A Pediatria é uma das áreas mais respeitadas da medicina, uma especialidade envolvida nas fases mais importantes de formação de um paciente e, por isso, exige, já na residência de pediatria, grande dedicação.
O trato com diferentes faixas etárias cria diversas dificuldades, principalmente considerando que a maior parte dos pacientes do pediatra não é capaz de se expressar com eficiência, deixando majoritariamente nas mãos e na capacidade do médico a possibilidade de uma boa conduta, o fechamento do diagnóstico correto e manejo eficaz da enfermidade.
Dessa forma, para ser considerado capaz de exercer a medicina em uma área tão ampla e recheada de características próprias e desafiadoras, é preciso que o médico complete um Programa de Residência Médica em Pediatria.
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Residência em pediatria: visão geral
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, 275 instituições no Brasil oferecem Programas de Residência Médica em Pediatria, somando 1.894 vagas em R1 para residentes interessados no título de especialista.
Dados do Panorama da Residência Médica (2018-2024) apontam um total de 5.014 residentes espalhados pelo país. Isso faz da Pediatria a segunda maior área da medicina em relação ao número de residentes no Brasil, ficando atrás somente da especialização em Clínica Médica.
Um programa de acesso direto e com duração de três anos, a Residência Pediátrica tem sua matriz de competências definida pela Resolução nº 1, de 29 de dezembro, da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), que apresenta os conhecimentos mínimos que o residente deve dominar em cada ano do programa.
A lista de habilidades a serem desenvolvidas pelo residente em pediatria é extensa e durante o programa o estudante também costuma passar por rodízio em áreas mais especializadas como Neonatologia, Cuidados Intensivos, Cardiologia Pediátrica, Gastroenterologia Pediátrica, entre outras.
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Carga horária da residência em pediatria
O CNRM estabelece que de 80 a 90% da carga horária total de 60 horas semanais mínimas para programas de residência médica em Pediatria sejam dedicadas a atividade práticas, e os 10 a 20% restantes estejam voltados para conteúdo teórico, ministrado por meio de reuniões clínicas, seminários, cursos de atualização e discussões clínicas, a critério da instituição responsável.
A seguir, apresentamos um resumo da prática esperada para o residente, com o percentual dedicado a cada área, durante os três anos de Residência em Pediatria:
R1
- Atenção básica (20 a 30%);
- Treinamento nos cuidados a pacientes internados em enfermaria (15 a 20%);
- Atenção neonatal básica (15 a 20%);
- Treinamento em urgência e emergência (20 a 25%).
R2
- Atendimento ambulatorial de pediatria, com atendimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, e saúde mental básica (15 a 25%);
- Treinamento nos cuidados a pacientes em regime de internação hospitalar (20 a 30%);
- Atenção neonatal (15 a 20%);
- Treinamento em urgência e emergência (10 a 15%);
- Treinamento em terapia intensiva pediátrica (10 a 15%).
R3
- Atendimento ambulatorial nos campos das áreas de atuação pediátricas;
- Cuidados a pacientes portadores de doenças pertinentes ao domínio das distintas áreas de atuação pediátrica, em regime de internação (20 a 25%);
- Treinamento em urgência, emergência, trauma e atendimento de crianças e adolescentes vitimizados (10%);
- Treinamento clínico em pré e pós-operatório de cirurgias, sedação e analgesia (10%);
- Treinamento em terapia intensiva pediátrica (10%);
- Treinamento em terapia intensiva neonatal (10%);
- Estágio opcional (10%).
Centros formadores
Com 275 instituições de saúde oferecendo Programas de Residência em Medicina por todo território nacional, o médico deve pensar bem sobre qual programa de residência melhor atende suas necessidades e oferece oportunidades mais sólidas para o médico alcançar os seus objetivos de carreira.
É bom analisar as características de infraestrutura da instituição, e saber o que esperar da realidade do programa de residência escolhido; avaliar relatos de residentes sobre a carga horária real e a vivência nos plantões ajudam a definir o próximo passo do candidato.
Contudo, entre as centenas de oferta de programa de residência, algumas instituições de saúde de renome se destacam, como:
- Hospital Israelita Albert Einstein;
- Hospital Sírio-Libanês;
- Faculdade de Medicina da USP;
- Hospital Universitário de Brasília – UNB;
- Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp;
- Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ.
Lembrando que, embora o ENARE seja utilizado para seleção em algumas instituições, os processos seletivos diferem entre instituições, assim, é necessário que os candidatos estudem com cuidado o edital de cada instituição quando do início do processo de escolha.
Áreas de atuação em pediatria
Após a conclusão da Residência em Pediatria e obtenção do título de especialista, o médico estará apto a trabalhar como Pediatra. Atuando principalmente em ambulatórios, serviços de emergência, consultório e afins.
Contudo, é provável que casos mais complexos exijam do profissional uma especialização adicional.
A Pediatria possui várias subespecialidades que fornecem ao médico um preparo maior para o manejo de enfermidades mais específicas, como:
- Cardiologia Pediátrica;
- Neuropediatria;
- Alergia e Imunologia Pediátrica;
- Emergência Pediátrica;
- Endocrinologia Pediátrica;
- Gastroenterologia Pediátrica;
- Hematologia e Hemoterapia Pediátrica;
- Infectologia Pediátrica;
- Medicina do Adolescente;
- Medicina Intensiva Pediátrica;
- Nefrologia Pediátrica;
- Neonatologia;
- Nutrologia Pediátrica;
- Oncologia Pediátrica;
- Pneumologia Pediátrica;
- Reumatologia Pediátrica.
Essas especializações exigem o título de especialista em pediatria como pré-requisito para que seja cursadas e adicionam alguns anos de estudo (variando conforme a necessidade da especialidade) à base de conhecimento do médico.
Há também especializações em outras áreas que aceitam o título em pediatria como pré-requisito, por exemplo:
- Medicina do Sono;
- Medicina Paliativa;
- Toxicologia Médica.
Mercado de trabalho e remuneração
Como mostrado anteriormente, a quantidade de vagas em Programas de Residência em Pediatria é a segunda maior no Brasil, e isso se reflete no número de pediatras com cadastro ativo.
De acordo com a Demografia Médica 2023, são mais de 48 mil médicos pediatras registrados no país. Contudo, a concentração de médicos dessa especialidade na região Sudeste é muito maior do que nas outras regiões (podendo chegar a 58 pediatras por 100.000 habitantes). Enquanto na região Norte, essa relação é bem menor, não passando de 10 pediatras para cada 100.000 habitantes em alguns estados.
O Panorama Financeiro do Médico, pesquisa realizada pelo Research Center da Afya, indicou que médicos pediatras possuíam uma renda líquida mensal média no valor de R$ 19.386,16 em 2022, trabalhando em média 53,8 horas por semana.
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