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Carreira30 outubro 2025

Do primeiro parto ao ativismo: o que move um ginecologista e obstetra

Dr. Ênio Damaso nos conta um pouco mais sobre desafios da especialidade e compartilha aprendizados que vão além da técnica
Por Redação Afya

Acreditamos que a celebração do Dia do Ginecologista e Obstetra deve ir bem além da homenagem protocolar. Este dia 30 de outubro é também uma oportunidade de reconhecer os profissionais que acompanham as mulheres em momentos cruciais da vida: da primeira menstruação à menopausa, do pré-natal ao parto, da prevenção ao cuidado contínuo.

Conversamos com o Dr. Ênio Damaso, ginecologista e obstetra com atuação clínica, docente e editorial, que nos falou um pouco mais dessa jornada feita de encontros marcantes — e de um compromisso contínuo com a escuta, o acolhimento e a transformação social.

Do encantamento ao compromisso

Dois momentos definem o início da trajetória de Dr. Ênio: a primeira visita ao centro obstétrico, ainda no primeiro ano da graduação, e o primeiro parto vaginal assistido, no quarto ano. “Foram experiências que marcaram minha escolha pela especialidade. Mas também não posso esquecer de quando estive nos partos dos meus dois sobrinhos, já como médico e obstetra. É algo que une o profissional ao pessoal de maneira muito potente”, recorda.

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Com o tempo, o que começou como encantamento técnico se transformou em engajamento social. Hoje, Dr. Ênio é militante pela saúde materna e infantil. “Acredito que a saúde e a educação mudam nossa sociedade. E quando comparamos por gênero, a mulher ainda se encontra em maior vulnerabilidade. Não podemos permitir que uma visão de exclusão continue pautando nossas relações. É preciso incluir mais mulheres em todos os setores”, afirma.

Essa consciência também se reflete no consultório. Para ele, grande parte dos conflitos que surgem no cuidado se deve à falta de comunicação entre profissionais de saúde e pacientes. “Gostaria que a fisiologia do parto e da gestação fosse mais divulgada e entendida. Informação de qualidade empodera a mulher e melhora a experiência do cuidado”, pontua.

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Entre vulnerabilidades e potências

Acompanhar alguém da menarca à menopausa, passando por momentos tão íntimos como o parto, exige preparo técnico, mas também sensibilidade. “Estudo e resiliência são fundamentais. E é indispensável construir uma boa relação médico-paciente. Sem isso, não há cuidado de verdade”, diz. Essa mesma relação precisa resistir a desafios silenciosos, como o excesso de judicialização — a ginecologia e obstetrícia é uma das especialidades mais acionadas na Justiça — e a carência de especialistas no país.

Mas, mesmo diante de pressões, o sentido da profissão segue firme. “Ver a sociedade melhorando e saber que contribuo com um pouquinho dessa evolução, como médico, como gestor e como professor, é o que me motiva nos dias difíceis”, afirma o médico, que também vê sua atuação ultrapassando o ambiente hospitalar. “Hoje sou referência e ponto de apoio até nas minhas relações sociais. Ser médico se tornou parte da minha identidade”.

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Humanidade como pilar

Para quem está começando agora na ginecologia e obstetrícia, Dr. Ênio deixa um conselho direto: “Dê atenção às soft skills. Resiliência, empatia, escuta e comunicação efetiva fazem tanta diferença quanto o conhecimento técnico. É isso que sustenta o cuidado em sua dimensão mais humana”.

 

Autoria

Foto de Redação Afya

Redação Afya

Produção realizada por jornalistas da Afya, em colaboração com a equipe de editores médicos.

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