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Pediatria9 março 2025

Pneumonia e poluição em crianças tailandesas 

A pneumonia consiste em uma das principais causas de hospitalizações e mortalidade entre crianças em todo o mundo.

Um estudo realizado em 2015 mostrou que a exposição de curto prazo à poluição do ar pode culminar em lesões nas vias respiratórias. Ademais, indivíduos expostos à poluição do ar por longos períodos apresentam maior risco de desenvolver doenças respiratórias graves. Infelizmente, são escassos os estudos sobre como a exposição a aerossóis impacta crianças com pneumonia, especialmente no que se refere a fatores ambientais que podem aumentar as taxas de hospitalização na população pediátrica.  

Na Tailândia, um estudo avaliou a correlação entre os componentes aerossóis da poluição do ar e as taxas de internação entre crianças com pneumonia. Os resultados foram publicados na Pediatric Pulmonology.  

Metodologia 

No período de 01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2019, foi conduzido um estudo observacional em que foram analisados dados de crianças hospitalizadas com idade inferior a 15 anos diagnosticadas com pneumonia na Tailândia. O objetivo era justamente determinar a relação entre poluição do ar e desfechos de saúde.  

Para os componentes aerossóis, foram utilizados dados da Modern-Era Retrospective Analysis for Research and Application versão 2 (MERRA-2), com ajuste para fatores demográficos e geográficos, por meio de modelos de regressão de Poisson.  

Leia também: Pneumonia polimicrobiana: o que devemos saber?

Resultados 

No período do estudo, 732.700 crianças foram internadas com pneumonia. A maioria das crianças era do sexo masculino (426.441 casos, 58,2%) e a maior parte das admissões ocorreu em crianças com menos de 5 anos (637.313 casos, 86,9%). 

A associação mais forte com a taxa de hospitalização por pneumonia em todas as faixas etárias foi o pó em suspensão. As razões de taxa de incidência foram: 

  • Para crianças com menos de 5 anos: 1,288 (intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 1,271–1,304, p < 0,001); 
  • Para crianças de 5 anos a menos de 10: 1,392 (IC 95%: 1,344–1,442, p < 0,001); 
  • Para crianças de 10 anos e menos de 15: 1,349 (IC 95%: 1,265–1,439, p < 0,001). 

Os pesquisadores também descreveram que a taxa de hospitalização por pneumonia aumentou em 13,8% para cada aumento de 1 μg/m³ nos níveis de poeira e em 21% para cada aumento de 1 μg/m³ de carbono negro.   

Conclusão 

Os achados apontaram a associação entre os constituintes do PM2,5 (partículas menores que 2,5 mícrons) e as hospitalizações por pneumonia na faixa etária pediátrica. Outro ponto que o artigo destaca diz respeito aos riscos de componentes como o carbono negro, o que pode permitir a implementação de medidas direcionadas para melhorar a saúde pública, combatendo a poluição do ar e protegendo populações vulneráveis, especialmente crianças, diante das mudanças ambientais globais. 

Saiba mais: A poluição do ar: Fator de risco na demência?

Comentário: poluição em crianças 

Segundo um recente relatório das Nações Unidas denominado State of Global Air (SoGA), o Brasil foi responsável por mais de 10% das exposições ao ozônio ambiental nos últimos dez anos. Ainda conforme o relatório, 465 crianças com menos de cinco anos morrem por dia no país em razão de doenças potencialmente causadas ou agravadas pela poluição atmosférica. O PM2,5 foi apontado como o preditor mais plausível e preciso nos desfechos de saúde precária globalmente.

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Referências bibliográficas

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