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Neurologia9 junho 2025

Reversão de HIC por anticoagulante oral: andexanet versus complexo protrombínico 

Estudo buscou determinar a eficácia e a segurança do andexanet e dos concentrados de complexo de protrombina quando administrados após hemorragia intracraniana
Por Jesus Ventura

Os novos anticoagulantes orais são opção recorrente no tratamento de doenças relacionadas a tromboembolismos, como no caso da fibrilação atrial. Uma grande questão em relação ao seu uso envolve a ocorrência de hemorragias como efeito adverso, e a dificuldade em reverter tais sangramentos, quando ameaçadores de vida. Dentre essas opções, para reverter os anticoagulantes inibidores diretos de Xa (a saber, rivaroxabana e apixabana), podem ser utilizados os concentrados de complexo protrombínico, ou, mais recentemente aprovado pelo FDA, o Andexanet, antídoto que inibe a ação da rivaroxabana e apixabana, revertendo assim o efeito anticoagulante.  

Há eficácia e segurança no uso do Andexanet em relação aos concentrados de complexo protrombínico quando estamos diante de hemorragia intracraniana? Essa pergunta tenta ser respondida pelo estudo abaixo.   

O estudo  

Foi um estudo multicêntrico, retrospectivo e observacional, que analisou a reversão de hemorragia intracraniana nos pacientes em uso de rivaroxabana ou apixabana, utilizando Andexanet ou concentrado de complexo protrombínico. Para análise de sensibilidade, foram excluídos pacientes com escala de coma de Glasgow (ECG) menor que 7. Além disso, foram excluídos pacientes com hemorragias epidural e intraventricular.   

Foram avaliados 1.133 pacientes de 42 centros, incluídos 1096 para análise. A eficácia hemostática foi avaliada em 676 pacientes, com 87,8 % de eficácia no grupo que recebeu Andexanet e 81,8% no grupo que recebeu complexo protrombínico (odds ratio ajustado de 1,6). Já sobre a segurança, foi percebido maior índice de fenômenos trombóticos no grupo que recebeu Andexant (odds ratio ajustado de 1,91), porém quando foi aplicada análise de sensibilidade à coorte de segurança (excluídos os pacientes mais graves), os resultados foram semelhantes, o que pode sugerir um perfil de complicações mais relacionados a perfil de pacientes graves do que em relação ao tratamento. Apesar de demonstrar melhor eficácia em termos de reversão de anticoagulação, os dados evidenciaram maior risco de eventos trombóticos no grupo Andexanet.  

Cabe ressaltar que foi um estudo observacional, retrospectivo e não randomizado, o que torna as conclusões do estudo passíveis de discussão, sendo necessários ensaios clínicos prospectivos randomizados para assegurar a prática clínica e uso da medicação. Entretanto, o estudo reforça que o Andexanet é eficaz no controle de hemorragias, podendo ser uma opção nos sangramentos mais graves e necessidade de reversão mais rápida da anticoagulação. Seu uso deve ser feito com cautela, tendo em vista o risco de fenômenos trombóticos.   

Reversão de HIC por anticoagulante oral: andexanet versus complexo protrombínico 

Mensagens práticas  

  • O estudo aponta a eficácia do Andexanet como antídoto para hemorragias causadas por uso de anticoagulantes orais diretos 
  • Porém, evidencia o aumento das taxas de fenômenos trombóticos no grupo que utilizou tal droga; 
  • Estudos prospectivos que incluam grupos de pacientes mais graves e incluem análise de desfecho funcional e evolução pós hospitalar são necessários para garantir a segurança com uso da medicação; 
  • Diante de sua eficácia, em casos mais graves com necessidade de rápida reversão do sangramento, torna-se uma opção seu uso, equilibrando sempre a análise de seu potencial efeito colateral de eventos trombóticos. 

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