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Saúde1 outubro 2024

Demência atinge aproximadamente 8,5% da população com 60 anos ou mais 

Dados são de relatório produzido por especialistas do país, que se reuniram para debater os dados disponíveis sobre demência no Brasil

Em setembro, o Ministério da Saúde divulgou os dados do “Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras”, produzido em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com o objetivo de dimensionar a questão da demência na população brasileira.  

“Esse trabalho conjunto é uma grande oportunidade para conhecer a realidade da população brasileira e os fatores de riscos modificáveis. A atenção primária tem um papel chave, na qual podemos atuar no processo de promoção, prevenção, diagnóstico oportuno e, por fim, articular com a atenção especializada para um cuidado específico”, afirmou Jérzey Timóteo, secretário-adjunto de Atenção Primária do Ministério da Saúde. 

Saiba mais: Como reconhecer demências com rápida progressão de causas reversíveis? 

Demência atinge aproximadamente 8,5% da população com 60 anos ou mais 

Imagem de freepik

Prevalência

Segundo o documento, aproximadamente 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais convivem com a doença e o número de pessoas afetadas pode chegar a 8,74 milhões em 2059. 

O consenso do relatório chegou ao valor de prevalência de 9,1% em mulheres e 7,7% entre homens. Também foram apontadas variações regionais de prevalência, com a região Sul apresentando uma mediana de 7,3% e a Nordeste em 10,4%. Contudo, as regiões Norte e Nordeste apresentaram menor concordância entre os especialistas, o que para os responsáveis pelo documento evidencia a necessidade de estudos adicionais. 

Prevenção da demência

De acordo com os autores, embora até o momento não exista um tratamento definitivo para alterar o curso das demências, o controle dos fatores de risco é o principal meio de prevenção e diminuição de casos. O documento cita que a incidência de demência tem diminuído em países ricos nas últimas décadas o que possivelmente estaria associado a uma melhora em níveis educacionais e controle de fatores de riscos nessas populações 

O relatório cita alguns fatores de risco modificáveis com as faixas etárias mais associadas. 

Criança, adolescente e adulto jovem (< 45 anos): 

  • Baixo nível educacional 

Meia-idade (45-60 anos): 

  • Perda auditiva
  • Traumatismo cranioencefálico
  • Hipertensão arterial sistêmica
  • Abuso de álcool
  • Obesidade 

Idoso (> 60 anos): 

O relatório afirma que 48% dos casos de demência no Brasil poderiam ser prevenidos através do controle desses 12 fatores de risco modificáveis, e indica que no país o baixo nível educacional, hipertensão arterial, perda auditiva e obesidade são os fatores que apresentam os maiores índices de fração atribuível na população (FAP), “que estima a proporção de casos na população que poderiam ser atribuídos a um ou a um grupo de fatores de risco”. 

Leia também: Consumo de azeite de oliva e morte relacionada à demência

Subdiagnóstico e estigma 

A publicação ainda trata desses dois temas que influenciam no impacto das demências do Brasil. Segundo os dados analisados, apesar da evidência para o país ser baixa, com apenas dois estudos no estado de São Paulo apresentando a taxa de subdiagnóstico para o Brasil, na faixa dos 70%. No mundo, essa taxa varia entre 50% na Europa, 60% na América do Norte e mais de 90% na Ásia. 

Os cenários de estimativa elaborados para a produção do relatório colocam a taxa de subdiagnóstico no Brasil acima dos 80%, sendo mais baixas na região Sudeste, mais altas entre homens num geral e variando com a idade do paciente, mais altas entre 60 e 64 anos, caindo entre os 85 e 89 e voltando a aumentar em idosos com mais de 90 anos. 

Sobre o estigma relacionado com as demências, os autores descrevem duas formas principais:  

  1. “A primeira caracteriza-se por forte estereótipo de despersonalização em que a pessoa com demência passa a ser considerada “anormal”, supostamente não vivenciando os sentimentos como as demais pessoas.”
  2. “A segunda expressa-se por meio da “necessidade” de segregar e sedar a pessoa sob cuidado utilizando-se de medicamentos, como forma de controlar comportamentos e atitudes indesejáveis resultantes da demência.” 

Além de apontarem o fato de que os cuidados à pessoa que vive com demência demonstram caráter indefinido e subjetivo, com foco em medicamentos e sintomas, e não no paciente e suas necessidades. Pessoas com demência também sofrem com abusos, abandono e segregação. 

Em suas considerações finais, o relatório afirma que os pacientes com demência para lidar com o diagnóstico e com o estigma de terceiros passa a construir práticas “defensivas”, como: 

  • Compartilhar de forma seletiva o diagnóstico e suas experiências;
  • Minimizar e normalizar a demência e os sintomas;
  • Enfatizar a capacidade de viver uma vida ativa, apesar dos sintomas da demência;
  • Expressar os impactos positivos da demência em suas vidas. 

O Relatório Nacional sobre a Demência pode ser lido na íntegra através deste link.

*Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal Afya.

Autoria

Foto de Augusto Coutinho

Augusto Coutinho

Jornalista formado pela Universidade Estácio de Sá (UNESA) em 2009, com extensão em Produção Editorial (UNESP) e Planejamento Digital (M2BR Academy).

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