Terapia de luz para prevenção e controle de miopia
O aumento da prevalência mundial de miopia acarretou a necessidade da implementação de estratégias para seu controle. Numerosos estudos transversais e longitudinais relataram uma associação significativa entre o aumento do tempo gasto ao ar livre e a redução da prevalência de miopia.
Algumas das características do exterior que podem proteger contra a miopia são o nível e as composições espectrais da luz do dia (ou seja, altos níveis de luz, ampla distribuição espectral e contendo comprimentos de onda de luz infravermelha [IR] e ultravioleta [UV]), que atualmente estão faltando na maioria dos ambientes internos, especialmente nas escolas.
Assim, as intervenções comportamentais para aumentar o tempo ao ar livre e o desenvolvimento de estratégias de terapia de luz que utilizam algumas das características da luz ao ar livre para tratar ou prevenir a miopia foram impulsionadas.
Métodos
Uma pesquisa sistemática da literatura foi realizada no PubMed, EMBASE, CINAHL, SCOPUS e Web of Science até 27 de janeiro de 2024. Os resultados de eficácia incluíram incidência de miopia e alterações no comprimento axial (AL), refração equivalente esférica (EE) e espessura coroidal (EC). Os resultados de segurança relacionados à saúde ou dano da retina e os resultados da implementação, incluindo taxas de conformidade e perda de acompanhamento, foram extraídos.
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Resultados
A análise incluiu 19 estudos: 13 sobre terapia com luz vermelha, 2 sobre luz violeta, 3 sobre exposição à luz ao ar livre e 1 sobre maior iluminação em sala de aula. A maioria dos estudos utilizou medidas de AL e EE para avaliar a eficácia na prevenção e controle da miopia.
Em estudos que usaram terapia de luz vermelha, ela foi usada em baixo nível, variando de 635 a 650 nm, 2 vezes ao dia, 5 a 7 dias por semana, por 3 minutos por sessão com intervalos de 4 horas. Apesar de ter sido eficaz no controle da miopia, a redução desse efeito pode ocorrer com o tempo, além do rebote após a interrupção do tratamento. Efeitos adversos foram mínimos e a adesão variou conforme as estratégias de monitoramento.
A terapia com luz violeta teve efeitos positivos em subgrupos específicos. O estudo de Mori et al. (2021) mostrou redução significativa no AL em crianças sem miopia prévia e com menos de 180 minutos de atividades próximas por dia. Torii et al. (2022) demonstraram que óculos emissores de luz UV (360–400 nm) reduziram significativamente o AL e o EE em crianças de 8 a 10 anos. Em ambos os estudos, não foram relatados efeitos adversos significativos, mas houve perdas de seguimento.
O estudo de Hua et al. (2015) avaliou o impacto do aumento da iluminação na sala de aula. Observou-se redução na prevalência de miopia entre crianças que não apresentavam o erro refracional antes da intervenção. No entanto, entre as míopes, a mudança no EE não foi significativa. Não foram avaliados desfechos de segurança.
A exposição à luz ao ar livre reduziu significativamente o AL e a incidência de miopia. O estudo de Wu et al. (2018) indicou que crianças não míopes expostas a mais de 200 minutos semanais de luz moderada (1000–5000 lux) apresentaram menor progressão da miopia, enquanto aquelas com menos tempo ao ar livre precisaram de exposições maiores (>10.000 lux) para resultar no mesmo efeito. Nenhum estudo relatou efeitos adversos e a adesão foi alta.
Discussão
A terapia com luz vermelha tem eficácia comprovada em reduzir a progressão da miopia, mas seu efeito a longo prazo e o possível efeito rebote requerem mais investigação. A segurança da terapia a longo prazo ainda não é totalmente compreendida e as estratégias de adesão precisam ser definidas. A luz violeta tem poucas evidências de eficácia, enquanto o aumento do tempo ao ar livre mostrou-se eficaz, mas com desafios de implementação em ambientes escolares.
Conclusão
Portanto, promover atividades ao ar livre é uma estratégia acessível e eficaz para prevenir a progressão para miopia, enquanto as outras estratégias necessitam de mais estudos para implementação.
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