Pesquisa revela avanço na digitalização dos serviços de saúde no Brasil
A pesquisa TIC Saúde 2024, lançada em outubro, revelou que 92% dos estabelecimentos de saúde no Brasil já utilizam sistemas eletrônicos. No entanto, apenas 23% dos médicos e enfermeiros passaram por capacitação tecnológica no último ano.
O levantamento, conduzido pelo Cetic.br e divulgado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), destaca que, embora a adoção de tecnologias nas instituições de saúde tenha avançado, o treinamento de profissionais ainda é insuficiente para lidar com as demandas digitais.
Números: digitalização dos serviços de saúde
Entre os médicos e enfermeiros que participaram de treinamentos em saúde digital, os principais temas abordados incluíram: segurança do paciente; ética, segurança e privacidade; análise de dados e cuidados centrados no paciente.
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A pesquisa também apontou que o uso de computadores nos estabelecimentos de saúde atingiu 97%, com um aumento no uso de notebooks e tablets, principalmente em Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde 97% utilizam registros eletrônicos. De acordo com o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa, a informatização melhora a segurança do atendimento e facilita o compartilhamento de dados.
Inteligência artificial
Cerca de 17% dos médicos e 16% dos enfermeiros já utilizam ferramentas de Inteligência Artificial (IA) generativas, entre os médicos as ferramentas são utilizadas principalmente para pesquisa (69%) e como auxílio na produção de relatórios para prontuários (54%)
A pesquisa mostrou que 4% dos estabelecimentos de saúde adotaram Inteligência Artificial. Desses, 67% utilizaram o recurso para automatizar fluxos de trabalho e 49% para mineração de texto e a análise de linguagem escrita. Aplicações como ChatGPT e Bard aparecem em 63% dos locais pesquisados. Com o uso desse tipo de recurso sendo mais prevalente em estabelecimentos privados.
Nos locais que não adotaram ferramentas de IA, as justificativas são de custo (49%), não haver necessidade (59%), e não ser prioridade (61%).
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Telessáude
A pesquisa também revelou a prevalência de serviços de telessaúde. Um terço dos estabelecimentos oferece serviços do tipo, como agendamento online e teleconsultoria, sendo está última mais disponibilizada, 30%, do que serviços de teleconsulta (23%) ou telediagnóstico (23%).
Embora tanto estabelecimentos privados quanto públicos apresentem 23% de disponibilidade para teleconsulta, serviços de teleconsultoria e telemonitoramento são mais prevalentes na rede particular (38% vs 23% e 24% vs 9%, respectivamente).
Segurança
Na área da segurança da informação, a pesquisa mostrou uma preocupação crescente no uso de criptografia de base de dados e e-mails e utilização de certificados digitais.
Além disso, apontou a presença maior de uma preocupação sobre a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) em estabelecimentos privados do que em públicos. Segundo o relatórios, em 2024, 54% dos estabelecimentos privados realizaram alguma companha de conscientização sobre a questão, contra 28% dos estabelecimentos públicos.
No campo privado também houve maior preocupação com a concepção de planos de contingência em caso de incidentes relacionados à segurança de informação e apontamento de pessoas encarregadas pela área. Em 47% dos estabelecimentos foram oferecidos treinamentos em segurança de informação, também com ocorrência maior em locais privados.
A TIC Saúde 2024 envolveu 2.057 gestores e 2.021 profissionais de saúde entre fevereiro e agosto de 2024.
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