No último dia 13, o Departamento Científico de Aleitamento Materno (DCAM) da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu um comunicado, direcionado aos pediatras brasileiros, sobre amamentação e o novo coronavírus (SARS-CoV2, causador da Covid-19).
Neste documento, o DCAM da SBP se posicionou como favorável à amamentação em mães portadoras do Covid-19, caso este seja o desejo delas. Isso porque os principais artigos publicados sobre o tema indicam que os benefícios da amamentação são superiores aos riscos de transmissão do novo vírus, assim como ocorre em diversas outras viroses. Até o momento, não se sabe se as mães com Covid-19 podem transmitir o vírus através do leite materno.
Coronavírus e amamentação
Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, o leite materno é a melhor fonte de nutrição para a maioria dos bebês. No entanto, não se sabe muito sobre o novo coronavírus. O início ou a manutenção da amamentação deve ser determinado pela mãe em conjunto com sua família e profissionais de saúde. Uma mãe com Covid-19 confirmada ou sintomática suspeita deve tomar todas as precauções possíveis para evitar disseminar o vírus para o bebê, inclusive lavar as mãos antes de tocá-lo e usar uma máscara facial, se possível, enquanto estiver amamentando.
Além disso, ao ordenhar o leite materno com uma bomba manual ou elétrica, a mãe deve lavar as mãos antes de tocar em qualquer parte da bomba ou da mamadeira e seguir as recomendações para uma limpeza adequada da bomba após cada uso. Se possível, considerar que alguém que esteja bem dê o leite materno ordenhado ao bebê.
Leia também: Coronavírus: características de Covid-19 em pediatria, na China
O assunto, todavia, é bastante controverso. Em publicação no jornal The Lancet, de 3 de março, Favre e colaboradores haviam recomendado que os recém-nascidos de mães positivas para SARS-CoV-2 devem ser isolados por, pelo menos, 14 dias ou até que o derramamento viral desapareça, período durante o qual a amamentação direta não é aconselhada no artigo.
Os pesquisadores destacam que essas recomendações devem ser adaptadas às unidades de saúde locais, bem como em resposta a quaisquer atualizações adicionais sobre SARS-CoV2 e Covid-19.
Veja ainda: Whitebook: como tratar coronavírus na gravidez?
Conclusão
Diante da controvérsia, até que haja um consenso, o médico deve discutir caso a caso com as mães os prós e contras e ajudá-las a tomar uma decisão consentida.
Referências bibliográficas:
- DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE ALEITAMENTO MATERNO. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Aleitamento materno nos tempos de COVID-19! 2020. Disponível em: https://www.sbp.com.br/ Acesso em: 15 de março 2020
- CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Pregnancy & Breastfeeding. 2020. Disponível: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/prepare/pregnancy-breastfeeding.html?CDC_AA_refVal=https%3A%2F%2Fwww.cdc.gov%2Fcoronavirus%2F2019-ncov%2Fspecific-groups%2Fpregnancy-faq.html Acesso em: 15 de março 2020
- FAVRE, G. et al. Guidelines for pregnant women with suspected SARS-CoV-2 infection. Lancet Infect Dis 2020 http://dx.doi.org/10.1016/S1473-3099(20)30157-2
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.