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Neurologia23 junho 2025

Abordagem da neuropatia compressiva do nervo ulnar no cotovelo 

Estudo buscou determinar a eficácia e a segurança do tratamento conservador e cirúrgico na neuropatia ulnar do cotovelo.
Por Jesus Ventura

A neuropatia ulnar pode surgir devido à compressão do nervo ulnar por estruturas osteoarticulares, no nível do cotovelo. Sintomas comuns relatados são dores e formigamentos em território de inervação, como 4º e 5º dedos da mão, formigamento em face medial do antebraço e, dependendo da gravidade, fraqueza e atrofia de musculatura flexora medial do punho.  Para tal condição, existem modalidades de tratamento conservador ou cirúrgico.   

No primeiro grupo encontram-se fisioterapia, educação quanto a posições a serem evitadas, uso de talas noturnas, injeções de corticoide ou dextrose. Costuma-se indicar tratamento conservador para casos leves a moderados. Sobre o tratamento cirúrgico, modalidades como descompressão simples do nervo ou transposição do nervo (subcutânea ou submuscular), além de modalidades de cirurgia aberta ou via endoscópica.  

A indicação quanto ao tratamento ideal ainda apresenta controvérsias, sendo alvo de discussão de recente revisão quanto ao tema, apresentada abaixo.  

O estudo  

Revisão realizada pela Cochrane e publicada há poucos dias, incluiu 15 estudos, com 970 pacientes, utilizando como base de dados ensaios clínicos sobre tratamento conservador e cirúrgico para neuropatias ulnares no nível da articulação do cotovelo  

O desfecho primário foi a melhora na função de forma clinicamente relevante.   

Outros desfechos avaliados foram mudanças no comprometimento neurológico, alterações em velocidade de condução, diâmetro do nervo, qualidade de vida e eventos adversos.  

Notou-se que houve pouca ou nenhuma diferença em melhora funcional quando comparada à descompressão simples com as modalidades de transposição do nervo (nível de confiança baixo). Em termos de recuperação pós-cirúrgica, também houve pouca diferença na abordagem aberta ou endoscópica (nível de confiança moderada).   

Um estudo evidenciou que, em casos graves, pode haver benefício em reinervação realizando estimulação elétrica pós-cirúrgica. Sobre as condutas conservadoras, as evidências são mais inferiores e mostram dúvida quanto à efetividade de injeção de corticoides. Um ensaio pequeno mostrou que injeções de dextrose podem reduzir a dor em evolução subsequente. Em casos leves, orientações quanto a posições e movimentos a serem evitados podem ser úteis na redução do desconforto.   

Reforça-se que o grau dessas evidências foi moderado, baixo ou muito baixo, comprometendo a confiança dos autores em relação às evidências.   

Abordagem da neuropatia compressiva do nervo ulnar no cotovelo 

Mensagens práticas: abordagem da neuropatia ulnar  

  • Em casos leves a moderados costuma-se escolher abordagem conservadora;  
  • Quando optado pela abordagem cirúrgica, não há diferenças em resultado funcional quando utilizada descompressão aberta ou endoscópica, simples ou transposição; 
  • Entretanto, a transposição do nervo pode intercorrer com maiores taxas de infecções locais.

Autoria

Foto de Jesus Ventura

Jesus Ventura

Médico graduado pela AFYA Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga em 2017. Neurologista formado no HCUFMG de 2018 a 2021. Neurologista assistente do IPSEMG. Professor na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais.

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