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Carreira29 abril 2025

Residência em Medicina de Família e Comunidade (PRMGFC): guia completo

Saiba mais sobre formação necessária, locais de atuação, remuneração e mercado de trabalho
Por Redação Afya

Se você está decidindo qual especialidade seguir, vale a pena conhecer a medicina de família e comunidade (MFC), uma área essencial para o Sistema Único de Saúde (SUS), focada no cuidado integral das pessoas e na promoção da saúde nas comunidades.

Embora esteja em expansão, a MFC ainda enfrenta escassez de profissionais, especialmente fora dos grandes centros urbanos. Segundo a Demografia Médica 2023, o Brasil conta com cerca de 11,2 mil médicos especializados na área, um avanço desde os 7 mil registrados em 2020, mas ainda distante do ideal. Para se ter uma ideia, há quase o dobro de cardiologistas e mais de quatro vezes mais pediatras no país, o que revela a grande demanda por médicos de família.

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A residência em medicina de família e comunidade é o principal caminho para quem deseja seguir essa especialidade, capacitando os médicos a cuidarem de indivíduos, famílias e comunidades ao longo de todas as fases da vida, com uma abordagem integral e humanizada.

O que é a residência em medicina de família e comunidade

A medicina de família e comunidade no Brasil tem uma história de avanços e desafios. Experiências pioneiras desde a década de 1970, como o Centro de Saúde Murialdo (RS) e o Projeto Vitória (PE), ajudaram a moldar os primeiros programas de residência em Medicina Geral Comunitária (MGC), reconhecida oficialmente como especialidade em 1986. A criação do SUS em 1990 e do Programa Saúde da Família (1994) fortaleceu a atenção básica, mas a especialidade enfrentou dificuldades estruturais até 2001, quando foi reativada sob o nome de Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).

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Competências essenciais do médico de família e comunidade

O médico de família e comunidade deve oferecer um cuidado integral, contínuo e centrado na pessoa, atuando em todos os ciclos de vida, com foco na promoção da saúde, prevenção de doenças e manejo clínico das condições prevalentes. Ele desenvolve vínculos duradouros, respeita o contexto sociocultural dos pacientes e trabalha com uma equipe multidisciplinar. Sua prática inclui coordenação do cuidado em diferentes níveis e um compromisso com a equidade e justiça social.

Diferenças entre PRMGFC e outras especialidades clínicas

Ao contrário de outras especialidades, que focam em órgãos ou sistemas específicos, a Medicina de Família e Comunidade adota uma abordagem ampla, centrada na pessoa, e integra a prevenção, promoção da saúde e o manejo de múltiplas condições. Esse modelo de cuidado contínuo e territorializado é fundamental para a atenção básica no SUS.

Base legal e reconhecimento da especialidade

A medicina de família e comunidade (MFC) é regulamentada pela Resolução CNRM nº 03/2011, que estabelece as diretrizes para a formação na área por meio da residência médica. A especialidade é reconhecida oficialmente pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e conta com respaldo da SBMFC, responsável por promover o desenvolvimento técnico-científico, político e institucional da MFC no país.

Saiba mais: O que pode (e o que não pode) ser feito por residentes na prática médica

Estrutura e funcionamento do PRMGFC

A residência tem duração de dois anos, com carga horária de 60 horas semanais, sendo 80% práticas e 20% teóricas. O primeiro ano (R1) é focado no desenvolvimento de habilidades clínicas e práticas, com ênfase na Atenção Primária, raciocínio clínico, comunicação e trabalho em equipe. O residente lida com os principais problemas de saúde, realiza pequenos procedimentos e atende urgências, além de atuar em cuidados da mulher, criança, idoso e paliativos.

No segundo ano (R2), o residente se aprofunda em casos mais complexos e assume responsabilidades de liderança em ações comunitárias, além de se envolver em docência e produção científica.

Vantagens estratégicas da medicina de família e comunidade

O Programa de Valorização do Profissional de Atenção Básica (PROVAB), criado em 2011, visava ampliar o acesso à saúde em áreas de extrema pobreza e periferias, oferecendo um curso de especialização em Atenção Básica, com bônus de 10% na prova de residência. Foi extinto em 2017. Em 2013, foi criado o Mais Médicos, que absorveu características do PROVAB e se tornou o principal programa do governo para atender essas áreas, promovendo a reordenação das vagas para cursos de Medicina e residência e o intercâmbio com médicos estrangeiros, ampliando seu alcance e estratégias.

Bolsas e incentivos financeiros

A partir de 2022, a bolsa de residência foi reajustada para R$ 4.106,09 mensais, com a possibilidade de complementação através de programas de incentivo, como os oferecidos pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, que pode resultar em uma bolsa de até R$ 11.642,09 mensais.

Mercado de trabalho e perspectivas salariais

O especialista em MFC pode atuar em unidades de saúde da família, hospitais e comunidades rurais, indígenas e quilombolas, além de atuar em pesquisa e docência. Hoje um médico de família e comunidade ganha em média R$ 12.332,93 para uma jornada de trabalho de 32 horas semanais de acordo com pesquisa do Portal Salario junto a dados de 831 profissionais admitidos e desligados em regime CLT nos últimos 12 meses divulgados pelo Novo CAGED.

Leia ainda: Medicina do trabalho: residência, salários e oportunidades de atuação

Ingressando no PRMGFC: processos seletivos e instituições

Os processos seletivos para a residência variam conforme a instituição, geralmente envolvendo prova objetiva, análise curricular e, em alguns casos, a nota do ENARE.

Principais instituições e programas de referência:

Tendências e inovações na formação de MFC

A formação em medicina de família e comunidade tem incorporado metodologias ativas, simulação realística, educação interprofissional e prática baseada em evidências. Essas abordagens visam aprimorar o aprendizado, estimular a tomada de decisões clínicas em contextos realistas e promover a colaboração entre diferentes profissionais de saúde. A incorporação de tecnologias inovadoras, como prontuários eletrônicos, teleconsultas e outras ferramentas digitais, tem revolucionado a Atenção Primária à Saúde, ampliando o alcance e a resolutividade da medicina de família e comunidade (MFC).

Conclusão

Se você quer ser um agente de transformação no SUS, a residência em medicina de família e comunidade é uma escolha que fará diferença. Prepare-se para uma carreira gratificante e com grandes perspectivas.

A Afya está sempre atenta às novidades do universo da residência médica, trazendo conteúdos atualizados e dicas valiosas para ajudar você nessa jornada. Para não perder nenhuma atualização sobre editais, provas e oportunidades, acompanhe a seção Carreira do nosso site e fique por dentro de tudo!

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Referências bibliográficas

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