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Cirurgia29 setembro 2024

Sobrevida global após cirurgia citorredutora em portadoras de câncer de ovário

Foi conduzida uma revisão sistemática com o objetivo de avaliar o impacto da cirurgia citorredutora (CCR) na sobrevivência global de pacientes portadores de câncer de ovário.
Por Jader Ricco

O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o risco estimado para o triênio 2023-2025 é de 6,62 casos novos a cada 100 mil mulheres. Corresponde ao câncer ginecológico mais letal, apresentando-se em estádios mais avançados ao diagnóstico em cerca de 80% dos casos. Os tumores epiteliais são o subtipo mais comum, correspondendo a 91,9% dos casos.  

É crucial compreender a eficácia dos tratamentos instituídos e seus impactos na vida dos pacientes. Chen et. al. conduziram uma revisão sistemática ampla e meta-análises com o objetivo de avaliar o impacto da cirurgia citorredutora (CCR) na sobrevivência global de pacientes portadores de câncer de ovário. 

 

Metodologia 

O estudo publicado na Current Problems in Surgery em 2024 realizou uma ampla pesquisa na literatura, incluindo diretrizes americanas e brasileiras, visando avaliar o impacto da cirurgia citorredutora no tratamento do câncer de ovário. A maioria dos estudos avaliados correspondeu a análise retrospectiva de prontuários comparando CCR com outros métodos. A revisão englobou 26.311 pacientes ao todo.  

 

Discussão 

Apesar de variações no tratamento, é quase indiscutível a importância da CCR no câncer de ovário. Em praticamente todos os estudos, a cirurgia citorredutora foi considerada fundamental e sua eficácia pode ser aumentada com outras terapias, como a quimioterapia intraperitonieal hipertérmica (HIPEC) e outras terapias sistêmicas para melhorar o resultado dos pacientes.  

A mediana da sobrevida global, onde a citorredução completa foi possível, correspondeu a 51 meses e, nas incompletas, 31 meses, o que ressalta a importância da citorredução no tratamento do câncer de ovário. A combinação de citorredução + HIPEC mostrou taxas de sobrevida global citada de até 100% em 2 anos e sobrevida livre de doença de 62%. Estudos mostraram que a adição de HIPEC à CCR de intervalo aumenta a sobrevida livre de doença e também é segura para pacientes com câncer de ovário avançado.   

Quando comparados grupos com CCR + quimioterapia e grupo só com quimioterapia, a mediana de sobrevida global foi de 53,7 e 46 meses para o primeiro e segundo grupo respectivamente, o que indicou que CRS + quimioterapia resultou em sobrevida mais longa em comparação com quimioterapia apenas.

É importante ressaltar que a cirurgia citorredutora também tem suas complicações, com índices até maiores que outras formas de tratamento, como sangramento, infecção e lesão de órgãos. Ainda assim, os benefícios da CCR são maiores. Em pacientes submetidos à cirurgia citorredutora + HIPEC, a nefrotoxicidade foi maior em comparação com CCR apenas, enquanto outras complicações não fizeram diferença significativa entre esses dois grupos.  

Estudos prospectivos em larga escala são necessários para validar os aspectos apontados, elucidar os mecanismos relacionados à resposta ao tratamento e identificar biomarcadores que possam orientar estratégias de tratamento personalizadas em pacientes com câncer de ovário submetidos a CCR. 

 

Conclusão 

Chen et.al. promoveram uma visão abrangente sobre a sobrevida global em pacientes com câncer de ovário após citorredução. Sua meta-análise destacou o impacto significativo da CCR na melhora da sobrevida e reafirmam seu papel fundamental no manejo do câncer de ovário. Mesmo com a heterogeneidade entre os estudos avaliados e das variações nos regimes de tratamento, tem-se  um bom prognóstico para CCR, especialmente quando combinadas com terapia adjuvante, como HIPEC. 

 

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