Empreendedorismo médico: como saber se está pronto para empreender?

O empreendedorismo médico é uma tendência em crescimento, e muitos profissionais da saúde estão explorando novos horizontes além da prática assistencial. Mas como um médico pode saber se está pronto para iniciar sua própria jornada empreendedora?

Para responder a essa pergunta, conversamos com o Dr. Bruno Lagoeiro, fundador do Whitebook, empreendedor, investidor e palestrante do Afya Summit 2024. Segundo ele, o primeiro passo para qualquer médico que deseja empreender é ter curiosidade e disposição para investigar problemas.

“A curiosidade e a vontade de investigar são essenciais, seja para abrir uma startup, uma clínica ou um consultório”, afirma Dr. Bruno. Ele destaca que o sucesso no empreendedorismo começa com a compreensão da dor ou problema que se deseja resolver.

Para o médico, essa habilidade de identificar e organizar informações é natural, desenvolvida durante a formação acadêmica. No entanto, empreender vai além do que se aprende na faculdade, e o profissional precisa estar preparado para enfrentar desafios que incluem captação de recursos, gestão de negócios e marketing para alavancar seu empreendimento.

A base que todo médico deve ter

Segundo Dr. Bruno, a prática clínica oferece uma vantagem competitiva significativa para quem deseja empreender. “Quem vive o dia a dia da saúde, que conhece de perto a realidade desse setor, consegue enxergar muito mais problemas e oportunidades do que alguém de fora”, explica. Isso dá aos médicos um olhar mais aguçado sobre os desafios que podem ser transformados em oportunidades de negócios.

Por outro lado, ele também alerta sobre o perfeccionismo, que pode se tornar um obstáculo na transição para o empreendedorismo. “Muitas vezes, os médicos se prendem ao perfeccionismo, gastando muito tempo estudando o problema e tentando encontrar a solução perfeita”, destaca. O mais importante, segundo Dr. Bruno, é colocar a solução em prática e aprender com os desafios, pois é o feedback do cliente que realmente orienta o desenvolvimento do negócio.

Desafios

Na visão do médico, há um gap na formação tradicional em medicina:  direciona os profissionais exclusivamente para a carreira assistencial, o que os impede de identificar outras oportunidades de atuação. Para empreender, o médico precisa desenvolver habilidades de gestão e tomada de decisões fora do ambiente clínico, enfrentando desafios como recrutamento, contabilidade e fluxo de caixa.

Além disso, o médico pode lidar com preconceitos e desconfiança de seus colegas, o que aumenta a insegurança ao explorar o caminho do empreendedorismo, apesar dos exemplos bem-sucedidos que têm surgido.

Momento ideal

“Nunca estamos 100% prontos ou preparados para algo. Tudo acontece em ciclos, e vamos aproveitando as oportunidades que surgem ao longo do caminho”, explica Dr. Lagoeiro. Ele ressalta que o mais importante é ter clareza sobre o problema que se deseja resolver e se “apaixonar” pela ideia.

Seja um médico em início de carreira ou com uma trajetória já consolidada, o fundamental é estar ciente de que o empreendedorismo será uma jornada desafiadora, exigindo muita energia e dedicação: “Algumas habilidades técnicas, como programação ou compreensão de fluxos de caixa, podem ser necessárias ao longo do caminho. Se ele não quiser aprender essas habilidades, será preciso buscar sócios que as possuam.”

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Clínica x empreendedorismo

É possível equilibrar a prática assistencial com o empreendedorismo, mas, para Dr. Bruno, isso deve ser um caminho temporário. “Para que as coisas realmente funcionem e deem certo, é necessário direcionar energia, dedicação e esforço para o empreendimento”, afirma. Embora a medicina permita um modelo de trabalho duplo, chega um momento em que será preciso escolher entre os dois caminhos.

Essa flexibilidade inicial, no entanto, oferece segurança ao médico. Se o empreendimento não for bem-sucedido, o profissional pode voltar à prática assistencial. “Mas, para realmente fazer o negócio decolar, chega um momento em que é preciso escolher entre os dois mundos”, conclui Dr. Bruno Lagoeiro.

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