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Oftalmologia15 agosto 2024

O que sabemos sobre crescimento ocular no adulto jovem míope?

Em geral, a miopia é a condição ocular quando a refração do equivalente esférico (SER) é ≤ -0,50 D em ambos os olhos.  
Por Juliana Rosa

A emetropia é quando o erro refrativo varia entre > -0,50D e +0,50 D na maioria dos estudos em adultos, enquanto hipermetropia 0,75 D, com limites maiores para escolares, pois a hipermetropia baixa é a regra em idades precoces. Em geral, a miopia é a condição ocular quando a refração do equivalente esférico (SER) é ≤ -0,50 D em ambos os olhos.  

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a miopia é classificada, com base no poder do SER, como Baixa > -3 D, Média -3 a – 5 D eAlta -5 D. Pacientes com alta miopia normalmente tem comprimento axial (AL) ≥ 26 mm e  correm maior risco de apresentar diminuição da acuidade visual na idade adulta como resultado de maculopatia miópica, descolamento de retina e glaucoma. O número de pessoas alta míopes no mundo foi estimado em 170 milhões (2,8%) em 2015. Há uma previsão alarmante de 1 bilhão (9,8%) em 2050.  

Os livros clássicos de oftalmologia mostram uma descrição do crescimento normal do olho por Sorsby e Larsen (1961 e 1971). Esses estudos estimaram que após uma década de alongamento nos primeiros anos de vida, ocorre uma desaceleração, com uma pressuposta estabilização do comprimento axial por volta dos 13-15 anos.   

O renomado Shih et al. estudo realizado em 2009, envolvendo mais de 11.000 crianças taiwanesas em idade escolar, estudo de Jones et al. de 2005 nos EUA, e estudo de Tideman et al conduzido em populações europeias em 2018, todos demonstraram um padrão de crescimento axial distinto em populações míopes antes e depois dos 13 anos de idade. Poucos estudos longitudinais tentaram avaliar o crescimento axial em adultos. Alguns deles tiveram crescimento axial miópico maior que o hipermétrope.  

Leia mais: Qual é a relação do comprimento axial do olho com o risco de desenvolver miopia?

Outros estudos não encontraram diferença significativa, embora tivessem tendência ao deslocamento da miopia.Existem alguns estudos que mostram a associação positiva entre miopia e nível de escolaridade. Como os estudantes universitários são um exemplo de população com altas demandas educacionais, especialmente em relação ao uso da visão de perto, um estudo publicado mês passado no jornal da sociedade europeia de medicina investigou a refração e as alterações nos parâmetros biométricos oculares durante dois anos em indivíduos adultos, representados por estudantes da faculdade de medicina do Centro Universitário de Várzea Grande, Várzea Grande, Brasil (UNIVAG-MT). 

Dos 128 universitários elegíveis nos primeiros exames, 89 completaram o seguimento de dois anos. A média de idade no início do estudo foi de 21,00± 1,92 anos, sendo que: 37 (41,57%) dos participantes eram do sexo masculino e 52 (59,43%) do sexo feminino. Em relação aos erros refrativos, 11 (12,36%) eram hipermétropes, 28 (31,46%) eram emétropes, 45 (50,56%) eram míopes e 5 (5,61%) eram altamente míopes. A média e o desvio padrão (DP) do SER, a profundidade da câmara anterior, a espessura da lente, o NA, as ceratometrias médias (Km) e as potências da lente total e em cada erro refrativo foram descritas. A média de horas diárias gastas em atividades ao ar livre foi de 1,36±0,8h. As atividades próximas foram em média 8,66±1,77h.   

Aproximadamente 42% dos míopes, 40% dos míopes altos, 3,6% dos emétropes e nenhum aluno hipermétrope tiveram um crescimento AL maior que 0,06mm/ ano. Houve pequenas diferenças na taxa de alteração do SER entre emétropes e míopes que não alcançaram significância estatística (p = 0,129), enquanto houve diferenças significativas no crescimento de AL entre esses grupos emétropes e míopes (p <0,001).  

Embora a lente tenha perdido mais potência em indivíduos míopes durante esse período de 2 anos, a diferença na perda de potência da lente não foi significativa quando comparada à dos emétropes (p=0,237). Curiosamente, o poder da lente foi mais alto no início ou no acompanhamento em hipermétropes e mais baixo em míopes altos (p<0,001). 

Veja também: Conscientização da miopia: O que sabemos sobre prevalências de miopia no Brasil?

Esse estudo demonstrou que os olhos míopes tiveram um impacto maior na AL e no poder do cristalino do que os olhos emetrópicos e hipermetrópicos durante um período de acompanhamento no início da idade adulta. Esse achado está de acordo com os resultados de alguns estudos longitudinais anteriores.   

Esse último estudo demonstrou que indivíduos emetrópicos continuam a apresentar algum crescimento ocular em uma idade média de 20 anos. No entanto, não houve miopização refrativa porque houve compensação com a diminuição do poder da lente. Não houve alteração na potência da lente entre os estudantes universitários, embora 92,40% deles fossem míopes.  

Oestudo utilizou a fórmula de Bennett e Rozema e a espessura da lente para calcular a potência da lente. A potência média da lente na população míope foi de 22,02±1,82 D, aproximadamente idêntica aos achados do estudo chinês (22,76 ± 1,60 D). O grupo míope desse estudo apresentou NA 0,08 mm maior que os estudantes emétropes e hipermétropes.  

O estudo de Shih et al. relatado em 2009 mostrou maior diferença (1,7 mm) entre míope e emétrope em populações adultas jovens. Curiosamente, a população emétrope teve quase os mesmos valores de AL mostrados para a população asiática citada.  

Nesse estudo, foi encontrado um elevado nível de proximidade ao trabalho (8,66 ± 1,77 h) de acordo com o questionário aplicado. Mesmo no início da idade adulta houve alguma compensação do crescimento ocular pela perda de potência da lente. Dados transversais indicaram que olhos míopes exibem menor poder de lente, uma condição provavelmente desenvolvida no início da vida que compensa em parte o maior alongamento axial encontrado em olhos míopes. Embora esse estudo tenha encontrado maior perda de poder de lente no acompanhamento em olhos míopes em comparação com emétropes, essa diferença não alcançou significância estatística. 

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