Medicina do trabalho: residência, salários e oportunidades de atuação

Ainda que haja registros de mais de 300 anos sobre a atividade, A Medicina do Trabalho surgiu mesmo durante a Revolução Industrial, quando as condições insalubres nas fábricas começaram a afetar a saúde dos trabalhadores. Médicos como Percival Pott, no século XVIII, observaram doenças relacionadas ao trabalho, como câncer devido à exposição ao carvão. 

Com o tempo, a especialidade se formalizou, especialmente após a criação de legislações trabalhistas e normas de segurança. No Brasil, ganhou destaque na década de 1920, com a criação de órgãos como a Inspeção do Trabalho, marcando o início da proteção à saúde dos trabalhadores. 

Médico do trabalho atendendo paciente

Papel do médico do trabalho 

Você deve estar se perguntando: “O que faz um médico do trabalho?, “Quanto ganha?” , “Como é a residência em medicina do trabalho” ou “Quais são os exames ocupacionais obrigatórios?”. Segue o fio!  

O médico do trabalho é responsável por avaliar as condições de saúde dos empregados, identificar os riscos presentes no ambiente de trabalho e implementar medidas para proteger os trabalhadores. 

Cabe a ele ainda realizar ainda os famosos exames admissionais, os periódicos e temidos demissionais, acompanha casos de doenças ocupacionais, orienta sobre ergonomia e práticas de segurança, e contribui para a elaboração e implementação de programas de saúde e segurança no trabalho dentro das organizações. 

Áreas de atuação 

As principais são: 

• Empresas e indústrias: Implementação de programas de saúde ocupacional, monitoramento da saúde dos trabalhadores e prevenção de doenças relacionadas ao trabalho; 

• Clínicas ocupacionais: Prestação de serviços médicos especializados para empresas e seus funcionários; 

• Consultorias e auditorias: Assessoria na elaboração de políticas de saúde e segurança no trabalho, além de auditorias para garantir conformidade com as normas; 

• Perícias médico-legais: Avaliação das condições de trabalho e elaboração de laudos para processos judiciais; 

• Serviços públicos: Trabalhar em órgãos governamentais relacionados à saúde e segurança no trabalho, como no Ministério do Trabalho e em setores de fiscalização. 

Interfaces 

O exercício da medicina do trabalho possui interface com várias outras especialidades médicas, dada a diversidade de condições de saúde que podem surgir no ambiente de trabalho. Algumas das principais especialidades com as quais o médico do trabalho interage incluem: 

1. Ortopedia: para tratar lesões musculoesqueléticas e distúrbios como LER (lesões por esforço repetitivo) e DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho). 

1. Psiquiatria: no acompanhamento de transtornos mentais relacionados ao trabalho, como estresse, burnout, depressão e ansiedade. 

1. Pneumologia: para diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias ocupacionais, como asma, bronquite e doenças causadas pela exposição a substâncias tóxicas no ambiente de trabalho. 

1. Otorrinolaringologia: no caso de perda auditiva ocupacional devido à exposição a ruídos elevados em certos ambientes de trabalho. 

Principais exames e avaliações 

• Admissional: avalia a aptidão do candidato para a função, considerando os riscos ocupacionais e garantindo que ele esteja apto para realizar suas atividades sem comprometer sua saúde; 

• Periódico: realizado regularmente para monitorar a saúde dos trabalhadores e identificar precocemente problemas relacionados ao trabalho, prevenindo doenças ocupacionais; 

• Demissional: feito ao desligar o trabalhador, com o objetivo de verificar se há sequelas ou condições de saúde relacionadas ao trabalho; 

• Avaliação de retorno ao trabalho: realizada quando o empregado retorna após afastamento, determinando se está apto a reassumir suas funções e prevenindo recaídas ou novos problemas de saúde. 

Demandas frequentes  

• Ocupacionais: problemas respiratórios, musculoesqueléticos e transtornos mentais relacionados ao trabalho; 

• LER/DORT: lesões por esforço repetitivo (LER) e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) afetam principalmente trabalhadores de escritórios e indústrias; 

• Transtornos mentais: estresse, depressão e burnout ligados à atividade laboral são comuns e exigem intervenção precoce; 

• Perda auditiva ocupacional: resultado da exposição prolongada a ruídos elevados no ambiente de trabalho. 

