Necrópsia: conheça as principais técnicas tradicionais e a virtópsia
As técnicas de necrópsia tradicionais possuem vantagens e desvantagens, bem como aplicações distintas a depender do contexto.
As técnicas de necrópsia tradicionais possuem vantagens e desvantagens, bem como aplicações distintas a depender do contexto. Nessa modalidade, utilizam-se basicamente de instrumentos cirúrgicos associados a métodos de dissecção. Entretanto, na contemporaneidade as ciências forenses estão se aperfeiçoando e buscando incorporar métodos de imagem radiológica a investigação da causa mortis, de forma a trazer mais agilidade no processo de autópsia e ainda possibilitar que a reconstrução das imagens fique documentada, podendo ser revisada a qualquer tempo, mesmo após a inumação do corpo.
O termo virtópsia, ou autópsia virtual, incorporou a tomografia computadorizada e ressonância magnética no exame cadavérico agregando qualidade nas análises com auxílio da tecnologia.
Técnicas de necrópsia
As técnicas tradicionais de autópsia costumam ser variações das técnicas de Virchow, Ghon ou Letulle. O método de Rokitansky que utiliza a dissecção in sito dos órgãos não resistiu ao tempo. Pelo método de Virchow, todos os órgãos são retirados individualmente. Quando adotado o estudo dos órgãos pelo método de Ghon ou Letulle haverá a extração dor órgãos em blocos (cervicais, torácicos, abdominais e geniturinários separadamente) ou em monobloco (“em massa”). Todas as técnicas possuem limitações e vantagens próprias.
No método de Virchow, apesar de ser valioso para mostrar alterações patológicas sacrifica as relações anatômicas dos órgãos. De tal forma, o esclarecimento integral do caso pode ficar prejudicado. Diante de tal limitação do método de Virchow temos as técnicas de Ghon e Letulle, que preservam as relações anatômicas dos órgãos aos extirparem em monobloco. Todas os correspondentes anatômicos de drenagem linfática e vasculatura são preservados. A técnica de Letulle permite ainda que o corpo do cadáver seja preparado mais rapidamente para o funeral, devido ao menor número de dissecções nas cavidades do cadáver. Contudo, tais técnicas necessitam de maior tempo de dissecção na mesa de necropsia e são difíceis de serem realizadas por único médico.
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No método de Ghon, a retirada em blocos separados permite mais agilidade quando o procedimento for realizado por um médico. Algumas limitações inerentes a essa técnica contraindicam o seu uso em casos de, dissecção ou aneurismas de aorta e varizes ou neoplasias de esôfago. A técnica de Rokitansky tem como vantagem a análise dos órgãos in situ, condição que faz com que o tempo seja menor.
Nos Institutos Médico Legais (IML) a técnica de Virchow é a mais comum. A técnica de Letulle e Ghon é mais utilizada nas necropsias clínicas. Independente da técnica a ser utilizada a inspeção externa é um passo comum e consiste em observar os itens identificação, inspeção e palpação. A identificação do paciente geralmente encontra-se no hálux e deve ser checada com a autorização de autopsia. Revisar o caso antes do início do procedimento ajuda na escolha da melhor abordagem. Deve-se estar preparado para mudar a técnica a qualquer momento, dependendo dos achados encontrados no caso. Além de proceder o adequado encaminhamento ao IML quando observar lesões suspeitas de morte não natural.
Novas formas de necrópsia
Internacionalmente, alguns grupos são pioneiros em novas formas de necropsia. No Brasil o projeto Plataforma de Imagens na Sala de Autópsia (PISA), é um projeto de incorporação a nível internacional e com parcerias de diversos países. Na atualidade, o Serviço de Verificação de Óbitos da Capital (São Paulo) realiza cerca de 14.000 autopsias por ano, número que faz com que o Brasil seja o país que mais realiza autopsias no mundo.
Essa iniciativa liga os departamentos de Patologia e Radiologia da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e uma das linhas de pesquisa desenvolvidas consiste na realização de autopsia minimamente invasiva. Para isso, conta com um aparelho de ressonância magnética de 7T, sendo desenvolvidas várias pesquisas como exemplo a linha de estudos em autopsia minimamente invasiva.
Com a tomografia computadorizada é possível obter imagens digitais com secção transversal a partir de projeções radiográficas transaxiais. Posteriormente, pode ser realizada a reconstrução em 2D ou 3D. A Tomografia Multislice é de especial serventia em estudos antropológicos. A reestruturação óssea permite a determinação da idade utilizando-se da mensuração óssea em diferentes ângulos. Ademais, permite a análise detalhada de fraturas, presença de reação vital, reconstrução das lesões, coleções aéreas provenientes de eventos embólicos, identificação de enfisema subcutâneo de natureza traumática, dentre outros.
A Micro-TC auxilia ainda na vinculação de padrões de lesão óssea ao instrumento vulnerante utilizado para agressão, por exemplo: facas.
Para explanar lesões de partes moles a ressonância magnética é superior e consegue distinguir etiologias traumáticas e não traumáticas. De forma valorosa cumpre a função de detalhar em dimensões tridimensionais as sequelas balísticas na trajetória que o projétil segue no organismo.
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Virtópsia
A virtópsia compõem-se de técnicas e tecnologias multidisciplinares que combinam a medicina legal com: patologia, computação gráfica, biomecânica e física. Existem muitas críticas aos novos métodos e além do alto custo, alguns especialistas não se põem favoráveis a substituição da visão humana sobre as estruturas para a realização dos diagnósticos em autopsia.
Todavia, a incorporação de novas tecnologias na área médica é uma realidade e caberá aos profissionais médicos a aceitação da inserção de novas práticas nas salas de autopsia.
Referências bibliográficas:
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- Plataforma de imagens na sala de autópsia – PISA. Disponível em: http://www.fm.usp.br/cpesq/pesquisa-na-fmusp/areas-de-pesquisa-em-destaque
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