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Dermatologia24 setembro 2024

Queimadas no Brasil: Aumento de complicações dermatológicas pode ser consequência 

A poluição gerada por queimadas e outras ações humanas gera várias consequências, aqui apresentaremos algumas dermatológicas

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição atmosférica ambiental é definida como a contaminação do ar ambiente por qualquer agente químico, físico ou biológico que modifique as características naturais da atmosfera. Essas sustâncias estão relacionadas com várias doenças e a exposição decorre, principalmente, de fatores como incêndios florestais, emissões industriais, dentre outras. 

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Queimadas no Brasil: Aumento de complicações dermatológicas pode ser consequência 

Consequências 

Os principais fatores relacionados à exacerbação das doenças são a produção excessiva de espécies reativas de oxigênio (ROS), estresse oxidativo, ativação do receptor de hidrocarboneto de arila (AhR), material particulado (MP) e liberação de citocinas inflamatórias e a exposição à essas substâncias podem exacerbar doenças dermatológicas. 

Outros impactos na pele incluem alterações no microbioma, que desempenha importante papel na homeostase cutânea. A disbiose do microbioma afeta a barreira cutânea e esse dano pode aumentar a permeabilidade da pele e ativar respostas inflamatórias, como acne, psoríase e dermatite atópica. 

Acne 

Na fisiopatogenia da acne, fatores como secreção desordenada de sebo, estimulação da inflamação, colonização de C. acnes e queratinização alterada, influenciam o desenvolvimento da doença. Os poluentes atmosféricos podem causar a peroxidação lipídica.  

A exposição à poluição pode diminuir os níveis de antioxidantes como as vitaminas C e E na pele, o que piora o processo de oxidação, desregulando a concentração de esqualeno. Postula-se que o excesso de esqualeno promove a patogênese da acne através dos macrófagos TREM2 e bloqueia a resposta antibacteriana. 

Psoríase 

A psoríase, que é considerada doença de etiologia multifatorial, fatores genéticos e ambientais contribuem para o seu desenvolvimento. Alguns estudos exploram a associação subjacente de poluentes atmosféricos com a patogênese da doença. Um experimento in vitro constatou que o MP influencia a diferenciação de queratinócitos e regula positivamente a inflamação e os genes relacionados à psoríase.  

Um estudo chinês obteve associações significativas e positivas entre níveis de MP e consultas ambulatoriais para psoríase, em que  elevações de curto prazo no MP estiverem relacionados ao risco maior de psoríase. Outro mecanismo estudado é que as substâncias poluentes como o MP podem regular a diferenciação de Th17 e as vias de sinalização de IL-17 por meio da ativação de receptores AhR, contribuindo para a via inflamatória na doença. 

Dermatite atópica 

Na dermatite atópica, o agravamento pode ocorrer por estresse oxidativo, inflamação e disfunção da barreira cutânea. Foi demonstrado que o PM interrompe a integridade do estrato córneo em duas vezes, regulando negativamente a expressão de citoqueratina, filagrina e E-caderina e aumentando a expressão de metaloproteinases da matriz.  

Um estudo envolvendo mais de 4 mil pacientes revelou um aumento na procura de atendimentos dermatológicos por dermatite atópica e prurido, relacionados à exposição aguda à poluição do ar. Também demonstrou aumento na prescrição de medicamentos sistêmicos e corticoterapia. 

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Considerações finais 

É evidente que estratégias preventivas devem ser instaladas para mitigar esses efeitos adversos. Isso inclui medidas comportamentais, estratégias médicas e políticas de saúde. Evitar a exposição aos poluentes, promover a higiene regular e a proteção da barreira cutânea com uso de emolientes podem ser úteis para melhorar a barreira.

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Referências bibliográficas

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