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Saúde23 abril 2025

Mesmo preveníveis, mortes maternas por hipertensão persistem no Brasil

Estudo revela que negras e indígenas morrem até três vezes mais que brancas; pré-natal tardio e falhas no acesso a medicamentos agravam o problema da hipertensão

Um estudo da Unicamp revela que as mortes de gestantes por hipertensão persistem no país, mesmo sendo totalmente preveníveis. A pesquisa, que analisou dados de 2012 a 2023, destaca a influência da desigualdade: mulheres indígenas e negras morrem duas a três vezes mais que as brancas.

Segundo os pesquisadores, não há predisposição biológica para essa disparidade, mas sim fatores sociais, como pobreza, menor acesso à educação e atendimento médico precário. O racismo estrutural também contribui para tratamentos desiguais e desconfiança nos serviços de saúde.

Leia ainda: OMS alerta: gravidez e parto ainda matam 300 mil mulheres por ano no mundo 

Números alarmantes

Em 11 anos, quase 21 mil mulheres morreram no período gravídico-puerperal, sendo 18% por complicações da hipertensão. A taxa geral de mortalidade materna no Brasil (61,8/100 mil) está abaixo do limite da OMS, mas ainda é muito superior à de países desenvolvidos (2 a 5/100 mil).

Em 2022, houve um pico de mortes (11,94/100 mil), possivelmente devido à desorganização dos serviços de saúde durante a pandemia. O estudo também alerta para o início tardio do pré-natal no Brasil, que em média só ocorre no quarto mês de gestação.

Mesmo preveníveis, mortes maternas por hipertensão persistem no Brasil

Prevenção possível

Dois medicamentos baratos (carbonato de cálcio e AAS) podem reduzir em 40% as complicações se administrados antes da 16ª semana. No entanto, é essencial capacitar profissionais para identificar riscos e garantir o acesso aos remédios.

Sintomas como dor de cabeça persistente, inchaço intenso e alterações visuais exigem atendimento imediato. O sulfato de magnésio é crucial para evitar convulsões, que elevam em 50% o risco de morte.

Risco aumentado

A taxa de mortalidade após os 40 anos chega a 31/100 mil, pois muitas mulheres já têm condições pré-existentes, como hipertensão ou diabetes. Além disso, parte das mortes por hemorragia pode estar relacionada a complicações hipertensivas não diagnosticadas.

O estudo reforça a necessidade de políticas públicas eficazes para reduzir essas mortes, que refletem falhas no sistema de saúde e desigualdades sociais.

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Referências bibliográficas

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