A chance de uma gestante ter um acidente vascular cerebral (AVC) é três vezes maior do que uma paciente que não está grávida. O período de maior risco de elas sofrerem essa patologia é no terceiro trimestre de gestação e nas seis primeiras semanas do puerpério. Durante essa fase devemos ficar ainda mais atentos, para não subestimarmos sinais clínicos de AVC e não demorarmos em iniciar a terapêutica adequada. A assistência multidisciplinar dessas pacientes diminui a morbimortalidade materna, por isso é essencial conhecermos sobre essa patologia e sabermos como agir frente a ela em uma gestante.
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Análise recentes
O departamento de neurologia de Harvard publicou na Obstetrics and Gynecology Clinics of North America, em março de 2021, uma revisão sistemática sobre a abordagem multidisciplinar das gestantes e puérperas com AVC. Nos últimos anos as mulheres passaram a engravidar mais tarde, de modo que aumentam as chances de gestar com alguma patologia, como hipertensão, diabetes, dislipidemia e obesidade, consequentemente isso aumenta o risco de complicações durante a gestação. O artigo reforça a importância desse tema, além de mostrar o beneficio de iniciar a terapêutica precocemente e com uma equipe multidisciplinar.
O AVC hemorrágico é o mais comum no período gestacional e do puerpério, sendo que as principais causas são eclâmpsia, síndrome vasoconstrição cerebral reversível, ruptura de má-formação arteriovenosa e aneurisma cerebral. Os principais fatores de risco para acidente vascular cerebral hemorrágico durante a gestação e puerpério incluem: idade avançada, descendência africana, cardiopatia congênita ou adquirida, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e cesariana.
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O AVC isquêmico está associado à cardiomiopatia periparto, encefalopatia posterior reversível, síndrome vasoconstrição cerebral reversível, trombose do seio venoso cerebral, embolia paradoxal devido forame oval patente e dissecção arterial cervical. A terapia com anticoagulação durante a gestação é segura e devem ser feitas no momento oportuno para segurança da gestante e do feto.
Mensagem final
Nem sempre temos uma equipe multidisciplinar ou leito em unidade de terapia intensiva nas maternidades brasileiras, por isso cada vez mais é importante sabermos fazer um diagnóstico precoce e saber iniciar a terapêutica adequada. E se possível encaminhar para um centro terciário para tratamento especializado, diminuindo a morbimortalidade materna e fetal.
Referências bibliográficas:
- Camargo EC, Singhal AB. Stroke in Pregnancy: A Multidisciplinary Approach, Obstetrics and Gynecology Clinics of North America. 2021 Mar;48(1):75-96. doi: 10.1016/j.ogc.2020.11.004.
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