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Saúde1 setembro 2025

Europa aprova injeção semestral de lenacapavir para prevenção do HIV 

Novo antirretroviral oferece proteção quase total contra o HIV com apenas duas aplicações por ano, mas custo ainda é muito alto 
Por Roberta Santiago

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou o lenacapavir, primeiro antirretroviral injetável de aplicação semestral indicado para a profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV. Desenvolvido pela Gilead Sciences e já autorizado nos Estados Unidos em junho, o fármaco será comercializado na Europa sob o nome comercial Yeytuo. 

O diferencial do medicamento é a conveniência posológica: apenas duas doses anuais, com eficácia próxima a 100% na prevenção da infecção. Até agora, a PrEP disponível, inclusive no SUS desde 2017, baseia-se no uso diário de comprimidos, eficazes, mas que enfrentam barreiras de adesão. 

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A aprovação europeia ocorreu em regime de avaliação acelerada, dada a relevância para a saúde pública. O uso está autorizado para adultos e adolescentes com pelo menos 35 kg em risco elevado de exposição ao vírus. Segundo a EMA, a adesão insuficiente à PrEP oral, decorrente tanto do regime diário quanto do acesso desigual, reforçou a necessidade de alternativas de longa duração. 

Estudos comprovam eficácia para prevenção do HIV  

Do ponto de vista clínico, os dados de eficácia são robustos. O estudo Purpose-1, realizado na África do Sul e em Uganda com 5,3 mil mulheres cisgênero, não registrou casos de HIV entre as que receberam lenacapavir em dois anos de seguimento, contra 55 infecções nos grupos de PrEP oral. Já o Purpose-2, com 3,3 mil participantes de diferentes gêneros e etnias em 88 centros de pesquisa (incluindo Brasil, Argentina e Peru), mostrou eficácia de 96%, superior à PrEP tradicional. Ambos os resultados foram publicados no New England Journal of Medicine (NEJM). 

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A OMS incluiu o lenacapavir em suas diretrizes em julho, classificando-o como um marco na prevenção global do HIV. Entretanto, o preço representa obstáculo significativo: nos EUA, o custo anual supera US$ 28 mil por paciente. A Gilead firmou acordos com fabricantes de genéricos para distribuição em 120 países de baixa e média renda, mas o Brasil ficou de fora das negociações. 

Embora injetável, o fármaco não é uma vacina. Trata-se de um antiviral que permanece em circulação bloqueando a replicação viral, exigindo administração contínua. Especialistas veem na formulação semestral um avanço estratégico, com potencial para ampliar a adesão e reduzir novas infecções, especialmente em populações de maior vulnerabilidade.

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.

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