Risco de câncer de ovário em usuários de TRH
Um dos grandes receios pelas mulheres em relação à terapia de reposição hormonal (TRH) no climatério e na menopausa é o surgimento de neoplasias estrogênio-dependentes.
Baseado nessa relevância, recentemente saiu um estudo sobre o risco de câncer de ovário em pacientes em terapia de reposição hormonal. Segue abaixo um breve resumo do mesmo.
Introdução
O câncer de ovário é conhecido por ser o mais letal dentre as neoplasias que envolvem o trato genital feminino, principalmente por ser diagnosticado mais tardiamente. Obesidade, tabagismo e histórico familiar positivo são fatores de risco importantes ao passo que uso de contraceptivos orais, gestação e amamentação são fatores protetores.
Em relação à terapia de reposição hormonal nas mulheres em climatério/menopausa, muito se estuda sobre a associação da TRH com câncer de mama, porém os dados em relação ao câncer de ovário ainda são controversos.
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Metodologia
No presente estudo, a base de dados eletrônica coletou estudos de 1980 a abril de 2022, incluindo estudos que analisavam o risco de TRH e câncer de ovário. Ao final da coleta e após exclusão de alguns estudos, sobraram 21 estudos de coorte e 30 de casos-controle.
Resultados
Em relação aos estudos de coorte, haviam 15313 pacientes com idade variando de 25 a 79 anos com uma média de seguimento de 5 a 26 anos. Tais estudos ocorreram em Israel (1), países europeus (9) e Estados Unidos (11).
Em relação aos estudos de caso-controle, haviam 18738 pacientes e 57747 controles com idade média entre 20 e 79 anos com média de seguimento de 1 a 13 anos. Ocorreram em Austrália (1), Canadá (1), China (1), Europa (11), México (1) e Estados Unidos (15).
Os estudos de coortes acharam um risco 1.2 aumentado de câncer de ovário em pacientes em TRH enquanto os estudos de caso-controle encontraram um risco aumentado em 1.13.
No entanto, ao se observar a análise mais recente dos estudos de coorte esse risco decresce, surgindo apenas em caso de exposição prolongada. Outra observação é de que o risco é maior em usuárias apenas de estrogênio e que com terapia combinada de estrogênio-progesterona, o risco não parece aumentar.
A própria Sociedade Internacional de Menopausa já notou que a associação entre TRH e câncer de ovário permanece incerta. E os riscos e benefícios da hormonioterapia variam entre as mulheres e as idades.
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Conclusão
O uso de TRH pode aumentar o risco de câncer de ovário em algumas circunstâncias. No entanto, ao se analisar os estudos mais recentes das últimas décadas, esse risco é mínimo.
Levando em consideração os benefícios da TRH no manejo dos sintomas da menopausa e na prevenção de osteoporose e redução do risco cardiovascular, a TRH deve ser individualizada e e realizada com acompanhamento médico adequado para prevenção de possíveis efeitos adversos.
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