Após 3 anos com valor menor do que o índice verificado em 2019, a expectativa de vida ao nascer da população brasileira superou os patamares pré-pandemia, alcançando os 76,4 anos (73,1 para homens e 79,7 para mulheres) de acordo com relatório recentemente publicado pelo IBGE. Além desse novo patamar, a Tábua Completa de Mortalidade para o Brasil de 2023 também mostrou que a expectativa de vida aos 60 anos média para o brasileiro chegou a 22,5 (20,7 para homens e 24 para mulheres), com uma taxa de mortalidade infantil (menores de 1 ano) de 12,5 óbitos para cada mil nascimentos e uma taxa de mortalidade na infância (menores de 5 anos) em 14,7 óbitos.
Os dados do IBGE mostram que todos os índices foram impactos pela pandemia de covid-19, principalmente nos piores anos (2020-2021) com a expectativa de vida e sobrevida menores e crescimento na taxa de mortalidade bruta: de 6,5 para cada mil habitantes em 2019 para 7,4 e 8,7 em 2020 e 2021, respectivamente, e reduzindo para 6,9 em 2023. Interessante notar que a as taxas de mortalidade infantil e na infância sofreram redução em 2020 e 2021, provavelmente devido às medidas de proteção e isolamento social.
Essa retomada das tendências pré-pandemia, em conjunto com o menor número de nascimentos no país, refletindo uma taxa de taxa de fecundidade total (TFT) de 1,6 filhos por mulher em idade fértil (entre 15 e 49 anos) em 2023, fizeram o país apresentar um percentual de população acima dos 60 anos maior do que a média da América Latina (13,4%). No Brasil, 15,8% da população tem mais de 60 anos, no México, por exemplo, esse índice é de 12,2% e na Colômbia está em 12,6%.
Impactos de uma expectativa de vida maior
De acordo com o relatório, uma população envelhecida está exposta a riscos de saúde diferentes. E isso pode ser observado nos números das principais causas de óbito no Brasil. Enquanto nas mortes da população mais jovem predominam as causas ligadas à categoria de “Acidentes, agressões e lesões autoprovocadas” (CID-10 – V01-Y98), para uma população mais velha aumentam as chances de óbito por doenças cardiovasculares e câncer. Ainda que, no Brasil, essa transição de causas de óbito principais aconteça muito mais cedo para mulheres (aos 30 anos) do que para homens (45 anos).
Entre 30 e 69 anos de idade o câncer é predominante como causa de óbito entre mulheres.
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Crescimento na mortalidade por câncer
Analisando dados de 2019 a 2023, a publicação Síntese de Indicadores Sociais apontou o crescimento de 7,7% das mortes devido a “Neoplasias [tumores] malignas(os)” (CID 10 – C00-C97) na lista de causas de óbito da população brasileira dentro do quinquênio. A categoria figurou como a maior responsável por óbitos no país nos cinco anos verificados, perdendo apenas para covid-19 em 2021. Mortes por covid-19, nos dados preliminares de 2023, ficaram na 24ª posição, dentro da categoria “Outras doenças por vírus” (CID 10 – B25-B34), item que apresentou a maior variação no período analisado devido à pandemia.
Os tumores que correspondem a maior parte dos óbitos registrados no país tendo câncer como causa (53% em 2023), são os de estômago, cólon, pâncreas, fígado e esôfago; além dos ligados aos brônquios e pulmões, mama e de próstata.
Mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV)
Seguindo a mesma lógica ligada ao envelhecimento da população, o óbito devido a “Doenças Hipertensivas” (CID 10 – I10-I15) cresceu 15,6%. Crescimentos significativos também foram verificados em “Outras formas de doenças do coração” (CID 10 – I30-I52), 11,7%. Quando somadas, as categorias relacionadas com doenças do coração que também incluem “Doenças isquêmicas do coração” (CID 10 – I20-I25) e “Doenças cerebrovasculares” (CID 10 – I60-I69), responderam por 24,1% dos óbitos totais em 2023 (353,3 mil de 1.463.546 totais).
Dentro dessas classificações, as principais causas foram infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e hipertensão essencial (primária).
A publicação do IBGE também ressalta diferença entre a população branca e de negros e pardos. Entre 30 e 69 anos de idade, homens pretos ou pardos morrem 36% mais por doenças do coração do que por câncer, enquanto homens brancos possuem níveis semelhantes entre as causas. Já entre mulheres brancas, negras ou pardas na mesma faixa, há um número maior de óbito por câncer do que por doenças do coração. Contudo, entre mulheres negras ou pardas também são registrados mais óbitos por doenças cardíacas em comparação com a população de mulheres brancas.
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