Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria6 novembro 2023

Alerta sobre uso de aspartame na população pediátrica

O aspartame é um adoçante artificial utilizado no mundo todo em mais de 6000 produtos, sendo aproximadamente 200 vezes mais doce que o açúcar.

Em 30 de outubro de 2023, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiu nota de alerta sobre o uso de aspartame na população pediátrica.

O Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental (gestão 2022-2024), responsável pelo aviso, se baseou em estudos recentes publicados em junho de 2023 por duas relevantes entidades: o International Agency for Research on Cancer (IARC), instituto de pesquisa independente e que aconselha, desde 1965, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Joint FAO\WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA) que consiste em um comitê de especialistas internacionais administrado pelo Food and Agriculture Organization (FAO) e pela OMS desde 1956. 

Veja também: Poliomielite e sua importância de prevenção

aspartame

O aspartame 

O aspartame é um adoçante artificial. No mundo todo, é muito utilizado em mais de 6000 produtos, incluindo refrigerantes e outras bebidasdiet”, gomas de mascar, pasta de dente e vitaminas mastigáveis, sendo aproximadamente 200 vezes mais doce que o açúcar. 

Em 1974, seu uso foi aprovado pelo órgão americano Food and Drug Administration (FDA). Em 1981, a JECFA estipulou a dose de 40mg/kg/dia como o limite recomendado para seu consumo (essa dose é compatível com cerca de 14 latas de refrigerantes sem açúcar).   

Classificação do aspartame de acordo com a IARC e a JECFA 

Em junho de 2023, a IARC classificou o aspartame como pertencente ao Grupo 2B, isto é, “possivelmente carcinogênico para humanos”. Segundo a IARC, o aspartame se encaixa na primeira categoria da classificação 2B e há evidências ainda inadequadas quanto à causalidade de câncer hepático em ratos e camundongos. Além disso, os fundamentos de possível efeito carcinogênico ainda são limitados. Por fim, ressalta que não há indícios de que o aspartame seja absorvido e provoque exposição sistêmica.

Para a JECFA, não foi possível determinar uma ligação entre surgimento de câncer e exposição ao aspartame em animais. No entanto, ambas as organizações estão de acordo que categorizar o aspartame como possivelmente carcinogênico possa encorajar a condução de novas pesquisas mais robustas, nas quais o papel do aspartame possa ser mais bem elucidado. 

Conclusão 

Em nota, a SBP mostra uma preocupação com a classificação do aspartame como possível carcinogênico e chama a atenção para encontrarmos opções mais seguras e diminuição do consumo desse adoçante. Por fim, nos alerta sobre a necessidade de se levar em consideração futuras evidências resultantes de pesquisas científicas.   

Leia ainda: Tipos de desidratação em crianças: você sabe manejar?

Comentários 

De fato, os adoçantes têm sido alvos de mais estudos na atualidade devido ao potencial risco cancerígeno, em especial o aspartame. A JECFA reafirmou ser seguro o consumo de uma dose de até 40 mg/kg/dia. No entanto, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não existe, até o momento, nenhuma alteração no perfil de segurança para o consumo do aspartame.

Além disso, a Anvisa enfatiza que seguirá acompanhando as atualizações acerca da temática e ressalta que não há novas recomendações aprovadas pela OMS. Por fim, opções de melhora das normas para menção aos adoçantes e a outros aditivos na lista de ingredientes de um produto vêm sendo tratadas pela Anvisa. 

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Pediatria