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Infectologia24 julho 2024

IAS 2024: exposição ao HIV na infância e seus efeitos 

Neste artigo traremos informações de duas apresentações realizadas no congresso sobre a população pediátrica exposta ao vírus HIV

Durante o IAS 2024, tivemos a apresentação de trabalhos voltados para os efeitos da exposição ao vírus HIV na população pediátrica. Mesmo naqueles que não apresentam infecção, algumas evidências sugerem que crianças expostas ao HIV podem apresentar algumas alterações, incluindo maior risco de morbidade e mortalidade, resposta reduzida à vacinação e alteração na microbiota bacteriana intestinal. 

Vamos conferir os resultados de dois desses trabalhos que estudaram a população pediátrica exposta ao vírus HIV. 

IAS 2024: exposição ao HIV na infância e seus efeitos 

Imagem de freepik

Resposta imune à vacinação contra tétano 

O primeiro trabalho, apresentado pela Dra. Sophia Osawe, procurou avaliar o impacto da exposição ao HIV na resposta de crianças à vacinação com toxoide tetânico (TT). 

Nesse estudo conduzido na Nigéria, os pesquisadores documentaram as respostas imunológicas de crianças expostas, mas não infectadas pelo HIV, e de crianças não expostas, assim como de suas mães, à vacinação. Para isso, quantificaram os anticorpos totais IgG anti-TT a partir de amostras de plasma coletados do binômio mãe-bebê no momento do nascimento e das crianças na semana 15. 

No total, 200 gestantes e seus filhos foram incluídos no estudo, sendo 140 mulheres vivendo com HIV e 60 mulheres sem infecção pelo vírus. Fatores como média de idade materna, número de gestações, número de nascidos vivos e tipo de parto. 

Um total de 205 crianças foram incluídos no nascimento (144 expostos, mas não-infectados, e 61 não expostos) com diferenças estatisticamente significativas em peso, altura, e perímetro cefálico entre os grupos. 

As crianças expostas também apresentaram uma redução de 12% na mediana de títulos de anticorpos anti-TT transferidos de suas mães. As crianças não expostas mantiveram, de forma significativa, maiores títulos de anticorpos na semana 15 quando comparadas com as crianças expostas, tanto ao nascimento, quanto na semana 15. 

Esses resultados sugerem que crianças expostas ao HIV apresentam respostas imunes alteradas em comparação a crianças não expostas. Mais estudos são necessários para desenvolver estratégias que possam melhorar a capacidade de resposta nessas crianças e se esquemas vacinais especiais — com doses de reforço — são necessárias. 

Alterações na composição de leite materno e no viroma gastrointestinal de crianças 

Outro estudo, apresentado pelo Dr. Bryan Brown, avaliou o impacto que a exposição ao HIV pode causar no estabelecimento e composição do viroma gastrointestinal de crianças nascidas de mães vivendo com HIV. 

A análise foi feita a partir de uma coorte da África do Sul de mães infectadas pelo HIV e seus filhos expostos, mas não infectados, contabilizando 40 pares incluídos. Esses foram pareados de acordo com a idade materna com outros 40 pares de mães sem infecção pelo HIV e suas crianças. As populações bacterianas e virais foram analisadas a partir de amostras de fezes e leite maternos e das fezes das crianças nas primeiras 36 semanas de vida. Partículas virais purificadas foram submetidas a sequenciamento de DNA e RNA viral. As respostas vacinais foram avaliadas por meio de citometria de fluxo. 

Os resultados mostraram que o status materno de infecção pelo HIV esteve significativamente associado com a composição do leite materno e dos viromas gastrointestinais de sua prole. Em comparação com crianças não expostas, as crianças com exposição ao HIV apresentaram uma abundância relativa 11 vezes maior de bacteriófagos Bifidobacteria e uma redução de 24 vezes em Bifidobacteria na primeira semana de vida. A abundância de Bifidobacterium longum na primeira semana de via esteve associada à resposta posterior à vacinação com BCG. 

Os dados demonstram, portanto, que mães vivendo com HIV apresentam composições diferentes no viroma do leite materno. Ao mesmo tempo, o viroma gastrointestinal das crianças expostas, mas não infectadas pelo HIV também apresentou diferenças significativas em comparação com o de crianças não expostas. Esses resultados somam evidências de como a infecção materna pelo HIV pode afetar o viroma infantil e, com isso, a microbiota residente.  

Confira todos os destaques do congresso aqui! 

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