para considerar a TARV neste grupo.
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