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Infectologia4 março 2022

A vacinação reduz os sintomas da síndrome pós-covid?

A sindrome pós-covid, também conhecida como long covid, consiste na persistência de sintomas da covid-19, por semanas e até meses a anos.

Por Filipe Amado

A sindrome pós-covid, também conhecida como long covid, consiste na persistência de sintomas da covid-19, por semanas, após insulto agudo, com potencial para duração de meses a anos. Os sintomas incluem fadiga, dispneia e tosse persistente. A literatura também reporta desenvolvimento de novas incapacidades, transtornos na saúde mental e dificuldade para retorno ao trabalho.  

A vacinação contra a covid-19 reduz o risco de infecção sintomática pelo coronavírus, conforme dados epidemiológicos globais. Consequentemente, a vacinação pode reduzir adicionalmente o risco de síndrome pós-covid se uma pessoa vacinada for infectada pela covid-19. Enquanto não há nenhuma recomendação contra a vacinação de pacientes com long covid, não está claro como a vacinação de pacientes com long covid estabelecida, não vacinados anteriormente, pode melhorar ou piorar os sintomas da condição.

síndrome pós-covid

Revisão realizada pela Agência Britânica de Saúde 

A Agência Britânica de Saúde desenvolveu documento visando sumarizar e descrever as principais evidências relacionadas ao impacto da vacinação na mitigação de sintomas da long covid. O objetivo foi avaliar a efetividade da vacina em dois cenários:   

  • Nos casos que receberam a vacina antes de serem infectados, a vacina reduziu a incidência de long covid? 
  • Nos casos que receberam a vacina após a infecção por covid-19, a vacina foi efetiva na redução ou eliminação dos sintomas da long covid?

Principais achados 

A revisão incluiu 15 estudos que abordaram a eficácia da vacina contra a long covid (até janeiro de 2022). Vale ressaltar que trata-se de revisão narrativa não formal, publicada em meios próprios da agência. No entanto, confere uma excelente revisão do que tem sido produzido até aqui neste tópico.

A vacinação antes da infecção pela covid-19 reduz o risco de desenvolver long covid?

  • Alguns estudos evidenciaram que pacientes vacinados (uma ou duas doses), previamente à infecção pela covid-19, desenvolveram um menor número de sintomas da long covid (curto, médio e longo prazo).
  • Dois estudos adicionais evidenciaram que os casos com vacinação completa desenvolveram um menor número dos seguintes sintomas, a médio e longo prazo, quando comparados com não vacinados: fadiga, cefaléia, doença intersticial pulmonar, mialgia, entre outros.

Qual efeito da vacinação em pacientes com long covid? 

  • Três estudos evidenciaram que um maior número de pacientes reportaram melhora dos sintomas após a vacinação (alguns imediatamente, outros após semanas). No entanto, alguns casos, em todos os estudos, relataram piora dos sintomas após a vacinação. 

Todos os estudos analisados foram observacionais. Portanto, os resultados podem ser decorrentes de diferenças não necessariamente relacionadas à vacinação. Outro ponto apontado foi a heterogeneidade entre os estudos incluídos quanto à definição da long covid.

Leia também: Vacinas intranasais: Uma alternativa para a covid-19?

Mensagens práticas  

  • Existe evidência que nas pessoas vacinadas, quando posteriormente infectadas pela covid-19, existe menor probabilidade de desenvolvimento de sintomas da long covid do que em não vacinadas (a curto, médio e longo prazo); 
  • Tal fato pode ser um benefício adicional da vacinação, além da prevenção da infecção pela covid-19; 
  • Há ainda evidência que não-vacinados com long covid tiveram melhora dos sintomas após vacinação (embora alguns tenham relatado piora dos sintomas); 
  • Novamente, os estudos avaliados pela revisão são observacionais. Devemos ter cautela na interpretação dos resultados.

Referências bibliográficas:

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