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Saúde2 dezembro 2019

SUS pretende usar inteligência artificial para agilizar atendimentos

O projeto Conecte SUS, que está em fase de testes na Secretaria de Saúde de Alagoas, é o primeiro passo para modernizar a rede de atendimento do SUS.

Por Úrsula Neves

O projeto Conecte SUS, que está em fase de testes na Secretaria de Saúde de Alagoas, é o primeiro passo para informatizar e modernizar a rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em entrevista para a Agência Brasil, o ministro da saúde explicou que a iniciativa cria uma rede nacional de dados que permitirá aos profissionais de saúde ter acesso aos perfis de qualquer usuário do SUS através de um banco online, onde estarão disponíveis todos os procedimentos e recursos utilizados por esses pacientes.

Estarão disponíveis informações, como vacinação, procedimentos cirúrgicos, exames, consultas regulares e medicamentos receitados constarão na ficha médica do paciente. A ideia inicial é disponibilizar esses dados entre os estabelecimentos públicos e privados, desde que sejam atendidos todos os critérios técnicos de segurança.

De acordo com o ministro, o uso da tecnologia de inteligência artificial para criar filtros e estabelecer parâmetros nos atendimentos vai agilizar as filas de espera e ainda irá ajudar na distribuição de recursos estaduais e municipais de forma mais inteligente.

médico usando tablet e computador no novo sistema de informatização do sus

Sobre o Conecte SUS

A expectativa é que metade dos estados brasileiros esteja ligada ao Conecte SUS até o final de 2021. “Acreditamos que, a partir do uso da Rede Nacional de Dados (RNDS), teremos uma visão macro sobre os padrões de atendimento e, com isto, gerar dados robustos para a tomada de decisão, entre elas, a diminuição da fila. O uso de inteligência artificial pode auxiliar a identificar prioridades”, afirmou o ministro Mandetta em entrevista.

Entre as novas iniciativas tecnológicas planejadas para o atendimento público de saúde estão ainda a possibilidade da criação da carteira de vacinação digital, um padrão de prescrição nacional de medicamentos, de medidas para reduzir as fraudes e o mau uso dos serviços de saúde, entre outros.

Para o médico Marcelo Gobbo Jr., residente de Medicina da Família e Comunidade pela Fundação Pio XI, do Hospital de Câncer, em Barretos, e colunista da PEBMED, essas inovações são um campo direcionador da gestão com um impacto direto na qualidade do serviço prestado aos usuários do SUS.

“Sistemas de outros países utilizam bancos de dados únicos, o que facilita a gestão e a dispensação de recursos. Esse mesmo tipo de banco permite o crescimento acadêmico, a determinação das demandas em saúde mais proeminentes e a organização do fluxo de serviços. De modo imediato, um banco único já permitiria determinar a prevalência real dos principais agravos em saúde com uma qualidade de informação superior aos dados que são utilizados hoje, que dependem em muito de notificações compulsórias e de atestados de óbito. Um sistema unificado ainda permite seguir o paciente em qualquer ponto da rede de cuidado e não o restringe a uma única região ou território, o que garante uma longitudinalidade do cuidado do paciente e um cuidado de fato integral”, explica o especialista.

Marcelo Gobbo Jr. complementa destacando que a criação de um sistema unificado de prontuários poderia também ser de grande importância para o acompanhamento dos pacientes.

“Sem dúvida, a medida mais interessante junto com o banco de dados seria um sistema unificado de prontuários. Um banco de dados mimetiza isso, mas apenas com dados do que é diagnosticado e tratado. Um prontuário eletrônico livre e único permitiria ainda mais detalhes dos caminhos de saúde percorridos pelo paciente e, acima de tudo, uma integralidade de cuidado, atendendo o paciente em seu contexto global e não apenas limitando-o ao cuidado de especialidade ou de determinados tipos de serviço de saúde”, conclui o médico.

Leia também: Lei determina que o SUS ofereça o diagnóstico de câncer em até 30 dias

Alagoas

Alagoas é o primeiro estado a receber o projeto, que conta com a tecnologia para produzir e disponibilizar informações confiáveis da saúde pública. Serão investidos R$ 21,1 milhões até 2020 na implantação do sistema.

Além do apoio financeiro, a pasta vai realizar treinamento para uso do programa e suporte para sanar dúvidas do dia a dia. Os gestores locais serão os responsáveis por gerenciar os recursos que serão investidos.

De acordo com o ministro da saúde, Alagoas foi escolhido por representar as diferenças geográficas que também serão encontradas no Brasil.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

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