Alterações no padrão de sono após infecção por covid-19
Uma nova condição encontrada e que pode também fazer parte da síndrome da covid-19 longa ou sequela aguda pós-covid-19 é o distúrbio de sono.
Já é sabido que muitos pacientes infectados pelo vírus da covid-19, apresentam após a sua cura, a síndrome do covid-19 longa que é o surgimento de diversas alterações clínicas como dor crônica e distúrbio cognitivo que perpetuam por meses após a remissão do quadro infeccioso. Essas alterações acabam promovendo uma diminuição da qualidade de vida desses pacientes e passa a ser preocupante e objeto de estudos de vários cientistas.
Distúrbio do sono
Uma nova condição encontrada e que pode também fazer parte da síndrome da covid-19 longa ou sequela aguda pós-covid-19 é o distúrbio de sono. Alterações de sono moderadas a severas estão afetando cerca de 40% de pacientes após a infecção por covid-19, sendo mais comum em pacientes de raça negra.
A Dra Cinthya Pena Orbea, especialista da Clínica de Sono da Cleveland Clinic, relata que a prevalência desses distúrbios está alarmante. Em um estudo realizado pela equipe da Dra Pena, foram analisado dados de 962 pacientes com síndrome da covid-19 longa na Cleveland Clinic ReCOVer Clinic no periodo de Fevereiro de 2021 até Abril de 2022. Esses achados foram apresentados na SLEEP 2022: 36th Annual Meeting of the Associated Professional Sleep Societies.
Mais de 2/3 dos pacientes estudados, cerca de 67,2%, relataram pelo menos a presença de sintomas como fadiga moderada, enquanto 21,8% relataram fadiga severa. Além disso, 41,3% dos pacientes avaliados relataram presença de disturbios de sono moderados e 8% disturbios de sono de intensidade severa, incluindo insônia. Todos esses distúrbios acabram por alterar a qualidade de vida dos pacientes em questão.
Alguns outros fatores foram ligados ao aparecimento desses sintomas relacionados ao sono. Entre eles podemos citar a obesidade, distúrbios de humor e a raça negra.
“Não sabemos ainda o porque desses fatores demográfocos em relação a raça serem preponderantes, porém estamos estudando para melhor entender porque a raça está se mostrando um fator determinante para o desenvolvimento de alterações específicas do sono após a infecção por covid-19” relata a Dra Pena.
Não se sabe ao certo por quanto tempo esses sintomas perduram após o diagnóstico, porém o que se tem evidenciado é que na população acometida, as alterações permanecem por um período de seis a oito meses.
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A Dra Ruth Benca, PhD, e chefe da Alliance for Sleep não se mostra surpresa com os achados da clínica de Cleveland. Segundo ela, a insonia foi um distúrbio de sono que acabou afetando toda a população, mesmo as pessoas não infectadas, devido a situação de medo, incerteza, ansiedade, estresse e isolamento criada pela pandemia. E ter efetivamente o diagnóstico de covid-19, agravou mais ainda a presença e persistência desse distúrbio.
Será portanto que os distúrbios de sono apresentado pelos pacientes após infecção por covid-19 são efetivamente sequelas causados pela infecção ou apenas um agravamento de distúrbios que surgiram no decorrer da pandemia? Muito ainda precisa ser estudado e analisado para que conclusões definitivas sejam afirmadas.
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