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Psiquiatria4 julho 2024

Revisão do manejo da depressão em adultos 

A depressão é um transtorno mental prevalente, afetando aproximadamente 9% dos adultos nos Estados Unidos anualmente
Por Maria Gerude

A prevalência da depressão ao longo da vida de cerca de 17% para homens e 30% para mulheres. Em comparação com pessoas sem sintomas significativos de depressão, a depressão maior está associada a um aumento de oito vezes no risco de suicídio. A pandemia de covid-19 exacerbou esse quadro, especialmente entre os jovens adultos. Uma meta-análise de 83 estudos, incluindo 41.344 pacientes, encontrou uma prevalência geral de 27,0% (IC 95%, 24,0%-29,0%) entre pacientes de cuidados ambulatoriais.  Este artigo revisa as evidências atuais sobre o diagnóstico e o tratamento da depressão unipolar em adultos. 

Revisão do manejo da depressão em adultos 

Métodos 

Os autores realizaram uma busca abrangente no PubMed entre janeiro de 2010 e fevereiro de 2024, focando em revisões sistemáticas e meta-análises relevantes para a depressão. A revisão incluiu 176 artigos, dos quais 110 foram considerados para análise, englobando meta-análises, revisões sistemáticas, estudos narrativos, ensaios clínicos randomizados, estudos de coorte e diretrizes clínicas. 

Apresentação clínica da depressão

A depressão é caracterizada por humor deprimido ou perda de interesse em atividades, acompanhada por outros sintomas psicológicos (como dificuldade de concentração, sentimentos de inutilidade ou pensamentos suicidas) e somáticos (como fadiga, alterações no sono e no apetite).  

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O Questionário sobre Saúde do Paciente (PHQ-9) é uma ferramenta de rastreio que consiste em nove perguntas relacionadas aos sintomas da depressão, baseadas nos critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Pontuações de 5 a 9 do PHQ-9 geralmente representam sintomas leves de depressão; 10 a 14, sintomas moderados; 15 a 19, sintomas moderadamente graves; e 20 ou mais, sintomas graves.  

Uma vez identificado com depressão na triagem, esse paciente deve ser encaminhado para um especialista e deve-se investigar ideação suicida com planejamento ou intenção, provável transtorno bipolar, sintomas psicóticos, ansiosos ou uso de substâncias como álcool e drogas. 

Tratamento 

Ao planejar o tratamento, é importante levar em conta a gravidade da depressão, as preferências do paciente e a acessibilidade aos tratamentos disponíveis. Além disso, o plano deve abordar as preocupações específicas dos pacientes, como cansaço, dificuldade para dormir, dor contínua e fatores de estresse presentes em sua vida cotidiana. 

As estratégias de tratamento de primeira linha para a depressão incluem psicoterapia, medicamentos antidepressivos ou uma combinação de ambos. Estudos clínicos randomizados indicam que não há diferença significativa na eficácia entre psicoterapias específicas e medicamentos antidepressivos, mas a combinação dos dois tratamentos mostra-se ligeiramente mais eficaz, especialmente em casos de depressão severa ou crônica. 

Uma meta-análise de 101 ensaios clínicos com 11.901 pacientes revelou que não há diferença significativa entre a psicoterapia isolada e a medicação isolada (diferença média padronizada [DMP] de 0,04; IC 95%, -0,09 a 0,16). A taxa de resposta típica é de 50% com psicoterapia ou medicação isolada, em comparação com 65% para o tratamento combinado. A combinação de psicoterapia e medicação pode proporcionar benefícios mais duradouros do que o uso isolado de antidepressivos. 

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As principais abordagens psicoterapêuticas incluem a terapia cognitiva, ativação comportamental, terapia de resolução de problemas, terapia interpessoal, terapia psicodinâmica breve e psicoterapia baseada em mindfulness, todas demonstrando efeitos moderados na melhora dos sintomas em comparação com o cuidado usual sem psicoterapia. 

As diretrizes atuais sugerem que o tratamento de primeira linha deve considerar a gravidade da depressão, as preferências do paciente e a acessibilidade aos tratamentos. Para depressão leve (escores PHQ-9 abaixo de 10), psicoterapias como a terapia cognitivo-comportamental e outras são eficazes, e os antidepressivos geralmente não são recomendados. Para depressão moderada (escores PHQ-9 entre 10 e 14), são recomendados medicamentos antidepressivos ou psicoterapias, com a combinação de ambos mostrando melhores resultados. Para depressão moderadamente grave ou grave (escores PHQ-9 de 15 ou mais), recomenda-se a combinação de psicoterapia e antidepressivos. 

Resultados 

Em termos de medicamentos, 21 antidepressivos demonstraram efeitos de pequenos a moderados em comparação com placebo. Entre os tratamentos farmacológicos, a fluoxetina mostrou um efeito menor (diferença média padronizada [DMP] de 0,23), enquanto a amitriptilina apresentou um efeito maior (DMP de 0,48). Quando a medicação inicial não é eficaz, as opções incluem mudar o antidepressivo, adicionar um segundo antidepressivo ou utilizar medicamentos não antidepressivos. 

Conclusão 

Tratamentos de primeira linha eficazes para a depressão incluem formas específicas de psicoterapia e mais de 20 medicamentos antidepressivos. O monitoramento próximo dos pacientes e atenção aos efeitos adversos e queixas específicas aumentam significativamente a probabilidade de sucesso do tratamento. 

Autoria

Foto de Maria Gerude

Maria Gerude

Residência Médica em psiquiatria pela Universidade Federal Fluminense. Médica pela Faculdade de Medicina Souza Marques. Especializando em Terapia Cognitivo Comportamental na Infância e Adolescência pelo Instituto CRIAP.

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Referências bibliográficas

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