A ventilação pulmonar mecânica via tubo endotraqueal é necessária em aproximadamente 40% das crianças gravemente doentes e configura-se uma terapêutica de suma importância no suporte de várias enfermidades. Contudo, é passível de complicações como pneumonia associada à ventilação.
Ademais, o uso do tubo endotraqueal compromete o transporte mucociliar, impede o fechamento glótico e prejudica o reflexo da tosse. Além disso, é passível de obstrução. As complicações relacionadas ao uso de tal dispositivo na pediatria, por outro lado, ainda são incipientes e inconsistentes.
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Desenho do Estudo
Neste contexto, um estudo do tipo revisão sistemática e meta-análise de estudos observacionais buscou estimar a incidência de complicações associadas ao uso do tubo endotraqueal em crianças internadas em unidade de terapia intensiva pediátrica.
Para isso, bases de dados como Pubmed e Embase foram utilizadas, sendo pesquisados estudos de coorte e ensaios clínicos randomizados, publicados em inglês entre 2012 a 2023. Infecção relacionada à ventilação mecânica foi considerada o desfecho primário. Após análise rigorosa, trinta e quatro estudos foram selecionados.
Resultados
No que concerne aos resultados, a pneumonia associada à ventilação mecânica foi a complicação mais comum (13,5/1.000 dias de ventilação [IC 95%: 8,2 – 22,2]) associada ao uso de tubo endotraqueal, principalmente em países de baixa e média renda e quanto maior o tempo de permanência na ventilação invasiva.
A extubação acidental, por sua vez, foi a segunda mais comum (7,4/1.000 dias de ventilação [IC 95%: 5,1 – 10,7]), seguida por lesões por pressão associadas ao uso do tubo endotraqueal (5,4/1.000 dias de ventilação [IC 95% 1,7 – 16,6]) e obstrução do tubo (5/1.000 dias de ventilação [IC 95% 1,4 – 17,6]). Estridor pós-extubação e estenose subglótica também foram algumas das complicações citadas nos estudos.
Conclusão: complicações da intubação endotraqueal em crianças
O estudo destacou a alta incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica, o que reforça a necessidade da otimização dos cuidados dos pacientes críticos ao se considerar a morbimortalidade associada e os custos em saúde atrelados ao maior tempo de internação.
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