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Cardiologia6 maio 2024

Cálcio nas coronárias detectado acidentalmente: o que fazer? 

A identificação de pessoas com alto risco de eventos de doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD) possibilita o início oportuno de terapias preventivas. 
Por Juliana Avelar

Em pessoas sem ASCV conhecida, os modelos tradicionais baseados nos fatores de risco são recomendados para estratificação de risco. No entanto, esses modelos muitas vezes têm baixa sensibilidade para doença arterial coronariana prematura (DAC) em adultos mais jovens. Por esse motivo, outras ferramentas são necessárias para estratificar de risco nesses indivíduos. 

A quantificação de calcificação das artérias coronárias (escore de cálcio) é uma das ferramentas mais poderosas para estratificação de risco além de dez anos: escore de cálcio alto se correlaciona com maior risco de ASCVD. Assim, o escore de cálcio tem recomendação Classe IIa em adultos com risco intermediário de ASCVD.  

A identificação incidental de ateromatose coronariana representa uma oportunidade significativa para estratificação do risco cardiovascular.  O JACC escolheu esse tema para revisão da semana e os principais pontos estão destacados a seguir. 

Cálcio nas coronárias detectado acidentalmente: o que fazer? 

Como funciona?  

A quantidade de cálcio no sistema coronariano é calculada em Unidades Hounsfield (HU). O paciente é, então, classificado em categorias de pontuação de 0, 1 a 99 ou > 100 HU, sendo o risco de ASCVD diretamente proporcional à quantidade de cálcio. Pacientes com escore de cálcio > 300 têm taxas de ASCVD em 10 anos equivalente às de uma população e, prevenção secundária. 

Leia também: ACC 2024: Angioplastia preventiva de placas coronarianas vulneráveis é benéfico?

Vários estudos relataram alta precisão entre a quantificação do escore de cálcio nas tomografias com gated e as tomografias convencionais. 

O valor prognóstico do escore de cálcio está bem estabelecido. Nos estudos recentes, a mortalidade por todas as causas variou de 2,5% entre aqueles sem cálcio incidental para 12% entre aqueles com alta quantidade de cálcio. Entre 8.782 pacientes submetidos a TC de rotina para rastreamento de câncer de pulmão, aqueles com escore elevado tiveram um risco 4,1% maior risco de mortalidade cardiovascular. 

Uma proporção significativa de indivíduos com baixo risco de ASCVD pela avaliação de risco tradicional tem alto escore de cálcio. Por isso, o escore de cálcio pode ajudar a estratificar esses indivíduos com maior precisão, a tempo de iniciar a profilaxia de ASCVD. 

O American College of Cardiology/American Heart Association sugere o cálculo do escore de cálcio para ajudar nas decisões compartilhadas para iniciar a terapia com estatinas, já que o benefício parece maior nos pacientes com cálcio detectado nas coronárias. 

Além disso, sugere-se que indivíduos com escore >100 e particularmente os que têm > 400 podem se beneficiar do uso regular de AAS, se baixo risco de sangramento.  

O que muda na atualidade? 

Com as evidências crescentes de que a avaliação do escore de cálcio em tomografias convencionais se correlacionam bem com o escore de cálcio padrão-ouro (em TC com gated), surgem muitas aplicações clínicas potenciais.  

Por exemplo: uma proporção significativa de indivíduos com baixo risco de ASCVD pela avaliação de risco tradicional tem alto escore de cálcio. Por isso, o escore de cálcio pode ajudar a estratificar esses indivíduos com maior precisão, a tempo de iniciar a profilaxia de ASCVD. 

Saiba mais: Quando não usar os novos anticoagulantes (DOAC)?

Conclusão 

À medida que avançamos na aquisição do escore de cálcio em tomografias convencionais, aumenta a importância do escore de cálcio principalmente por possibilitar a instituição de medidas preventivas para ASCVD após uma simples tomografia de rotina, por exemplo. 

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