Atenção! Este artigo descreve o protocolo do Ministério da Saúde para Covid-19 elaborado em maio de 2020. Em julho de 2021, o Ministério anunciou a ineficácia do conhecido como “kit Covid”. Saiba mais aqui.
Como noticiamos ontem, 20 de maio de 2020, o Ministério da Saúde lançou as orientações nacionais para o tratamento medicamentoso precoce de pacientes com Covid-19. O documento versa principalmente sobre a prescrição das associações hidroxicloroquina + azitromicina ou cloroquina + azitromicina para pacientes não só com casos graves, mas também com casos considerados moderados e leves.
Protocolo Covid-19
O protocolo considera a gravidade e o tempo de evolução do paciente para recomendar o uso de terapia medicamentosa. Assim, classifica a evolução da doença em três fases, sendo a fase 1 do 1° ao 5° dia, a fase 2 do 6° ao 14° dia e a fase 3 a partir do 14° dia. Em relação à gravidade, classifica os quadros em leves, moderados ou graves de acordo com os sinais e sintomas apresentados.
Classificação | Sinais e sintomas |
Sinais e sintomas leves | Anosmia, ageusia, coriza, diarreia, dor abdominal, febre, mialgia, tosse, fadiga, cefaleia |
Sinais e sintomas moderados | Tosse persistente + febre persistente diária OU Tosse persistente + piora progressiva de outro sintoma relacionado à Covid-19 (adinamia, prostração, hiporexia, diarreia) OU Pelo menos 1 sintoma acima + presença de fator de risco |
Sinais de gravidade | Síndrome Respiratória Aguda Grave – síndrome gripal que apresente:
Dispneia/desconforto respiratório |
Segundo a nota, orienta-se o uso da associação de hidroxicloroquina/cloroquina com azitromicina em pacientes com Covid-19 com sinais e sintomas leves e moderados que se apresentam nas fases 1 e 2 da doença, ou seja, até o 14° dia de sintomas. Para pacientes com casos graves, orienta-se o uso de hidroxicloroquina e azitromicina, independente do tempo de sintomas.
Leia também: Hidroxicloroquina para Covid-19: estudo randomizado não mostra benefício
Além disso, há algumas orientações adicionais sobre outras medidas farmacológicas que vêm sendo estudadas. Assim, o documento orienta considerar o uso de corticoides e de anticoagulação profilática em pacientes hospitalizados com sinais ou sintomas respiratórios (oximetria menor do que 95% ou na presença de qualquer sinal respiratório).
Para doentes com casos moderados e graves graves, o médico assistente é orientado a considerar, além de anticoagulação, o uso de imunoglobulina humana e, para casos graves, pulsoterapia com corticoide. Lembrando que, antes do pulso de corticoide, deve ser administrada ivermectina para profilaxia de estrongiloidíase disseminada.
Pacientes adultos | Fase 1 (1° ao 5° dia) | Fase 2 (6° ao 14° dia) | Fase 3 (após o 14° dia) |
Sinais e sintomas leves | Cloroquina: D1 450 mg, 12/12h D2 a D5 450 mg, 1x/diaOUSulfato de hidroxicloroquina: D1 400 mg, 12/12h D2 a D5 400 mg, 1x/dia + Azitromicina: 500 mg, 1x/dia, por 5 dias | Prescrever medicamento sintomático | |
Sinais e sintomas moderados |
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Cloroquina: D1 450 mg, 12/12h D2 a D5 450 mg, 1x/diaOUSulfato de hidroxicloroquina: D1 400 mg, 12/12h D2 a D5 400 mg, 1x/dia + Azitromicina: 500 mg, 1x/dia, por 5 dias | |||
Sinais de gravidade |
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Sulfato de hidroxicloroquina: D1 400 mg, 12/12h D2 a D5 400 mg, 1x/dia+Azitromicina: 500 mg, 1x/dia, por 5 dias |
É importante destacar que o uso das medicações está condicionado à avaliação médica, com realização de anamnese, exame físico e exames complementares. Nos pontos iniciais, é citado que a prescrição de todo e qualquer medicamento é prerrogativa do médico e que o tratamento do paciente com Covid-19 deve ser baseado na autonomia do médico e na valorização da relação médico-paciente, com o objetivo de oferecer o melhor tratamento disponível no momento.
