Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria11 maio 2025

Análise bibliométrica avalia fatores prognósticos e desfechos em crianças com LMA

Estudo buscou analisar o cenário global de pesquisa sobre prognóstico de LMA pediátrica, destacando componentes, colaborações e tendências

Em pediatria, a leucemia mieloide aguda (LMA) é um distúrbio hematológico maligno que se caracteriza pela proliferação clonal de precursores mieloides na medula óssea. Infelizmente, mesmo com inúmeros avanços no entendimento e tratamento da doença, a LMA continua sendo uma das principais causas de mortalidade relacionada ao câncer em pacientes pediátricos. Nas últimas décadas, o reconhecimento de marcadores moleculares e genéticos relevantes para o manejo terapêutico e para o prognóstico tem permitido o desenvolvimento de métodos bastante precisos de estratificação de risco e de terapias-alvo. Esses progressos têm melhorado significativamente os desfechos dos pacientes. Todavia, os casos refratários ao tratamento e as elevadas taxas de recaída ainda representam um enorme desafio em oncologia pediátrica. As dificuldades para as decisões terapêuticas e previsão de prognóstico são decorrentes da vasta heterogeneidade da LMA em crianças e, embora mutações, como FLT3-ITD, WT1, CEBPA e rearranjos de KMT2A sejam reconhecidas como marcadores prognósticos relevantes, ainda há lacunas remanescentes na compreensão de suas interações, da progressão da doença e da resistência ao tratamento.  

Recentemente, pesquisadores chineses analisaram o cenário global de pesquisa sobre prognóstico de LMA pediátrica, destacando componentes e colaborações influentes e identificando as principais tendências potenciais de pesquisa. Os resultados foram publicados no jornal Frontiers in Oncology 

Metodologia 

Artigos referentes a pesquisas em prognóstico de LMA pediátrica publicados de 1999 a 2023 foram recuperados do banco de dados Clarivate Analytics Web of Science Core Collection (WoSCC). As análises bibliométricas foram conduzidas por meio do Citespace (versão 6.3.R2) e do VOSviewer (versão 1.6.20). 

Resultados 

A análise bibliométrica incluiu 924 publicações. Os principais resultados foram: 

  • Instituições mais prolífica: St. Jude Children’s Research Hospital, Erasmus University Rotterdam e Children’s Oncology Group (COG); 
  • País líder global em termos de instituições, periódicos e autores: Estados Unidos; 
  • Autor com maior volume de publicações: Todd A. Alonzo (University of Southern California); 
  • Autor com maior número de citações: U. Creutzig (Estados Unidos); 
  • Artigo mais citado referente a pesquisas sobre o prognóstico da LMA: The molecular landscape of pediatric acute myeloid leukemia reveals recurrent structural alterations and agespecific mutational interactions (Bolouri et al. 
  • Principais categorias de pesquisa: Oncologia, Hematologia e Pediatria; 
  • Três jornais mais citados: Blood, Leukemia e Journal of Clinical Oncology; 
  • Principais tópicos de pesquisa: genômica, transcriptômica, epigenômica, terapias direcionadas, imunoterapia e abordagens diagnósticas integrativas. 

Análise bibliométrica avalia fatores prognósticos e desfechos em crianças com LMA

Imagem de freepik

Prognóstico 

As pesquisas referentes ao prognóstico da LMA em pediatria têm sido impulsionadas pela identificação de marcadores moleculares e genéticos que revolucionaram a estratificação de risco e o direcionamento do tratamento. Piores desfechos e maiores taxas de recaída estão associadas a alterações no gene KMT2A e mutações como FLT3-ITD (especialmente combinadas com WT1), o que exige tratamentos mais intensivos. Já as mutações em NPM1 permitem estratégias menos agressivas com maior sobrevida. Além disso, avanços como o mapeamento óptico do genoma e a integração de dados multiômicos com aprendizado de máquina têm aprimorado o diagnóstico, o monitoramento da doença residual mínima e a personalização do tratamento, sinalizando uma nova era de medicina de precisão na LMA pediátrica. 

Saiba mais: Idade do doador vs compatibilidade do HLA: o que importa mais no TMO alogênico?

Uma ferramenta prognóstica essencial na LMA em pediatria é a análise do perfil de expressão gênica, com a identificação de genes e fusões genéticas associadas ao risco de recaída e resistência terapêutica, impulsionando abordagens como o transplante precoce de células-tronco. Técnicas como citometria de fluxo, PCR em tempo real, sequenciamento de nova geração e análise espacial (ex.: NanoString GeoMx) aprofundaram a compreensão da heterogeneidade tumoral e da regulação gênica. Também se mostraram relevantes na estratificação de risco e no direcionamento terapêutico as modificações epigenéticas, como padrões de metilação do DNA e perfis de miRNA. Por fim, a integração de dados genômicos, transcriptômicos, epigenômicos e metabolômicos fortaleceu a medicina de precisão na LMA pediátrica, permitindo tratamentos mais personalizados, redução da toxicidade e melhorando os desfechos clínicos. 

Desfechos 

Na LMA, é fundamental alcançar a remissão completa, apesar de que 10 a 20% dos pacientes falham após a indução inicial, geralmente devido à alta carga leucêmica e perfis genéticos adversos. Para pacientes de alto risco ou em recaída, o transplante alogênico é usado, mas falhas e mortalidade relacionadas ao transplante ainda representam desafios. A recaída ocorre em 30 a 40% dos casos e está associada à doença residual mínima (um importante preditor de recaída e guia de terapias pós-remissão). Entretanto, apesar dos desafios, os avanços no tratamento elevaram as taxas de sobrevida livre de eventos (3 a 5 anos acima de 50% para grupos de alto risco) e de sobrevida global de 5 anos próximos a 70%, refletindo o sucesso de protocolos pediátricos mais precisos e individualizados.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Pediatria