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Neurologia12 abril 2023

Novo tratamento para notalgia parestésica?

Estudo destaca que a difelikefalina reduziu a intensidade do prurido em pacientes com notalgia parestésica, mas apresentou alguns eventos adversos.

A notalgia parestésica é uma síndrome neurocutânea que envolve raízes posteriores sensitivas da medula espinhal, desencadeando crises pruriginosas que levam à coçadura e consequente hiperpigmentação.

A maioria dos estudos atribui uma polirradiculopatia torácica com compressão do nervo espinhal como a etiologia primária. Outros afirmam que o ângulo anatômico da penetração das fibras nervosas sensoriais através do músculo circundante é a causa.

A gabapentina, que tem como alvo o GABA, tem sido relatada como a medicação mais eficaz na redução do prurido.

Leia também: Trombólise intravenosa em pacientes em uso recente de novos anticoagulantes orais

Novo tratamento para notalgia parestésica

Estudo recente

Um novo estudo de fase 2 no New England Journal of Medicine destaca que a difelikefalina reduziu a intensidade do prurido em pacientes com notalgia parestésica, mas apresentou alguns eventos adversos.

A difelikefalina é um agonista seletivo do receptor opioide kappa que demonstrou eficácia no tratamento de prurido em outras condições. Foi aprovado em 2021 para uso intravenoso para prurido moderado a grave em adultos submetidos a hemodiálise, e estudos de fase 2 demonstraram sua eficácia como agente oral no tratamento de prurido em pacientes com doença renal crônica e dermatite atópica.

Métodos

Trata-se de um estudo duplo-cego, controlado por placebo, que incluiu 126 pacientes de 28 cidades na América do Norte inscritos entre fevereiro de 2021 e março de 2022. Os pacientes, com idades entre 18 e 80 anos, tinham pelo menos seis meses de história de coçadura crônica causado por notalgia parestésica e foram considerados candidatos à terapia sistêmica. No início do estudo, todos os pacientes apresentavam sintomas moderado a grave com uma pontuação de 5,0 ou superior na The Worst Itch Numeric Rating Scale (WI-NRS). No início do estudo, a pontuação média do WI-NRS foi de 7,6, indicando prurido intenso.

Os pacientes foram randomizados para difelikefalina 2 mg (n=62) ou placebo (n=63) e tratados duas vezes ao dia por oito semanas. Nenhum agente tópico que afete o prurido foi permitido. As pontuações variaram de zero a 10 (sem prurido a pior prurido). Os resultados secundários analisaram o sono e as medidas de qualidade de vida.

Resultados

Em oito semanas, os pacientes tratados com difelikefalina mostraram uma redução moderada, mas significativa, no prurido em comparação com os pacientes do grupo placebo (p = 0,001). Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos nas medidas de sono e qualidade de vida.

Os pacientes do grupo difelikefalina apresentaram mais eventos adversos – cefaleia, tontura, constipação e poliúria – do que o grupo placebo (56% contra 51%). Os eventos adversos relatados em ambos os grupos incluíram náusea e dor abdominal. Doze pacientes (19%) no grupo difelikefalina descontinuaram o tratamento, os motivos mais frequentes foram tonturas, náuseas e dor abdominal.

Saiba mais: Prurido como manifestação inicial de doença hematológica

Conclusão e mensagem prática

Segundo os autores, os resultados sugerem que a difelikefalina poderia ser usada para outras neuropatias com sintomas leves e um teste de fase 3 está em andamento. São necessários estudos maiores e mais longos para demonstrar ainda mais a segurança e a eficácia da difelikefalina nessa população de pacientes.

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Referências bibliográficas

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