A neuropatia ulnar pode surgir devido à compressão do nervo ulnar por estruturas osteoarticulares, no nível do cotovelo. Sintomas comuns relatados são dores e formigamentos em território de inervação, como 4º e 5º dedos da mão, formigamento em face medial do antebraço e, dependendo da gravidade, fraqueza e atrofia de musculatura flexora medial do punho. Para tal condição, existem modalidades de tratamento conservador ou cirúrgico.
No primeiro grupo encontram-se fisioterapia, educação quanto a posições a serem evitadas, uso de talas noturnas, injeções de corticoide ou dextrose. Costuma-se indicar tratamento conservador para casos leves a moderados. Sobre o tratamento cirúrgico, modalidades como descompressão simples do nervo ou transposição do nervo (subcutânea ou submuscular), além de modalidades de cirurgia aberta ou via endoscópica.
A indicação quanto ao tratamento ideal ainda apresenta controvérsias, sendo alvo de discussão de recente revisão quanto ao tema, apresentada abaixo.
O estudo
Revisão realizada pela Cochrane e publicada há poucos dias, incluiu 15 estudos, com 970 pacientes, utilizando como base de dados ensaios clínicos sobre tratamento conservador e cirúrgico para neuropatias ulnares no nível da articulação do cotovelo.
O desfecho primário foi a melhora na função de forma clinicamente relevante.
Outros desfechos avaliados foram mudanças no comprometimento neurológico, alterações em velocidade de condução, diâmetro do nervo, qualidade de vida e eventos adversos.
Notou-se que houve pouca ou nenhuma diferença em melhora funcional quando comparada à descompressão simples com as modalidades de transposição do nervo (nível de confiança baixo). Em termos de recuperação pós-cirúrgica, também houve pouca diferença na abordagem aberta ou endoscópica (nível de confiança moderada).
Um estudo evidenciou que, em casos graves, pode haver benefício em reinervação realizando estimulação elétrica pós-cirúrgica. Sobre as condutas conservadoras, as evidências são mais inferiores e mostram dúvida quanto à efetividade de injeção de corticoides. Um ensaio pequeno mostrou que injeções de dextrose podem reduzir a dor em evolução subsequente. Em casos leves, orientações quanto a posições e movimentos a serem evitados podem ser úteis na redução do desconforto.
Reforça-se que o grau dessas evidências foi moderado, baixo ou muito baixo, comprometendo a confiança dos autores em relação às evidências.
Mensagens práticas: abordagem da neuropatia ulnar
- Em casos leves a moderados costuma-se escolher abordagem conservadora;
- Quando optado pela abordagem cirúrgica, não há diferenças em resultado funcional quando utilizada descompressão aberta ou endoscópica, simples ou transposição;
- Entretanto, a transposição do nervo pode intercorrer com maiores taxas de infecções locais.
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