Logotipo Afya
Anúncio
Nefrologia11 setembro 2025

CPN 2025: Exercício extremo e risco renal 

Palestra durante o 23º Congresso Paulista de Nefrologia (CPN) tratou dos efeitos que competições extremas como Iron Man têm sobre a saúde renal.
Por Ester Ribeiro

O que um triatlo de longa distância pode ensinar sobre a função renal? Uma recente apresentação no Congresso Paulista de Nefrologia de 2025 (CPN 2025) chamou atenção para os efeitos agudos renais em competições de ultrarresistência.  

Dados do estudo 

O estudo, conduzido pelo Comitê Olímpico Brasileiro e apresentado por Gerliano Martins Nogueira, avaliou atletas em uma prova de meio-Iroman.  

Os resultados mostraram que atletas de triatlo apresentaram maior densidade urinária e proteinúria em 95% dos participantes, sendo 30% com níveis moderados (0,3 g/L) e 10% com níveis elevados (3 g/L). Embora a creatinina sérica não tenha sido medida, o padrão sugere injúria renal aguda (LRA), associada à desidratação, distúrbios hidroeletrolíticos e rabdomiólise. Comparativamente, atletas ocasionais, como praticantes de vôlei ou beach tênis, apresentaram menor impacto renal.  

CPN 2025: Pouco sabemos sobre o bom cuidado paliativo em nefrologia

A literatura científica reforça que exercícios de alta intensidade podem aumentar o risco de LRA, especialmente em situações de esforço extremo, calor ambiental elevado ou desidratação significativa. Elevações transitórias de biomarcadores de lesão tubular renal (NGAL, KIM-1, IGFBP7) e de creatinina sérica foram observadas em treinos intensos, incluindo CrossFit®, HIIT e exercícios de resistência. Casos de LRA geralmente são autolimitados em indivíduos sem comorbidades, mas a repetição de episódios de injúria renal levanta preocupações sobre efeitos cumulativos.  

Rabdomiólise induzida por esforço é um mecanismo crítico de LRA, pois a liberação de mioglobina e produtos de degradação muscular pode causar dano tubular. Eventos de ultrarresistência podem levar até 85% dos participantes a apresentar alterações laboratoriais compatíveis com LRA, especialmente quando há uso de anti-inflamatórios, hiponatremia ou hidratação inadequada. Por outro lado, exercícios de intensidade moderada e regularidade comprovada parecem exercer efeito protetor, modulando respostas inflamatórias e oxidativas, sem aumento do risco de LRA.  

Considerações e mensagem prática 

Em resumo, a mensagem é clara: a prática de exercícios físicos deve ser incentivada, mas com moderação e constância. Atenção especial deve ser dada à hidratação adequada e à prevenção de rabdomiólise, principalmente em situações de esforço extremo. A função renal pode ser preservada com planejamento inteligente do treinamento, evitando episódios agudos de lesão que, embora geralmente reversíveis, podem se acumular ao longo do tempo.

CPN 2025: GESF colapsante associada a neoplasia – Raro, mas catastrófico

Autoria

Foto de Ester Ribeiro

Ester Ribeiro

Graduada em Medicina pela PUC  de Campinas. Médica Nefrologista pelo Hospital Santa Marcelina de Itaquera. Título em Nefrologia pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Nefrologia