Conselhos de carreira para jovens médicos: o que você precisa saber

A Medicina é uma carreira que exige dedicação, aprimoramento contínuo e um compromisso profissional profundo com o paciente. Aprendemos desde sempre que para que os novos médicos alcancem seu potencial máximo, a orientação e o suporte de médicos experientes são fundamentais.

Porém, não podemos esquecer que para impactarmos positivamente na formação de outro médico, precisamos primeiro servir de exemplo. Neste artigo, compartilho com você, leitor e futuro colega médico, alguns conselhos que aprendi ao longo da minha experiência e que podem impactar a sua formação.

 

Qual a essência de um bom profissional?

De modo geral, para nos tornarmos um bom profissional médico, é preciso desenvolvermos habilidades que nos permitam conciliar o domínio do conhecimento científico com habilidades interpessoais. Essa é a essência de um bom médico: dominar as técnicas, sem abandonar o lado humano.

É importante que você, futuro médico, tenha domínio das habilidades que envolvem diretamente o conhecimento médico, conhecidas como hard skills, e das interpessoais, soft skills, que são essenciais para comunicação, empatia, liderança e trabalho em equipe. Afinal, quantos médicos você já conheceu que eram tecnicamente brilhantes, mas de difícil relacionamento interpessoal ou que tratavam mal os pacientes? Esse é um exemplo de como essas habilidades precisam estar juntas na vida do médico.

As hard skills estão presentes na prática médica e formam a base do treinamento clínico, cirúrgico ou até mesmo administrativo, caso o médico opte por atuar na área de gestão em saúde. As soft skills, por outro lado, embora menos tangíveis, são cruciais para que você tenha sucesso a longo prazo, já que são importantes para construção de relacionamentos com outros profissionais e com os pacientes.

 

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Como desenvolver as competências técnicas (hards skills)

Jovem médico, você deve ser estimulado desde cedo a ser curioso e ter senso crítico, procurando entender todos os detalhes da história, do exame físico e dos exames complementares do paciente. Busque na literatura evidências científicas sobre doença e tratamentos para se manter atualizado sobre os mais diversos temas.

Desenvolva o lado “detetive” na resolução de casos complexos e difíceis, tentando juntar as peças (achados clínicos e dos exames complementares) para se tentar chegar a um diagnóstico. Isso serve para qualquer cenário, seja ele clínico, cirúrgico ou de gestão. O médico sempre terá que lidar com desafios, e você precisa estar preparado para isso.

Seja sempre um professor, independentemente da idade ou tempo de experiência. Ensinar, compartilhar casos complexos e discutir o raciocínio clínico por trás das decisões tomadas é extremamente enriquecedor para se manter atualizado na profissão.

Mesmo fora de um hospital universitário, estabeleça um grupo de discussão para tratar de temas relacionados a casos clínicos e artigos científicos recentes. Publique relatos de caso, apresente resumos em congressos e desenvolva projetos de pesquisa. A prática baseada em evidências é fundamental na medicina e contribui para fomentar uma cultura de aprendizado contínuo.

 

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Como desenvolver habilidades interpessoais (soft skills)

Durante a formação médica, é natural que você se espelhe em colegas e mestres que admiram. O exemplo impacta positiva e negativamente a formação de outros médicos.

Repare sempre a maneira como os médicos se comunicam com os pacientes, explicando de forma clara e sem utilizar termos técnicos confusos. Isso pode fazer uma grande diferença na vida de pessoas em posição de vulnerabilidade. Cuide das palavras utilizadas, evitando discutir casos de pacientes na frente de outras pessoas. Não use termos técnicos e palavras fortes que possam preocupar os pacientes e seus familiares.

Bons médicos experientes ensinam os jovens médicos a se comunicarem de maneira clara, respeitosa, carinhosa e empática com os pacientes, e isso também tem um impacto direto na experiência do paciente. Aqueles que já estiveram do outro lado sabem bem o impacto negativo de não ser examinado adequadamente ou ouvir palavras assustadoras como “pode ser câncer”. Essas habilidades não são apenas essenciais; são obrigatórias para quem escolhe ser médico. Aprenda-as!

Nunca esqueça da comunicação eficaz e respeitosa com a equipe médica e multidisciplinar, incluindo enfermagem, fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia e setores administrativos. O médico deve respeitar todos os profissionais e estar aberto a ouvir o que seus colegas têm a dizer. Suas experiências podem ser muito úteis na resolução de desafios na prática clínica. A comunicação clara e objetiva é crucial para evitar erros médicos em todas as fases do atendimento ao paciente.

Seja claro, utilize uma caligrafia legível (sempre que possível, o uso do computador é recomendado) e garanta que os outros compreendam as instruções para que a comunicação seja correta. Isso também inclui que você tenha a capacidade de explicar diagnósticos e tratamentos de forma clara e empática, além de escutar ativamente as preocupações dos pacientes.

Os médicos devem ter responsabilidade pelos pacientes. Envolva-os em todos os detalhes, incluindo a tomada de decisões e a resolução de conflitos que podem ocorrer na prática médica.

Conclusão

Contribuir para a formação de novos médicos vai além da simples transmissão de conhecimento técnico, exemplos, experiências e conselhos como os acima citados também podem impactar na formação médica. Por isso, futuro colega, cultive um ambiente de aprendizado contínuo em sua formação, onde as hard skills e as soft skills são igualmente valorizadas.

Aos colegas já experientes, deixo também aqui um conselho: compartilhar suas experiências e habilidades, não apenas aprimora a capacidade técnica dos novos profissionais, mas também moldam suas habilidades de comunicação, empatia e liderança, independente do tempo de formação que você já tenha.. Que outros conselhos vocês dariam aos futuros médicos?

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