A prescrição de hidroxicloroquina/cloroquina e azitromicina nesse contexto ainda está condicionada à anuência do paciente, com assinatura de termo de consentimento. Atenção também deve ser dada as contraindicações e interações medicamentosas:
Hidroxicloroquina | Cloroquina | |
Contraindicações | Gravidez, retinopatia/maculopatia por hidroxicloroquina, hipersensibilidade ao fármaco, miastenia gravis | – Hipersensibilidade ao fármaco, insuficiência renal grave
– Usar com cautela em pacientes com doenças cardíacas, hepáticas ou renais, hematoporfiria e doenças mentais |
Interações medicamentosas | – Amiodarona e flecainida (não coadministrar)
– Interação moderada: digoxina (monitorar), ivabradina e propafenona, dabigatran (reduzir dose para 110 mg), edoxabana (reduzir dose para 30 mg) – Interação leve: verapamil (reduzir dose) e ranolazina | – Evitar associação com clorpromazina, clindamicina, estreptomicina, gentamicina, heparina, indometacina, tiroxina, isoaniazida e digitálicos
– Atenção para uso concomitante com outros medicamentos que prolongam intervalo QT, como quinolonas e macrolídeos |
Observações | – Em crianças, priorizar hidroxicloroquina pelo risco de toxicidade da cloroquina
– Sem necessidade de ajuste na insuficiência hepática; ajuste na insuficiência renal somente com clearance < 15 mL/min | – Mais tóxica do que a hidroxicloroquina
– Também deve-se ter cautela com o uso em pacientes com porfiria cutânea tardia, psoríase e outras condições dermatológicas esfoliativas e deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase – Necessita de ajuste na insuficiência renal |
Leia também: Associações médicas se manifestam contra o uso da hidroxicloroquina na Covid-19
Outros pontos destacados são:
- Considera-se como exames complementares relevantes nos casos de Covid-19:
Hemograma completo | Troponina, CK-MB |
TAP e PTT | Vitamina D |
PCR (de preferência ultrassensível) | RT-PCR SARS-CoV-2 |
TGO, TGP, GGT | Sorologia ELISA IgM e IgG para SARS-CoV-2 |
Ureia, Cr, Na, K, Mg, Ca | Teste molecular rápido para coronavírus |
Glicemia | ECG |
Ferritina, D-dímero, LDH | TC de tórax |
- Para pacientes hospitalizados, observar e iniciar tratamento precoce para pneumonia nosocomial, conforme os protocolos das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar locais.
- Nos pacientes com deficiência ou presunção de deficiência de vitamina D, considerar prescrição de reposição.
- Investigar e tratar anemia.
- Em pacientes adultos, considerar a administração de sulfato de zinco concomitantemente à hidroxicloroquina/cloroquina + azitromicina.
- Monitorar o uso de anticoagulantes
- Realizar monitoramento com ECG. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda a realização de ECG no primeiro, terceiro e quinto dias de tratamento com hidroxicloroquina/cloroquina e azitromicina.
Atenção! Este artigo descreve o protocolo do Ministério da Saúde para Covid-19 elaborado em maio de 2020. Em julho de 2021 o Ministério anunciou a ineficácia do conhecido como “kit Covid”. Saiba mais aqui.
Referências bibliográficas:
- Ministério da Saúde. ORIENTAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PRECOCE DE PACIENTES COM DIAGNÓSTICO DA COVID-19. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/manejo-clinico-e-tratamento
- Fiocruz. NOTA TÉCNICA Orientações sobre o uso da Cloroquina para tratamento de pacientes infectados com SARS-CoV-2, agente etiológico da Covid-19. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/documento/orientacoes-sobre-o-uso-da-cloroquina-para-tratamento-de-pacientes-infectados-com-sars-cov
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