Segundo o novo estudo Co-infection and Other Clinical Characteristics of Covid-19 in Children de Wu e colaboradores divulgado no jornal Pediatrics da American Academy of Pediatrics, as coinfecções são comuns em crianças com a doença do novo coronavírus (Covid-19).
Coinfecção em crianças
Com o objetivo de determinar as características epidemiológicas e clínicas de pacientes pediátricos com Covid-19, os pesquisadores revisaram e analisaram dados de 20 de janeiro a 27 de fevereiro de 2020 de crianças com Covid-19 confirmada em laboratório, incluindo informações básicas, histórico epidemiológico, manifestações clínicas, achados laboratoriais e radiológicos, tratamento, desfecho e acompanhamento.
- Foram incluídos 74 pacientes pediátricos com Covid-19;
- Nenhuma das crianças no presente estudo teve uma doença crônica;
- Dos 68 casos cujos dados epidemiológicos estavam completos, 65 (65/68, 95,59%) eram contatos domiciliares de adultos cujos sintomas se desenvolveram mais cedo;
- Aproximadamente 27% das crianças eram assintomáticas. Seus casos foram geralmente descobertos após o diagnóstico de um membro da família;
- 32% das crianças tiveram infecção aguda do trato respiratório superior, 39% tiveram pneumonia leve, 1% apresentou pneumonia grave e nenhum paciente foi considerado crítico;
- Tosse (32,43%) e febre (27,03%) foram os sintomas predominantes de 44 (59,46%) pacientes sintomáticos no início da doença;
- Anormalidades na contagem de leucócitos foram encontradas em 23 (31,08%) crianças. Dez crianças (13,51%) apresentaram contagem anormal de linfócitos;
- Dos 34 (45,95%) pacientes que apresentaram resultados de testes de ácidos nucleicos para patógenos respiratórios comuns, 19 (51,35%) apresentaram coinfecção com outros patógenos que não o SARS-CoV-2. A coinfecção mais comum foi por Mycoplasma pneumoniae. Outras coinfecções detectadas foram por: vírus sincicial respiratório (3 – 15.8%), vírus Epstein-Barr (3 – 15.8%), citomegalovírus (3 – 15.8%) e Influenza A e B (1 – 5.3%);
- Dez (13,51%) crianças fizeram análise de RT-PCR para amostras fecais. Oito delas mostraram duração prolongada de RNA do SARS-CoV-2;
- A tomografia computadorizada de tórax encontrou alterações em um ou ambos os pulmões da metade dos pacientes pediátricos. A maioria não foi específica para infecção por SARS-CoV-2, enquanto os adultos geralmente têm áreas multifocais de sombras em vidro fosco e infiltração bilateral.
Os pesquisadores descreveram que o estudo apresentou as seguintes limitações:
- O rápido surto de Covid-19 e a falta de medidas específicas de contenção no estágio inicial causaram pânico na comunidade e nos hospitais, sendo assim, não foi possível coletar informações epidemiológicas completas de seis pacientes;
- Somente exames de sangue de rotina, bioquímica e biomarcadores para infecção, foram analisados neste estudo devido a diferentes padrões para testes laboratoriais entre os dois hospitais;
- Não foi possível medir as cargas virais ou detectar a presença de SARS-CoV-2 em swabs nasofaríngeos e amostras fecais de todos os pacientes;
- Foram analisados somente os patógenos respiratórios comuns em crianças que foram admitidas em hospitais durante a fase posterior do surto. Mas os pesquisadores acreditam que esses 74 casos com prontuários médicos completos durante o período de hospitalização e acompanhamento sejam bons representantes dos pacientes pediátricos da Covid-19 na China.
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Wu e colaboradores concluíram que a alta taxa de coinfecção em crianças destaca a importância da triagem de SARS-CoV-2, especialmente durante a alta temporada para resfriados, gripe e outras doenças respiratórias na faixa etária pediátrica.
Referências bibliográficas:
- Wu Q, Xing Y, Shi L, et al. Co-infection and other clinical characteristics of Covid-19 in children. Pediatrics. 2020; doi: 10.1542/peds.2020-0961
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