A coronariografia está indicada em pacientes com angina refratária ao tratamento clínico, grande área isquêmica em testes funcionais, na síndrome coronariana aguda de alto risco e nos sobreviventes de uma morte súbita por FV/TV. A presença de lesões subtotais ou oclusões totais agudas leva o hemodinamicista a intervir com angioplastia e colocação de stent, ao passo que lesões com estenose < 50-70% são tratadas clinicamente. Contudo, nas lesões entre 70-90%, há grande dúvida da melhor abordagem.
O FFR (fractional flow reserve) foi lançado como um método capaz de mostrar se a estenose é hemodinamicamente relevante, a fim de indicar quais devem ser angioplastadas. Estudos como DEFER e FAME mostraram que lesões com FFR “normal” não precisam ser angioplastadas, pois isso não muda o prognóstico, mas vale a pena intervir se FFR estiver alterado, mesmo em estenoses pequenas.
FFR e coronariografia
O estudo Ripcord 2 apresentava um objetivo ousado: comparar a FFR em todas as artérias de todos os pacientes submetidos à coronariografia versus o uso tradicional. Foram incluídos 1.100 pacientes, com idade média de 64 anos e 75% de homens. O desfecho foi a avaliação da qualidade de vida, angina recorrente e custos. Os resultados mostraram que não houve diferença: o FFR não foi nem pior, nem melhor.
Para a prática, este resultado não muda a visão atual: estenoses subtotais, em especial se aguda, devem ser tratadas sem precisar de FFR. Em estenoses < 50%, basta o tratamento clínico. Já as lesões moderadas, de 50-90%, devem ser avaliadas quanto à presença de sintomas, se são agudos ou crônicos e achados de exames de imagem, como ECG, ecocardiograma e testes funcionais, sendo o FFR indicado quando há dúvida se devemos ou não angioplastar a lesão.
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Referência bibliográfica:
- Curzen N. RIPCORD 2: Does routine pressure wire assessment influence management strategy of coronary angiography for diagnosis of chest pain. Presented at: ESC 2021. August 29, 2021.
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