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Endocrinologia1 agosto 2025

Risco de câncer de ovário em usuários de TRH

O câncer de ovário é conhecido por ser o mais letal dentre as neoplasias que envolvem o trato genital feminino.
Por Juliane Braziliano

Um dos grandes receios pelas mulheres em relação à terapia de reposição hormonal (TRH) no climatério e na menopausa é o surgimento de neoplasias estrogênio-dependentes. 

Baseado nessa relevância, recentemente saiu um estudo sobre o risco de câncer de ovário em pacientes em terapia de reposição hormonal. Segue abaixo um breve resumo do mesmo. 

câncer de ovário e reposição hormonal

Introdução

O câncer de ovário é conhecido por ser o mais letal dentre as neoplasias que envolvem o trato genital feminino, principalmente por ser diagnosticado mais tardiamente. Obesidade, tabagismo e histórico familiar positivo são fatores de risco importantes ao passo que uso de contraceptivos orais, gestação e amamentação são fatores protetores. 

Em relação à terapia de reposição hormonal nas mulheres em climatério/menopausa, muito se estuda sobre a associação da TRH com câncer de mama, porém os dados em relação ao câncer de ovário ainda são controversos. 

Leia mais: Terapia de reposição hormonal em mulheres com histórico de trombose ou trombofilia

Metodologia

No presente estudo, a base de dados eletrônica coletou estudos de 1980 a abril de 2022, incluindo estudos que analisavam o risco de TRH e câncer de ovário. Ao final da coleta e após exclusão de alguns estudos, sobraram 21 estudos de coorte e 30 de casos-controle. 

Resultados

Em relação aos estudos de coorte, haviam 15313 pacientes com idade variando de 25 a 79 anos com uma média de seguimento de 5 a 26 anos. Tais estudos ocorreram em Israel (1), países europeus (9) e Estados Unidos (11).  

Em relação aos estudos de caso-controle, haviam 18738 pacientes e 57747 controles com idade média entre 20 e 79 anos com média de seguimento de 1 a 13 anos. Ocorreram em Austrália (1), Canadá (1), China (1), Europa (11), México (1) e Estados Unidos (15). 

Os estudos de coortes acharam um risco 1.2 aumentado de câncer de ovário em pacientes em TRH enquanto os estudos de caso-controle encontraram um risco aumentado em 1.13. 

No entanto, ao se observar a análise mais recente dos estudos de coorte esse risco decresce, surgindo apenas em caso de exposição prolongada. Outra observação é de que o risco é maior em usuárias apenas de estrogênio e que com terapia combinada de estrogênio-progesterona, o risco não parece aumentar. 

A própria Sociedade Internacional de Menopausa já notou que a associação entre TRH e câncer de ovário permanece incerta. E os riscos e benefícios da hormonioterapia variam entre as mulheres e as idades. 

Veja também: iPARP para câncer de ovário: qualidade de vida x risco de eventos adversos

Conclusão

O uso de TRH pode aumentar o risco de câncer de ovário em algumas circunstâncias. No entanto, ao se analisar os estudos mais recentes das últimas décadas, esse risco é mínimo. 

Levando em consideração os benefícios da TRH no manejo dos sintomas da menopausa e na prevenção de osteoporose e redução do risco cardiovascular, a TRH deve ser individualizada e e realizada com acompanhamento médico adequado para prevenção de possíveis efeitos adversos. 

Autoria

Foto de Juliane Braziliano

Juliane Braziliano

Médica graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Residência de Endocrinologia e Metabologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Residência de Clínica Médica pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Editora-médica de Endocrinologia do Portal Afya.

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Referências bibliográficas

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