Na segunda pesquisa realizada pelo Portal PEBMED sobre Covid-19, profissionais de saúde responderam se estão trabalhando fora de sua área de especialidade devido à doença e qual é a maior dificuldade no combate ao coronavírus.
Dos mais de 3 mil participantes, cerca de 64% afirmaram que não estão atuando fora da área de especialização. Sobre as dificuldades encontradas na pandemia, 47% apontaram que o maior obstáculo é não ter um protocolo de tratamento bem definido. O segundo maior problema, segundo eles, é o isolamento de amigos e familiares.
Além das questões anteriores, os médicos disseram, também, se prescreveram medicamentos para a terapêutica da Covid-19. Quase 50% afirmaram ter receitado algum remédio, como:
- Hidroxicloroquina (17%);
- Ivermectina (14%);
- Heparina (12%);
- Outros (6%).
Novas diretrizes para Covid-19
A pesquisa foi respondida durante as duas última semanas de maio. Recentemente, porém, as Sociedades Brasileiras de Infectologia (SBI), de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) divulgaram diretrizes para o tratamento farmacológico da Covid-19.
Segundo o consenso, a recomendação foi feita através do sistema GRADE e as formas clínicas da doença foram divididas por tipo de infecção (assintomática e pré-sintomática, leve, moderada, grave e crítica).
Sobre o uso da hidroxicloroquina, especificamente, após a realização da pesquisa, houve a suspensão dos estudos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a paralisação do uso pela Food and Drug Administration (FDA). Mas no Brasil, o fármaco ainda é autorizado pelo Ministério da Saúde, que recomenda um protocolo que considere a gravidade e o tempo de evolução do paciente para indicar a medicação.
A pesquisa online foi respondida por vários profissionais: cerca de 47% médicos, 22% outros profissionais de saúde, 15% enfermeiros e 11% auxiliares, técnicos ou estudantes de enfermagem.
Leia também: Covid-19: Alerta da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre o uso de dexametasona
Tratamento é obstáculo
De acordo com a pesquisa realizada pelo Portal PEBMED, o maior obstáculo enfrentado pelos profissionais de saúde é a falta de protocolo de tratamento bem definido.
Seja pelos vários sintomas que a Covid-19 apresenta ou pela falta de um medicamento eficaz, a doença traz muitos desafios para quem trabalha na linha de frente.
Apenas no último mês foram divulgados resultados preliminares um pouco mais animadores: um ensaio clínico randomizado com dexametasona, realizado pelo grupo RECOVERY (Randomised Evaluation of Covid-19 Therapy).
Nele, o uso de dexametasona em baixas doses (6 mg por via oral ou parenteral), por dez dias, diminuiu a mortalidade em 1/3 dos doentes em ventilação mecânica e 1/5 de pacientes com oxigenioterapia não invasiva. Com base nos resultados, uma morte seria prevenida a cada oito doentes graves com ventilação mecânica ou em 25 pacientes com necessidade de oxigenioterapia.
Porém, ainda não existem dados científicos suficientes para apoiar a recomendação no uso dessa ou de qualquer outra droga. Diante desse cenário, o surgimento de uma vacina é a esperança para o controle da Covid-19.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.