Bebês com bronquiolite submetidos à CNAF tiveram menos internações em UTIP 

Nos Estados Unidos, a maioria dos hospitais infantis adotou protocolos de tratamento de bronquiolite com o uso de cânula nasal de alto fluxo (CNAF) baseados no peso da criança para uso fora do ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP). No entanto, ainda não se sabe se esses protocolos baseados no peso estão associados à redução de internações em UTIP. Avaliar essa associação foi o objetivo do estudo Transition to Weight-Based High-Flow Nasal Cannula Use Outside of the ICU for Bronchiolitis, publicado no JAMA Network Open. 

Metodologia 

Foi conduzido um estudo de coorte multicêntrico e retrospectivo por meio de um método de série temporal interrompida controlada. Foram incluídos 18 hospitais pediátricos que fornecem dados ao banco de dados do Pediatric Health Information Systems database.  

Os pacientes incluídos foram lactentes de 0 a 24 meses internados com bronquiolite no período de 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2021. A análise dos dados ocorreu de julho de 2023 a janeiro de 2024. Os bebês participantes do estudo foram submetidos a uma mudança no hospital de um protocolo para CNAF que era usado somente em UTIP para um protocolo de CNAF baseado no peso para uso fora do ambiente de UTIP.  

Os dados para o grupo que seguia apenas o protocolo de UTI foram retirados de um levantamento publicado previamente.  

Resultados 

Dentre todos os pacientes da coorte (n = 86.046), 47.336 (idade média de 7,6 anos; 58,8% meninos) foram atendidos em dez hospitais que adotam um protocolo de CNAF somente para uso em UTIP, enquanto os outros 38.710 pacientes (idade média de 7,7 anos; 59% meninos) foram tratados em oito hospitais que utilizam um protocolo de CNAF fora da UTIP, baseado no peso. 

Embora a duração média das internações e as proporções de pacientes que utilizaram ventilação mecânica invasiva fossem parecidas nos dois grupos, os pesquisadores notaram uma redução anual de 6,1% nas internações em UTIP ao utilizar o protocolo de CNAF ajustado pelo peso em comparação ao protocolo exclusivo de UTIP. Adicionalmente, a aplicação de protocolos de CNAF ajustados pelo peso, em contraste com os protocolos de CNAF exclusivos de UTI, esteve vinculada a uma redução anual de 1,5% do uso de ventilação não invasiva (VNI) com pressão positiva e a um aumento imediato de 2,5% na utilização do CNAF. Por fim, não foram encontradas diferenças no tempo médio de internação ou na proporção de pacientes que receberam ventilação mecânica invasiva (VMI) entre os grupos. 

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Conclusão 

Os pesquisadores descreveram que estes resultados sugerem que a transição de protocolos de CNAF para uso somente na UTIP para protocolos de CNAF baseados no peso e fora do ambiente da UTIP está associada a taxas reduzidas de internação em cuidados intensivos pediátricos.  

Comentários sobre CNAF fora da UTIP 

Esse estudo fornece evidências importantes sobre a gestão de recursos hospitalares e a eficácia de protocolos adaptados para o uso de CNAF fora de ambientes de UTIP. Os resultados apontam para uma associação positiva entre a adoção de protocolos de CNAF baseados no peso e a redução nas internações em UTIP, sugerindo que tais protocolos podem ser eficazes para tratar pacientes de forma segura e eficiente fora do ambiente de alta vigilância. Esse achado é particularmente relevante em contextos de alta demanda por leitos de UTIP, onde a gestão eficiente dos recursos pode levar a uma melhor alocação de leitos críticos, potencialmente reduzindo custos e melhorando os desfechos gerais do tratamento.  

Ao permitir o tratamento em unidades menos intensivas sem comprometer a qualidade do cuidado, os protocolos baseados no peso para o uso de CNAF podem facilitar o manejo de casos menos críticos de forma mais flexível e com menos recursos. Além disso, essa transição para o uso de CNAF fora da UTIP pode contribuir para uma experiência menos estressante para os pacientes jovens e suas famílias, uma vez que as unidades fora da UTIP podem oferecer um ambiente mais tranquilo e menos restritivo. 

No entanto, é essencial que futuras pesquisas continuem a explorar os limites e as condições sob as quais esses protocolos podem ser aplicados de maneira segura, garantindo que não haja comprometimento na qualidade do atendimento ao paciente. Estudos adicionais devem também considerar a análise de custo-benefício dessas mudanças de protocolo, avaliando não apenas os impactos clínicos, mas também as implicações econômicas para os sistemas de saúde.

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