Consultoria em saúde ocupacional 

Médicos do trabalho podem atuar em consultoria em saúde ocupacional, oferecendo assessoria para empresas, ajudando a implementar programas e políticas de saúde e segurança no trabalho – o que inclui a elaboração de PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional). A consultoria também pode envolver treinamentos, auditorias e a análise de condições ambientais e organizacionais no trabalho. 

Perícia médica 

Reconhecida como especialidade em 2011, a perícia médica está em constante crescimento no Brasil. Nessa, o médico pode atuar avaliando a relação entre doenças ou lesões e as condições de trabalho, emitindo laudos para processos judiciais ou administrativos, como em casos de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais ou contestação de benefícios previdenciários. 

Normas e regulamentações 

Se a essa altura, você já considera atuar como um médico do trabalho, fique sabendo que, para além do exercício da medicina, ainda será empregada em seu dia a dia a execução de diversas normas e documentações de extrema relevância. Listamos abaixo para que sua nomenclatura soe o mais familiar possível: 

• NR-7 (PCMSO): obriga empresas a implementarem programas de saúde ocupacional, com exames médicos regulares; 

• PPRA: estabelece medidas para identificar e controlar riscos ambientais no local de trabalho, visando a segurança e saúde dos trabalhadores; 

• CAT: documento obrigatório para registrar acidentes de trabalho e garantir benefícios previdenciários ao trabalhador; 

• PPP: registra as condições de trabalho e exposições a riscos, assegurando direitos previdenciários, como aposentadoria especial; 

• LTCAT: Avalia a exposição a agentes nocivos e atesta condições insalubres ou perigosas para aposentadoria especial; 

• Ergonomia: Adapta ambientes de trabalho para prevenir lesões e melhorar o conforto e a produtividade dos trabalhadores. 

Quanto ganha um médico do trabalho? 

Se você chegou até aqui, certamente essa é uma resposta aguardada, que vai ajudar a definir seus próximos passos dentro da carreira. De acordo com o Portal Salário, um médico do trabalho recebe, em média, R$ 11.669,71 para uma carga de 29 horas semanais, atualmente. A pesquisa se baseia em informações de 3.400 profissionais admitidos e desligados sob o regime CLT nos últimos 12 meses, divulgados pelo Novo CAGED. 

Em 2025, a remuneração para a profissão pode variar entre o piso salarial de R$ 11.351,00 e o teto de R$ 22.960,38, dependendo de fatores como o ramo da empresa, a localização, o nível de formação, a experiência do profissional e as políticas de cargos e salários adotadas pela organização. 

Residência em medicina do trabalho 

Duração e pré-requisitos 

A residência em medicina do trabalho tem duração de dois anos e, por ser um programa de Acesso Direto, não são exigidos pré-requisitos para ingresso. O candidato precisa apenas apresentar o diploma de graduação em Medicina e o registro ativo no CRM. 

Durante a residência, o médico passa por uma formação prática e teórica expressiva, focada em saúde ocupacional, legislação trabalhista, ergonomia, toxicologia, entre outros temas, e desenvolve habilidades necessárias para atuar na prevenção e tratamento de doenças ocupacionais, bem como em cargos de gestão. 

Principais centros formadores 

• Hospital das Clínicas da UFMG: Oferece residência com ênfase em saúde ocupacional, proporcionando uma sólida formação teórica e prática; 

• Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP: Oferece programa de residência com foco em saúde no trabalho, combinando teoria e estágios em empresas e clínicas; 

• Faculdade de Medicina da USP: Destaca-se pela qualidade do programa de residência, com forte conteúdo teórico e prática em áreas como ergonomia e toxicologia; 

• Complexo Hospitalar Universitário Prof. Edgard Santos – HUPES: Oferece formação de excelência, com foco em saúde ocupacional e doenças relacionadas ao trabalho, com forte integração entre ensino e prática. 

A medicina do trabalho é uma especialidade essencial para a saúde ocupacional, capaz de oferecer inúmeras possibilidades de atuação e uma carreira estável. Compreender suas exigências e desafios é fundamental para quem deseja ingressar na área.  

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