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Medicina de Emergência7 novembro 2018

ATLS 10: veja novidades sobre trauma torácico na avaliação primária

O trauma torácico é um dos capítulos mais importantes no ATLS 10 pois as estruturas nobres aí presentes se lesionadas podem causar a morte rapidamente.

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O trauma na região torácica é um dos capítulos mais importantes no ATLS 10 pois as estruturas nobres aí presentes – coração, pulmão e grandes vasos – podem, se lesionadas, causar a morte rapidamente. O trauma mais comum é a fratura costal e o mais temido a ruptura de aorta ou cardíaca, causando morte iminente. Cerca de 10% dos traumas contusos e 20-30% dos penetrantes necessitam de cirurgia. Para os demais, um clínico emergencista é o suficiente.

O ATLS organiza a avaliação do trauma em duas abordagens: a primária, baseada no exame clínico, cujo objetivo é identificar e corrigir lesões de risco imediato à vida; e a secundária, para avaliações também urgentes, mas nas quais há tempo para exames complementares ajudarem. Uma ideia bem interessante do ATLS é que muitos desses conceitos se aplicam a eventos adversos da emergência e terapia intensiva, como o pneumotórax pós-punção, e por isso todo médico que dá plantão deve conhecer.

Leia mais: ATLS 10: conheça novidades na abordagem do trauma pélvico

A prioridade da fase primária é manter a oxigenação, o que requer uma via aérea patente, por onde o ar entra, a capacidade de troca gasosa e transporte do oxigênio aos tecidos.

A sequência da avaliação primária é:

  • Via aérea
  • Respiração (e oxigenação)
  • Circulação

Na tabela abaixo organizamos o que você deve estar atento e o que fazer em cada cenário:

AvaliaçãoDoença ou LesãoPistasConduta
Airway
Obstrução Vias Aéreas
EstridorAspiração vias aéreas
Luxação cabeça clavicularRetirada de corpo estranho com Magil
Voz rouca ou abafadaIntubação orotraqueal
Enfisema subcutâneo
Lesão Árvore Traqueobrônquica
É mais comum numa distância de até 2,5 cm da carinaA intubação não é eficaz, a não ser que seja seletiva, bypassando a lesão
Relacionada com grande força de desaceleração (batida de carro e/ou queda de grande altura)É indicada cirurgia imediata
Hemoptise
Pneumotórax
Enfisema subcutâneo
Piora após intubação
Fuga aérea pelo dreno pleural
Respiração
Choque circulatórioSe eFAST à mão pode usá-lo para confirmar
Turgência jugularNa dúvida, trate como se houvesse! Não perca tempo!
Desvio traqueia para lado opostoDrenagem: a edição 2018 recomenda o jelco no quinto espaço intercostal, um pouco anterior à linha axilar média. É praticamente o mesmo local onde depois será colocado o dreno pleural.
Murmúrio abolidoSe não houver agulha ou isso não for suficiente, abra a pleura com o dedo!!
Percussão com hipersonoridade
Pneumotórax Aberto Não-HipertensivoAs mesmas dicas cima, mas predomina a insuficiência respiratória em detrimento do choque circulatórioFaça curativo para tapar o orifício. Este curativo deve ter a forma quadrada mas você só oclui/prende com fita três lados, deixando um para o tórax “respirar”.
Respiratório e Circulatório
Hemotórax
Choque circulatórioRessuscitação volêmica
Jugular “murcha” (está hipovolêmico!)Drenagem pleural.
Desvio traqueia para lado opostoCirurgia se > 1500 ml ou > 200 ml/hora por 2 a 4 horas
Murmúrio abolido
Percussão maciça
Circulatório
Tamponamento Cardíaco
Turgência jugularFAST ajuda muito no diagnóstico e para guiar pericardiocentese.
Bulhas hipofonéticas
Choque circulatório
Sinal Kussmaul (turgência jugular aumenta com inspiração)
Parada Cardíaca (PCR)
O ritmo mais comum é a atividade elétrica sem pulsoNa dúvida, o ATLS recomenda considerar drenagem pleural bilateral às cegas e toracotomia para massagem cardíaca aberta!
As causas subjacentes mais comuns são pneumotórax, hemotórax, tamponamento e choque hemorrágico.Considere interromper esforços após 30 minutos de RCP, desde que a temperatura corporal esteja > 33ºC.

Outra dica: não confie na ausência de cianose. Ela pode ser manifestação tardia, já com parada iminente. A avaliação do trauma torácico, em especial na região esternoclavicular e cervical, pode necessitar da abertura e/ou retirada do colar cervical. Neste caso, lembre-se de manter a posição da cabeça segurando-a pelos lados.

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