Um estudo global recém-publicado na revista BJOG trouxe dados atualizados e abrangentes sobre a carga da anemia entre mulheres em idade fértil (15 a 49 anos). Utilizando dados do projeto Global Burden of Disease (GBD) 2021, os autores analisaram tendências temporais, desigualdades socioeconômicas e projeções para os próximos anos, com foco na meta da Organização Mundial da Saúde de reduzir pela metade a prevalência da anemia até 2030.
O estudo analisou dados do Global Burden of Disease Study 2021, que reúne informações de mais de 200 países sobre doenças e fatores de risco. Para entender como a anemia em mulheres de 15 a 49 anos mudou ao longo do tempo, os autores observaram a frequência de casos e o impacto na qualidade de vida entre 1990 e 2021.
Também avaliaram as diferenças entre faixas etárias, gerações e períodos históricos, além de comparar países com diferentes níveis de desenvolvimento. Para isso, usaram ferramentas estatísticas que permitiram identificar padrões e desigualdades. Por fim, o estudo projetou a tendência da anemia até 2030, estimando se os esforços globais serão suficientes para atingir a meta de redução proposta pela Organização Mundial da Saúde.
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Principais achados do estudo:
· A prevalência global padronizada por idade caiu discretamente de 35,6% em 1990 para 33,8% em 2021.
· Em números absolutos, o total de mulheres com anemia aumentou mais de 37%, atingindo cerca de 657 milhões em 2021 — reflexo do crescimento populacional.
· A deficiência de ferro continua sendo a principal causa, mas outras condições como malária, HIV, hemoglobinopatias e infecções negligenciadas também são relevantes, especialmente em regiões específicas.
· Desigualdades persistem: países com menor desenvolvimento socioeconômico apresentam as maiores taxas de anemia, como regiões da África Subsaariana e do Sul da Ásia.
· As projeções para 2030 indicam que a meta de redução pela metade da prevalência não será atingida no ritmo atual, o que demanda ações mais efetivas e equitativas.
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Por que isso importa?
A anemia em mulheres em idade fértil tem implicações diretas sobre a saúde materna, fetal e neonatal. Está associada a maior risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer, mortalidade perinatal e complicações no parto. Reduzi-la é essencial para promover gestações mais seguras e reduzir desigualdades em saúde reprodutiva.
Mensagens do estudo
Para mudar esse cenário, o artigo destaca a necessidade de estratégias integradas e multissetoriais, como:
· Fortificação de alimentos básicos com ferro e micronutrientes;
· Suplementação adequada durante a gestação;
· Controle de doenças infecciosas;
· Ampliação do acesso e da qualidade do pré-natal, especialmente em regiões mais vulneráveis;
· Investimento em determinantes sociais como educação, saneamento, empoderamento feminino e segurança alimentar.
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