O destaque do terceiro dia do congresso da American Thoracic Society (ATS 2022) foi para os riscos do uso indiscriminado dos cigarros eletrônicos. Além das formas agudas da doença, também já existem relatos de doenças crônicas associadas aos e-cigarettes.
Cigarros eletrônicos
Os cigarros eletrônicos são feitos em forma e gosto para crianças e adolescentes e possuem em sua formulação sais de nicotina que podem corresponder até cerca de 100 cigarros convencionais em uma hora de uso, além de atingir a concentração plasmática em minutos. Além da EVALI (doença pulmonar associada ao uso de vape) também já são relatados casos de bronquite crônica e sintomas respiratórios inespecíficos associados ao uso dos dispositivos, que podem evoluir para uma fase inflamatória e também com sinais de fibrose na tomografia.
Entre os padrões mais encontrados na tomografia de tórax estão a pneumonia em organização e o dano alveolar difuso. Já a análise histopatológica dos casos se assemelha a lesões por droga com toxicidade pulmonar. A adição de flavorizantes e umectantes favorecem ainda mais o surgimento de lesões pela inalação, sendo pouco mais frequentes no sexo feminino.
É crescente o número de usuários de cigarros eletrônicos, sobretudo em crianças, que já preocupa pediatras de todo o mundo. Cerca de 80% das crianças de 8 a 12 anos que usaram o vape utilizaram nicotina associada à maconha. A prevenção continua sendo o principal tratamento.
Mensagens práticas
- No Brasil, as sociedades médicas preparam um documento em conjunto para tentar proibir a liberação de cigarros eletrônicos pela Anvisa;
- Os líquidos inalados (conhecidos como pods), quando conhecidos, possuem inúmeras substâncias nocivas ao epitélio pulmonar, incluindo nicotina e aditivos;
- O cigarro eletrônico não deve ser indicado para cessação de tabagismo, sendo que os usuários apresentam cerca de três vezes mais risco de serem fumantes no futuro.
Veja mais do congresso:
- Uso de albuterol-budesonida combinado como terapia de resgate na asma
- Nova diretriz para manejo farmacológico da DPOC
- Inibidores de fosfodiesterase 4 para fibrose pulmonar idiopática
- Destaques da sessão Year in Review
- Novas diretrizes para o manejo da fibrose pulmonar idiopática
- Recomendações de screening de DPOC em pacientes tabagistas
- Podcast: nosso colunista presente no evento traz os highlights
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