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Endocrinologia4 março 2024

Avanços no diagnóstico, acompanhamento e tratamento de diabetes tipo 1

Em uma recente revisão, foram discutidos os avanços no âmbito do diabetes tipo 1 com ênfase em dados epidemiológicos.
O diabetes mellitus tipo 1 é uma doença autoimune na qual ocorre destruição e perda de função das células beta pancreáticas, resultando em deficiência de insulina. Desde a descoberta da insulina, inúmeros avanços no tratamento dessa condição já foram estudados visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Diante desse fato, uma recente revisão foi publicada pelo Instituto de Diabetes da Universidade de Washington visando abordar os avanços no manejo do diabetes tipo 1. Segue abaixo um breve resumo dela.  Na presente revisão, foram discutidos os recentes avanços no âmbito do diabetes mellitus tipo 1, com ênfase em dados epidemiológicos e as evoluções no diagnóstico e condução dela.   Veja também: Reposição de Testosterona: Como deve ser a avaliação médica detalhada?

Base de dados 

Foram realizadas pesquisas em base de dados eletrônicas por estudos em inglês publicados nos períodos de janeiro de 2001 a janeiro de 2024, priorizando-se estudos com, pelo menos, 50 participantes.  Em relação aos dados epidemiológicos, é crescente a incidência global de diabetes tipo 1 provavelmente devido a fatores ambientais e epigenéticos. A incidência é maior na Europa e menor na Ásia, sendo mais comum em homens.  

Apresentação dos sinais 

De uma forma geral, o curso da doença demora dias a semanas a aparecer. As crianças e adolescentes costumam apresentar poliúria, polidipsia e perda ponderal e o diagnóstico é feito baseado em hiperglicemia (geralmente superior a 300mg/dl) acompanhada de cetonúria com ou sem acidose. Um ou mais autoanticorpos podem ser positivos ao diagnóstico.  

Uso da tecnologia no diagnóstico

A introdução da monitorização contínua de glicose (MCG) representou um grande avanço no controle da doença. Tal tecnologia utiliza concentrações de glicose no líquido intersticial para estimar a glicose no sangue. Dois tipos de MCG estão disponíveis. Um tipo é “CGM em tempo real” que é capaz de fornecer um fluxo contínuo de dados de glicose para um receptor, aplicativo móvel, smartwatch ou bomba, enquanto o segundo tipo é um “CGM com varredura intermitente”, que precisa ser digitalizado para um leitor ou smartphone. Ambos demonstraram melhorias na Hba1c e na quantidade de tempo em hipoglicemia quando comparados à monitorização capilar da glicemia. No entanto, infelizmente ainda é um artifício de alto custo.  

Tratamento com insulina 

Em relação aos avanços no manejo da doença, temos as insulinas basais de ação ultralonga e de ação ultrarrápida, ambas evitando eventos de hipoglicemia e correção adequada da glicemia pós-prandial, respectivamente.   A insulina de ação mais rápida é a inalatória, ainda indisponível em muitos locais, com pico de ação em 12 minutos e duração de 1,5-3 horas. Quando utilizada em conjunto com insulina pós-prandial complementar, foi demonstrado melhora do controle glicêmico sem aumento de eventos de hipoglicemia.  Outra evolução são os dispositivos de bomba de insulina que permitem aos pacientes de difícil controle uma tentativa de melhora do diabetes com a infusão contínua basal de insulina e doses prandiais de acordo com a alimentação.  

Outras terapias possíveis 

Para pacientes que preenchem critérios, a terapia de reposição de células beta utilizando-se o todo o pâncreas ou apenas algumas ilhas pancreáticas, pode trazer benefícios como cessação do uso de insulina, atingindo-se um estado de euglicemia e redução dos eventos de hipoglicemia. Na mesma analogia, também se tem a opção de transplante pancreático para pacientes elegíveis, enquanto o transplante de ilhotas pancreáticas ainda permanece experimental nos EUA, sendo oferecida apenas em pequenos centros especializados na América do Norte, Europa e Austrália.  Importante frisar que metformina, inibidores de SGLT-2 e agonistas do receptor de GLP-1 não são indicados para tratamento de DM1.  Terapias ainda incipientes são as imunomediadas via células T, B citocinas a exemplo do teplizumab. Entretanto, ainda são necessários mais estudos para avaliar a verdadeira eficácia desse tipo de tratamento para pacientes com DM1.   Saiba mais: Abordagem da obesidade em adultos

Conclusão e mensagem prática 

Como conclusão, o diabetes mellitus tipo 1 é uma doença crônica com incidência em ascensão a nível global e que já obteve muito sucesso em seu tratamento desde a descoberta da insulina. As últimas duas décadas foram de avanços em relação ao diagnóstico e tratamento, incluindo o desenvolvimento de análogos de insulina, sistemas de bomba de infusão e monitorização glicêmica. Apesar de tantas conquistas, ainda tem-se muito a avançar no universo dessa doença tão complexa. 
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Referências bibliográficas

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