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Carreira19 setembro 2025

Concursos na medicina: vale a pena seguir carreira pública?

Estabilidade, propósito e desafios: entenda se a carreira pública na medicina combina com o seu perfil profissional
Por Redação Afya

Diante das imensas transformações pelas quais o mercado de trabalho vem passando, especialmente na última década, a carreira pública continua sendo um caminho atraente e estratégico para muitos médicos. Mas será que ela combina com você? Listamos abaixo alguns prós e contras ao se tornar um funcionário público dentro da medicina.

Para médicos recém-formados — ou até para quem já está no mercado há algum tempo, mas busca mais estabilidade — prestar concurso público continua sendo uma escolha bastante animadora. Os motivos? Segurança no emprego, salário fixo no fim do mês e a oportunidade de atuar diretamente no Sistema Único de Saúde, com impacto social real. Mas, como quase tudo na medicina, esse caminho também tem seus desafios. E é importante conhecê-los bem antes de decidir por qual seguir.

Prós: estabilidade, bom salário e impacto social

  1. Estabilidade no emprego

Depois de passar pelo estágio probatório (que pode levar de 2 a 3 anos), o médico concursado só poderá ser desligado em situações bem específicas, como decisão judicial ou processo administrativo. Em tempos de incertezas na saúde suplementar e vínculos empregatícios cada vez mais frágeis, ter um cargo estável é, sem dúvida, um diferencial.

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  1. Remuneração fixa

A remuneração depende bastante da esfera pública (municipal, estadual ou federal), da carga horária e da região. Em prefeituras menores, os salários para 20 horas semanais podem girar em torno de R$ 6 mil. Já em cargos federais ou mais especializados, o valor pode ultrapassar R$ 20 mil.

Veja alguns exemplos reais de 2024:

  • Prefeitura de São Paulo: R$ 10.513,43 para clínico geral (20h/semana)
  • Exército Brasileiro: R$ 12.490,00 iniciais para médicos recém-incorporados
  • Ministério da Saúde: de R$ 12 mil a R$ 25 mil, dependendo da função e localidade

Além do salário-base, poderão incidir sobre o valor adicionais por insalubridade, plantões extras, gratificações por titulação e incentivos para atuação em regiões com carência de profissionais.

  1. Equilíbrio e benefícios

Com jornadas de 20 a 28 horas semanais, o trabalho público costuma oferecer mais equilíbrio — especialmente se comparado ao ritmo intenso da rede privada. Também entram no pacote: férias garantidas, previdência própria, licenças para capacitação e outros benefícios.

Leia: Maternidade e Carreira Médica

Contras: os desafios de ser médico concursado

  1. Estrutura e burocracia

A realidade do SUS ainda inclui falta de insumos, excesso de formulários e sistemas pouco eficientes. Muitos médicos relatam frustração com a lentidão nos processos e a dificuldade de realizar um atendimento resolutivo.

  1. Provas exigentes e pouco frequentes

Os concursos cobram muito mais que conhecimento médico: são abordados como estrutura do SUS, políticas públicas, ética e legislação. E os editais nem sempre são regulares. Além disso, é comum que as vagas estejam em cidades menores ou distantes, o que exige adaptação.

Leia mais: Concurso para médicos: como funciona e quais são os benefícios

  1. Crescimento profissional mais lento

A progressão na carreira pública é mais engessada. Os aumentos salariais dependem de leis e orçamentos, e nem sempre acompanham a inflação. Para quem tem perfil mais dinâmico e deseja crescer rápido, isso pode ser um obstáculo.

Saiba: Carreira Médica no exterior: Desafios e motivações

Para quem essa escolha faz sentido?

A carreira pública costuma ser uma boa opção para médicos com perfil assistencialista, que se identificam com o trabalho no SUS e com a atenção primária à saúde. Também tende a agradar quem valoriza estabilidade, previsibilidade e um equilíbrio mais claro entre vida pessoal e profissional.

Por outro lado, médicos com perfil mais empreendedor — que sonham em abrir consultório, atuar com estética, inovar na prática clínica ou seguir uma carreira acadêmica — podem se sentir limitados pela rotina e estrutura do serviço público.

Como aponta o Dr. Bruno Lagoeiro, fundador do Whitebook, empreender na medicina vai além da formação técnica: exige preparo para enfrentar desafios como captação de recursos, gestão estratégica e marketing médico. É um caminho que demanda iniciativa, resiliência e disposição para aprender constantemente.

Leia: Empreendedorismo médico: como saber se está pronto para empreender?

Dá para conciliar?

Na maioria dos casos, sim. Muitos médicos concursados conseguem manter outras frentes de trabalho, como consultório próprio, plantões em hospitais privados ou até carreira docente. A possibilidade de conciliar depende basicamente de dois fatores: a carga horária do cargo público e as regras específicas do edital — alguns exigem dedicação exclusiva, enquanto outros são mais flexíveis.

Do ponto de vista ético, não há impedimento. O Código de Ética Médica permite que o profissional atue em diferentes vínculos ao mesmo tempo, desde que respeite princípios como a autonomia, o zelo pelo paciente e a ausência de conflito de interesses. Ou seja, o médico precisa garantir a qualidade do atendimento em todos os espaços em que atua, sem usar a estrutura pública para benefício privado ou comprometer sua conduta profissional.

Já no aspecto legal, a própria Constituição Federal (art. 37, inciso XVI) autoriza a acumulação de até dois cargos públicos na área da saúde, desde que haja compatibilidade de horários. Essa regra tem sido uma opção comum para médicos que atuam, por exemplo, em duas prefeituras diferentes ou que conciliam um cargo estadual com outro municipal.

No fim das contas…

Optar pela carreira pública na medicina vai além de pensar em salário fixo ou carga horária definida. É uma escolha que envolve propósito, estilo de vida e o tipo de impacto que você quer gerar como profissional. Se você valoriza a estabilidade, acredita no potencial transformador da saúde pública e está disposto a lidar com desafios como a burocracia e a limitação de recursos, o serviço público pode ser o seu lugar. E, para muitos, tem sido uma escolha não apenas sólida, mas cheia de sentido e profundamente gratificante.

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Referências bibliográficas

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