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Oncologia3 abril 2017

Comprometimento cognitivo pós-quimioterapia: devemos nos preocupar?

O comprometimento cognitivo relacionado ao câncer é um problema importante e prevalente para os sobreviventes e pacientes com câncer de mama.

Por Juliana Festa

O câncer é uma doença crônico-degenerativa considerada atualmente um problema de saúde pública. Com a evolução dos tratamentos e a tendência de aumento da expectativa de vida dos pacientes com câncer, deve-se considerar não apenas a sobrevida, mas também a sobrevida com boa qualidade, sendo o indivíduo capaz de manter as suas atividades familiares, sociais e laborais.

As funções cognitivas são compostas por raciocínio, atenção, memória, aprendizado, imaginação, linguagem, dentre outras, sendo fundamentais na relação do indivíduo consigo mesmo e com o meio em que vive.

O comprometimento cognitivo relacionado ao câncer é um problema importante e prevalente para os sobreviventes e pacientes com câncer de mama, pois a afeta negativamente a qualidade de vida. Pode estar relacionado com a doença ou com o seu tratamento. Em pacientes com câncer de mama, o comprometimento cognitivo é um problema importante, mas sua trajetória não é totalmente compreendida.

Um estudo observacional prospectivo multicêntrico avaliou o impacto da quimioterapia na função cognitiva de pacientes com câncer de mama que foram tratadas em clínicas de oncologia da comunidade através da base de pesquisa da University of Rochester Cancer Center National Cancer Institute (NCORP).

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Foram avaliadas 581 mulheres com câncer de mama (média de idade: 53 anos; 48% em regimes baseados em antraciclina) e 364 controles sem câncer (média de idade: 53 anos).

As pacientes relataram dificuldades cognitivas significativamente maiores na pontuação total do Functional Assessment of Cancer Therapy-Cognitive Function (FACT-Cog) e em quatro subescalas de pré-quimioterapia a pós-quimioterapia em comparação com controles, bem como de pré-quimioterapia a 6 meses de acompanhamento (p<0,001 para todas as comparações). Ansiedade, depressão e diminuição da reserva cognitiva no baseline foram associados com menores pontuações.

As pacientes foram mais propensas a relatar um declínio clinicamente significativo na função cognitiva autorrelatada do que controles da pré-quimioterapia para pós-quimioterapia (45,2% vs. 10,4%) e de pré-quimioterapia a 6 meses de acompanhamento (36,5% vs. 13,6%).

Os resultados indicaram que o comprometimento cognitivo é um problema substancial para as pacientes com câncer de mama.

Referências:

  • Janelsins MC, Heckler CE, Peppone LJ, Kamen C, Mustian KM, Mohile SG, et al. Cognitive Complaints in Survivors of Breast Cancer After Chemotherapy Compared With Age-Matched Controls: An Analysis From a Nationwide, Multicenter, Prospective Longitudinal Study. J Clin Oncol [Internet]. 2016;35(5):JCO.2016.68.5856. Available from: https://ascopubs.org/doi/abs/10.1200/JCO.2016.68.5826
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