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Terapia Intensiva25 março 2023

ISICEM 2023: Qualidade do sono em pacientes graves em UTI

O prof. Michael Reade falou durante o congresso internacional sobre a necessidade de dar atenção à qualidade do sono na terapia intensiva.

Por Filipe Amado

A qualidade do sono em pacientes graves internados em UTI precisa ser discutida. Tais pacientes experimentam interrupção do ritmo circadiano, provavelmente devido à ausência de “timekeepers” (fatores externos como o ciclo natural da luz e escuridão de determinado momento do dia) eficazes no ambiente da UTI. Além disso, a inflamação sistêmica também pode interromper a ritmicidade circadiana dos marcadores cronobiológicos.

O prof. Michael Reade discutiu esse tópico no ISICEM. Conhecemos o problema, mas, por vezes, é negligenciado em vários ambientes de terapia intensiva. Não é incomum conversar com pacientes e uma queixa frequente ser a alteração do sono. No entanto, não devemos nos acomodar e acreditar que apenas a terapia farmacológica resolverá tudo ou é a única opção. De acordo com o Prof. Reade, as medidas comportamentais e ambientais largam na frente no processo de otimização do sono em UTI, quando comparamos com as farmacológicas.

ISICEM 23: Aporte calórico e protéico para pacientes graves

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Esforços para melhorar o sono na UTI

Os esforços para melhorar o sono na UTI envolvem várias estratégias, como minimizar ruídos e luzes, ajustar horários de medicação (evitando, quando possível, horários no período do sono do paciente), fornecer protetores auriculares e máscaras para os olhos (sem evidência estatística mas pode ajudar) e promover a mobilidade e o exercício do paciente (principalmente ao longo do dia, aumentando a taxa de atividades nesse período). 

Outras intervenções incluem a implementação de protocolos para minimizar interrupções durante a noite, o uso de tecnologia para monitorar e gerenciar o sono e a incorporação de intervenções não farmacológicas, como musicoterapia e técnicas de relaxamento. 

Apesar desses esforços, melhorar o sono na UTI continua sendo um desafio devido à natureza complexa da doença grave e ao monitoramento e tratamento necessários que podem interromper o sono.

Quais as mensagens práticas?

  • Tente deixar os pacientes dormir
  • Fale menos!
  • Pense mais (reduza gradualmente os sedativos, aumente a atividade diurna…)
  • Evite benzodiazepínicos!
  • Evite anti-histamínicos sedativos!
  • Considere dexmedetomidina, amitriptilina, mirtazapina, trazodona levando em conta uma abordagem individualizada!

Autoria

Foto de Filipe Amado

Filipe Amado

Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)⦁ Clinical Research Fellowship in Intensive Care Medicine – Hôpital Erasme (Université Libre de Bruxelles) ⦁ Médico Rotineiro do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital São Domingos (São Luís-MA) ⦁ Presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Maranhão (SOTIMA/AMIB) - Biênio 2022/2023 ⦁ Social Media: @FilipeAmado

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