O remimazolam possui um início de ação ultrarrápido e uma duração curta com potente propriedade sedativa, ansiolítica e anticonvulsivante, agindo também como um forte relaxante muscular, unindo os efeitos farmacodinâmicos e farmacocinéticos do midazolam e do remifentanil. Como a sua estrutura combina características dessas duas drogas, o seu metabolismo é rápido e realizado principalmente pelas esterases hepáticas.
Ação
Sua ação consiste em ser um agonista do receptor inibitório do ácido gama-aminobutírico tipo A (GABAa) promovendo efeito sedativo e ansiolítico, como todos os outros benzodiazepínicos e permitindo a realização de uma indução e manutenção da sedação com rápida recuperação após a interrupção da infusão venosa.
Administrado por via endovenosa (EV) tem início de ação em torno de 1 a 2 minutos, com uma duração de aproximadamente 15 minutos, com pico de ação em 3 minutos. Possui um alto volume de distribuição e rápida redistribuição tecidual, apresentando uma meia vida de aproximadamente 45 minutos com excreção renal. Não sofre metabolismo pelo citocromo P450, reduzindo as interações medicamentosas e tornando-se compatível com a administração concomitante de outros anestésicos comuns.
Recomendações
A Food and Drug Administration (FDA) recomenda uma dose de 2,5 a 5 mg EV em bolus seguida de doses de manutenção de 1,25 a 2,5 mg EV após dois minutos.
Estudos demonstram que também pode ser utilizada para indução de anestesia geral na dose de 6 a 12 mg/kg/h EV seguida de uma manutenção com dose de 1-2 mg/kg/h EV, tendo um efeito hipnótico semelhante ao do propofol, assim como menos episódios de hipotensão pós indução também quando comparado ao uso de propofol.
Em relação a pacientes internados em unidades de terapia intensiva, houve um estudo com 23 pacientes que necessitaram de ventilação mecânica e utilizaram remimazolam para sedação em uma dose inicial de 0,02–0,05 mg/kg EV seguida de uma dose de manutenção de 0,2–0,35 mg/kg/hr. Esses pacientes apresentaram uma sedação satisfatória sem comprometimento cardiopulmonar.
Demonstra ser uma droga potencialmente segura promovendo uma mínima depressão respiratória e cardíaca quando comparada ao propofol, mas semelhante quando comparada ao midazolam. Quando utilizada junto a drogas como os opioides pode apresentar maiores características depressoras, porém é importante salientar, que é uma droga potencialmente revertida com o uso do flumazenil.
Apesar de ser uma droga que vem apresentando bastante segurança na sua utilização, alguns estudos ainda são necessários para utilização em determinadas classes de pacientes, principalmente por ser uma droga de liberação recente no mercado. Pacientes com estado neurológico alterado, deve-se ter parcimônia no seu uso, uma vez que benzodiazepínicos comuns já causam delirium no pós-operatório e a relação do remimazolam e alterações cognitivas a longo prazo ainda não foi prontamente estabelecida.
Em relação a pacientes idosos e clinicamente instáveis (ASA3-4), a FDA sugere uma pequena diminuição da dose total, assim como em paciente hepatopatas graves, não sendo necessário nenhum ajuste de dose para pacientes renais.
O uso em pacientes pediátricos está sendo realizado apenas de forma off label com resultados satisfatórios, não sendo ainda utilizados em gestantes.
Se tratando de reações adversas é considerada uma droga segura, uma vez que seus efeitos são rápidos e prontamente revertidos com flumazenil. Apesar de ser raro a ocorrência de ressedação após o uso do reversor, alguns poucos casos já foram relatados. Como exemplo de reações adversas podemos citar maior índice de náuseas e vômitos quando comparada ao propofol, alterações de frequência cardíaca e da pressão arterial e cefaleia. É contraindicada em pacientes que possuem alergia ao Dextran 40, uma vez que a injeção possui essa substância e já foram relatados casos de anafilaxia.
O remimazolam vem apresentando um papel promissor no seu uso rotineiro na prática clínica, principalmente para pacientes que serão submetidos a exames como cateterismo cardíaco, endoscopia, radiologia intervencionista, exames de imagem como ressonância nuclear magnética e procedimentos cirúrgicos de curta duração.
Conclusão
Apesar de ser uma droga nova, e necessitar de mais estudos específicos, é uma opção segura e eficaz para ser introduzida na rotina diária do anestesista, aumentando o leque de possibilidades medicamentosas com significativo risco benefício proporcionado.
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