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Neurologia18 julho 2024

Síndrome de Parsonage Turner: como conduzir?

O diagnóstico da síndrome de Parsonage Turner é baseado na história clínica e no exame físico do paciente.
Por Danielle Calil

A síndrome de Parsonage Turner é conhecida por outros termos, como: amiotrofia neurálgica, neuropatia do plexo braquial idiopática, plexite braqueal ou mononeurite múltipla braquial.

É uma síndrome dolorosa com inflamação do plexo braquial ou pelo menos de 1 nervo periférico da cintura escapular ou do membro superior. Tende a ser mais comum em homens, com início dos sintomas entre os 20 e 60 anos. Ainda que na literatura haja taxa de incidência estimada de 1 a cada 1000 pessoas ao ano, há possibilidade dessa incidência ser maior considerando que a amiotrofia neurálgica é subdiagnosticada. A sua fisiopatologia não é bem estabelecida, embora haja indícios de contribuição de fatores imunológicos, mecânicos e genéticos.

Esse conteúdo irá revisitar os principais aspectos na condução da amiotrofia neurálgica.

Veja também: Neuralgia trigeminal: o que é?

Ilustração da Síndrome de Parsonage Turner

Imagem: Adobe Stock

Manifestações clínicas

A maioria dos casos se manifesta como dor intensa e incapacitante em ombro ou em membro superior nas primeiras horas, podendo durar entre 2 e 3 semanas.

Após horas ou dias do surgimento de dor, pode ocorrer paresia de determinados grupamentos musculares. Os grupamentos musculares acometidos irão variar de acordo com os nervos acometidos nessa condição, nos quais, os mais comuns relatados em literatura, são nervo torácico longo, nervo supraescapular e nervo dorsal da escápula. Vale ressaltar que outros nervos foram também descritos, ainda que menos prevalentes, como nervo musculocutâneo e nervo interósseo anterior.

Alguns pacientes podem também referir dormência em algumas áreas. Tais áreas podem seguir territórios de nervos, como: nervo axilar, território do nervo cutâneo anterior braquial lateral e território do nervo superficial radial.

Uma característica marcante da amiotrofia neurálgica é que o território responsável pela dor costuma ser diferente do território do nervo responsável pela paresia que, por sua vez, também é diferente do território dos sintomas sensitivos.

É doença com curso monofásico e, portanto, a evolução desses pacientes pode (ou não) ter um grau de recuperação ao longo dos meses.

Diagnóstico

O diagnóstico da síndrome de Parsonage Turner é baseado na história clínica e exame físico, ainda que outros diagnósticos diferenciais devam ser excluídos. Portanto, para sua confirmação, é necessário exames neurofisiológicos e de neuroimagem.

A partir da eletroneuromiografia, é possível localizar a lesão do nervo periférico e o grau de acometimento. Contudo, é importante ressaltar que, em fases agudas da doença (em torno de 1 a 3 semanas após início dos sintomas), o exame pode ser normal.

O exame de ressonância magnética (RM) contrastado com gadolíneo pode auxiliar a identificar sítios inflamatórios dos nervos envolvidos. Antes da confirmação de amiotrofia neurálgica, um exame de ressonância magnética da coluna e USG/RM de ombro são exames importantes para excluir outras causas ─ principalmente diagnósticos diferenciais como radiculopatias (causadas por estenose de canal medular ou hérnia de disco) e ruptura do manguito rotador.

Além disso, a neurografia por ressonância magnética é exame com alta resolução útil para detectar constrição de nervo em padrão ampulheta que pode ser encontrado em alguns subtipos de amiotrofia neurálgica.

Saiba mais: Abordagens no diagnóstico de epilepsia

Abordagem terapêutica

O tratamento usualmente inclui uma combinação de analgésicos, corticosteroides, imobilização e fisioterapia.

Em casos de diagnóstico de amiotrofia neurálgica após 1-2 meses do início dos sintomas, a dor geralmente já recrudesceu, de modo que a terapia sintomática pode ser suficiente. Contudo, em casos graves, o uso de opioides e de agentes como corticosteroides e imunoglobulina intravenosa podem ser considerados.

Para casos de fraqueza motora persistente, pode ser avaliado uso de procedimentos ortopédicos ou cirúrgicos compensatórios. Muitos autores recomendam aguardar pelo menos 3 meses para avaliar recuperação espontânea nesse período. Caso isso não ocorra, neurografia por ressonância magnética é recomendada, a fim de detectar possíveis constrições de nervo que podem sugerir opções cirúrgicas. Em circunstâncias de constrição de nervo abaixo de 75%, neurólise intrafascicular é recomendado; por outro lado, em casos de constrição de 75%, neurorrafia/enxerto é procedimento que pode ser considerado.

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Referências bibliográficas

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